Quarta-feira, 4 de outubro de 2000
Inconformado, Colasuonno vai ao TRE
Ex-prefeito, que perdeu mais de 50 mil votos de uma eleição para outra, acredita na possibilidade de falhas na contagem eletrônica de votos
Descontente com o resultado da votação que o eliminou da Câmara Municipal, o vereador Miguel Colasuonno (PMDB), um dos defensores do prefeito Celso Pitta (PTN), tentou organizar ontem outros parlamentares que perderam o pleito para recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP).
Prefeito biônico em 1973, Colasuonno também comandou a Embratur de 1979 a 1984 e presidiu a Câmara Municipal em 1994. Mesmo com uma das campanhas mais caras desta eleição a vereador, ele perdeu mais de 50 mil votos da eleição de 96 para esta, na qual obteve 10.456 votos. "Não pode ser possível uma queda dessas", lamenta-se.
"Vou pedir revisão dos meus votos, porque tenho muitas dúvidas do que ocorreu", afirmou, chamando o processo eleitoral de "caixa preta misteriosa". "Para mim, a urna não está sendo confiável." Ele afirmou ter levantamentos de um instituto chamado Data Kirsten, em "14 pontos específicos", que apontaram uma marca de 60 a 80 mil votos. "São provas estatísticas."
O vereador peemedebista não descartou a possibilidade de pedir a verificação judicial da contagem de votos. "Mesmo que o instituto tivesse uma margem de erro de 50%, não seria possível eu ter apenas 10 mil votos."
Caso a recontagem confirme mesmo a derrota nas urnas, Colasuonno prometeu conformar-se. "Terei de aceitar e vou tocar a minha vida", afirma.
Empresário do ramo de papelaria, o vereador pretende intensificar suas "atividades externas". "Vou voltar a fazer seminários, pois não estava tendo mais tempo."
Mesmo que a eleição acabe afastando-o da Câmara, Colasuonno planeja encontrar um meio de continuar mantendo vínculos com a Casa Legislativa.
"Quero aumentar a minha participação dentro do meu partido, conhecê-lo melhor", diz o ex-pepebista. "Pretendo ainda colaborar com meus colegas vereadores em tudo que for preciso."
Desesperados Outros vereadores se reuniram com Colasuonno à tarde, mas a maioria desisitiu de tentar o recurso junto ao TRE. "Pela análise que fiz, só seria cabível se houvesse votos para vereadores que não existem ou diferença entre votação e população da cidade", disse Ana Maria Quadros (PSDB).
Alan Lopes (PTB) disse ter desistido da idéia, e não se mostrou muito empolgado. "Na Cidade Ademar, muitas pessoas me disseram que várias urnas quebraram, não mostrando minha foto e número, e é uma área em que tenho boa votação."
Carmino Pepe (PL) deve buscar uma solução inusitada. "Vou tentar fazer um abaixo-assinado com as pessoas que votaram em mim, reconhecido em firma. Se conseguir ultrapassar a votação que me foi atribuída (cerca de 14 mil votos), o problema é do tribunal", afirmou. Éder Jofre também informou estudar a medida.
Outros dos presentes à reunião, como Archibaldo Zancra, Maria Helena e Luiz Paschoal, ambos do PL, e Emílio Meneghini (PPB), não foram localizados para confirmar se entrarão com recurso.
O TRE informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não iria se manifestar sobre o assunto e que o vereador tem direito de entrar com o recurso.
Colasuonno também afirmou que, se for citado novamente pela candidata à Prefeitura Marta Suplicy (PT), deve acioná-la judicialmente. "Ela não tem boa alma. Espero que ela se comporte de agora em diante." Segundo o vereador, Marta teria dito: "Foi muito bom que o Colasuonno tenha perdido, com isso se desmonta mais um pilar do malufismo."
"Como candidata, Marta não deveria tripudiar sobre o que é perder", disse ele.
Leandro Cipoloni e Roberto Fonseca
http://www.jt.com.br/editorias/2000/10/04/pol205.html
PAULO GUSTAVO SAMPAIO ANDRADE
Teresina - Piaui
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