Amigo Paulo Gustavo, quem fala é o jornalista com 20 anos de experiência em
redações grandes do Rio de Janeiro e mais quase 10 anos pelas quebradas desta
dificil vida profissional. Os jornais não falam na urna eletronica porque a
"voz do patrão" é a que manda. Brizola falou em fraude eletronica nas duas
semanas finais da campanha eleitoral aqui do Rio de Janeiro, descreveu em
detalhes como ela pode ser feita, cobrou a impugnação e o indeferimento do
mandado de segurança no TSE e sabe qual foi a reação média dos jornalistas
cariocas: de enfado. Tinham ordens de seus chefes de reportagem, editores, e
prepostos do patrão em geral, para ignorar o assunto. Rarissimas exceções
ocorreram, foi o que saiu no JB e no Correio Braziliense. A mídia, no Brasil, é
controlada por 12 famílias e é reflexo do sistema de poder que domina o Brasil
e os brasileiros. O Governo federal, de FHC, gastou milhões em publicidade
institucional nos jornais do Rio de Janeiro, neste período pré-eleitoral.
Quando a campanha começou, os jornais estavam trabalhando normalmente. O Globo
nos negava espaço, o JB abria algum, a Tribuna falava bastante, O Dia
repercutia tudo o que interessava ao Palácio Guanabara. Quer dizer, o "normal".
A medida em que a campanha avançou, com a intervenção dos governos federal,
estadual e municipal - via publicidade - na mídia, a coisa começou a ficar
preta. Um exemplo: o maior evento deste primeiro turno aqui no Rio de Janeiro
foi uma marcha que o PDT realizou na praia de Copacabana, que juntou cerca de 5
mil pessoas. Pois o JB do dia seguinte não escreveu uma única linha sobre o
fato que, com certeza, era notícia na cobertura de campanha. Nenhuma linha. E
pior: deu manchete com uma visita que a Benedita realizou a Mangueira,
acompanhada de 10 assessores se tanto, e estampou imensa, na página, uma foto
da Benedita atravessando uma poça de esgoto numa pinguela de tábua. A mesma
foto saiu com destaque no Globo, no Dia, no Povo e na Tribuna da Imprensa. Já a
manifestação em Copacabana, num lindo dia de Sol, mereceu três linhas no Globo,
com uma foto do Brizola aos 78 anos andando de bicicleta na Avenida Atlântica;
uma pequena notícia na Tribuna da Imprensa, com foto da bicicleta também; e
outra nota no jornal O Dia. Detalhe: o jornal O Povo informou em um pé de
página, que uma manifestação do PDT, em Copacabana, fechou a ciclovia. É, a
ciclovia, e não a Avenida Atläntica, como ocorreu./ As televisões, por outro
lado, desconheceram a campanha eleitoral. Se restringiram a divulgar as
pesquisas e os seus resultados manipulados - para induzir o eleitorado, tocá-lo
como gado, para o curral que os interessava - segundo turno com Cesar e Conde -
os dois candidatos da direita, que a gente que estava nas ruas pedindo voto não
via nunca essa "preferência" indicada pelas pesquisas. A Benedita, do PT, foi
usada e se deixou usar o tempo todo, ganhando espaços generosíssimos da mídia -
e excelentes índices nas pesquisas - para que a sua candidatura ocupasse o
lugar da "esquerda" que tradicionalmente sempre foi a força política mais forte
do Rio de Janeiro. E Brizola começou a disputa, segundo as pesquisas, com 8% da
preferência dos eleitores, "chegou" a 10% em determinado momento, "encerrou"
com 8%. Por isso, amigo Paulo Gustavo, quando você pergunta se a mídia não
divulga a nossa discussão sobre a urna eletronica por falta de interesse ou
desinformação eu digo: pelas duas coisas e principalmente pela determinação
férrea de seus donos de não dar espaço para esta discussão. Afinal o Brasil
deles, o Brasil onde só a direita ganha, é exatamente o Brasil que eles sempre
sonharam. Povo ganhar eleição? Chama a segurança! Para que eles, elite que
domina o Brasil desde 1964, continue a dominar. E que o povo e gentinha como
nós, listeiros, que falamos em democracia e direitos do cidadão, fique em seu
devido lugar. No gueto. O mundo globalizado é deles, aproveitadores das
migalhas que caem do banquete onde os grandes interesses internacionais
destrincham o Brasil./ E a mídia é o grande instrumento que essa turma dispõe
para, desinformando permanentemente a população, manter o domínio da elite
sobre os brasileiros - jamais permitindo que nosso povo defenda, de verdade, os
seus verdadeiros interesses e a sua soberania. Somos um país ocupado, invadido
e espoliado - com a ajuda dos barões da mídia./ É por isso, Paulo Gustavo, que
dou imenso valor a cada pequeno espaço que conseguimos para divulgar a nossa
luta contra as máquinas de opinar. Estamos subindo a correnteza do rio - mas de
baixo para cima numa grande e caudalosa cachoeira - esta é a realidade. O
importante é que subimos, apesar de tudo! O Brasil começa a despertar o que
afirmamos há anos nesta lista, com certeza./ Brizola disse ontem a noite, na
reunião do diretorio regional do PDT aqui do Rio, que não temos candidato neste
segundo turno aqui do Rio de Janeiro (agora de manhã a Globo, mentirosamente,
afirmou que apoiamos César Maia); e reiterou que neste momento o combate aa
urna eletronica é a grande bandeira de luta do PDT para 2002. Segundo Brizola,
o Brasil precisa passar por uma nova Revolução de 30, esta sem armas, para que
a vontade eleitoral do povo brasileiro seja respeitada. O PDT quer eleições
limpas e transparentes. Seria bom se o Lula ajudasse - tranformasse a luta
contra a fraude eleitoral numa grande bandeira do PT. Abraço grande, Paulo e
parabéns pelo belíssimo trabalho que está fazendo - ligado que está no que
acontece no Brasil inteiro relacionado as máquinas de opinar, como as batizou o
nosso Aristóteles - também ligadíssimo neste momento especial que vivemos.
Paulo Gustavo Sampaio Andrade wrote:
> Depois de tanta confusao por causa das urnas eletronicas, sera' que ainda
> nao deu um "estalo" na cabeca de nenhum jornalista de procurar ouvir o
> outro lado, falar com algum "hacker" conhecido para saber quais seriam os
> pontos vulneraveis da eleicao eletronica?
> Ou de entrar na internet e procurar pelas palavras chave "Voto eletrônico"?
> Mesmo com toda a mídia que foi feita em cima do assunto pelo Brizola,
> parece que o assunto não é com eles. Limitam-se a falar das balbúrdias e
> ouvir o TRE "garantir" que não houve fraude.
> Era pra ser até capa de revista, mas fica por isso mesmo.
> Será falta de informação ou de interesse?
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