Araçoiaba da Serra

Juiz é acusado de ter sido conivente com fraude
Terca-Feira, 17 Outubro de 2000, 04h07

O desembargador José Cardinale, da Corregedoria do Tribunal Regional 
Eleitoral (TRE), vai receber hoje representação contra o juiz Maurício 
Valala, da 294.ª zona eleitoral, comarca de Sorocaba. A reclamação foi 
feita pelo presidente da coligação Juntos por Araçoiaba, o vice-prefeito de 
Araçoiaba da Serra, Gilberto Silvana de Oliveira. Ele diz que o juiz foi 
“ineficiente” em apurar as irregularidades que ocorreram no primeiro turno, 
dia 1.º. O município fica a 112 quilômetros de São Paulo. “Se ele tivesse 
sido eficiente, teria anulado a eleição”, afirmou.

A principal irregularidade verificada no pleito foi o fato de que nas 31 
urnas eletrônicas da cidade não constava o nome dos oito candidatos a 
vereador do PT do B, nem o número do partido. “Quando o eleitor digitava o 
70, aparecia na tela a informação que o número não existia”, disse 
Oliveira. “Se o eleitor insistisse, o voto era anulado.”

O problema foi constatado logo na manhã das eleições, às 7h30, e comunicado 
imediatamente aos presidentes das mesas eleitorais. “Mesmo assim, a falha 
foi lavrada em ata somente às 13 horas”, lamentou o presidente da 
coligação, formada por PSDB, PPB, PL, PSDC, PPS e PT do B.

Segundo ele, as cédulas oficiais e as urnas de lona, que deveriam estar no 
município desde o começo da eleição, só chegaram a Araçoiaba às 16 horas. 
“Além disso, houve quebra do sigilo eleitoral”, garantiu o político. 
“Presidentes e mesários foram aconselhados pelo juiz a sugerir para as 
pessoas que iriam votar em candidatos do PT do B que esperassem até as 16h30.”

Urna de lona – Para Oliveira, ainda há outra irregularidade. Os eleitores 
da coligação votaram para prefeito na urna eletrônica e para vereador na 
urna de lona. “Depois de mais de meia hora, os presidentes das mesas 
perceberam que poderia haver duplicidade de voto e as cédulas foram 
invalidadas”, explicou. “Com isso, os candidatos e a legenda do nosso 
partido não receberam nenhum voto”, reclamou.

De acordo com Oliveira, o Ministério Público Estadual (MPE) apurou que o 
total de votos computados foi superior ao número de eleitores da cidade. 
“Em Araçoiaba existem 16.042 eleitores, mas votaram 16.255”, disse. “Mesmo 
assim, a eleição não foi anulada.”

A coligação Juntos por Araçoiaba e o Ministério Público Estadual entraram 
com três pedidos de investigação e anulação da eleição, mas o juiz Valala 
indeferiu todos. Os integrantes da coligação não querem apenas a anulação 
do pleito para vereador, mas também para prefeito, embora o candidato do 
PMDB, Jair Ferreira Duarte, tenha sido eleito com 44,67% dos votos, na 
disputa que tinha outros três candidatos.

Ridículo – “A tentativa de anular as eleições é ridícula”, reagiu Duarte. 
“Realmente, houve falha na confecção do cartão que levaria as informações 
dos candidatos e da legenda do PT do B, impedindo seus eleitores de 
votarem.” O prefeito eleito, no entanto, diz que não é caso para invalidar 
o pleito. “Tentar anular a eleição para os cargos majoritários é muita 
idiotice, pois ganhei por uma diferença de dois mil votos.”

Ele entende até que o TRE poderia anular a disputa para vereador. Nem isso, 
porém, ele acredita que vai ocorrer. “A participação do PT do B no 
município é insignificante e, por isso, os votos que por ventura seus 
candidatos recebessem não modificariam o panorama”, disse o prefeito 
eleito. “Na eleição passada, a legenda recebeu apenas 50 votos.”

Oliveira acredita que o fato de Duarte ter vencido com uma diferença de 
dois mil votos pode representar outra irregularidade. “Na história das 
eleições do município, nunca um candidato venceu com uma diferença absurda 
dessas, afirmou o vice-prefeito. “Na eleição passada, o candidato a 
prefeito ganhou por pouco mais de 20 votos.”

O Estado de S. Paulo

http://www.terra.com.br/eleicoes2000/noticias/2000/10/17/004.htm

PAULO GUSTAVO SAMPAIO ANDRADE
Teresina - Piaui
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