Comissão: 5 funcionários do Senado
participaram da violação do painel
Antônia Márcia Vale
BRASÍLIA - A comissão de Inquérito, que investigou a fraude do painel
de votação do Senado, interrogou 25 servidores da Casa e concluiu que
cinco estiveram diretamente ligados no processo. Agora, eles sofrerão
processo administrativo. O responsável é o senado Carlos Wilson (PPS-PE).
A situação não é fácil, o próprio senador demonstra temor de que, ao
final, apenas os que receberam a ordem sejam punidos. ’Da minha parte
começa o trabalho mais penoso, que é a dos funcionários. Todo mundo me
pergunta: Será que essa corda vai estourar na mão dos mais fracos?’,
indaga o parlamentar.
A adulteração do painel do Senado Federal, que permitiu a impressão da
lista com a forma de voto de cada senador, na sessão que cassou o mandato
de Luiz Estevão (PMDB-DF), foi feita poucas horas antes da votação.
De acordo com o relatório da Comissão de Inquérito, que investigou a
adulteração do sistema de votação do Senado, cinco funcionários da Casa
estiveram diretamente envolvidos. O cronograma da fraude mostra que a ação
começou na noite de 27 de junho.
Em seu depoimento, então diretora do Serviço de Processamento de Dados
do Senado (Prodasen), Regina Célia Borges declarou que, por volta das 20h
deste dia, recebeu ’determinação superior’ para obter, no dia seguinte, a
lista com a ’qualidade dos votos da sessão secreta de cassação do senador
Luiz Estevão’.
Após receber a ordem, Regina Borges - junto com seu marido Ivar Alves
Ferreira, analista de sistemas do Prodasen - procurou Heitor Ledur, o
operador responsável pelo funcionamento do painel no dia seguinte. Um
outro funcionário, Hermilo Gomes da Nóbrega, foi indicado por Heitor para
informar como poderia ser realizada a operação desejada.
Foi por intermédio de Hermilo que Regina soube que a modificação só
poderia ser feita por quem conhecesse o código-fonte do sistema, ou seja,
a chave que permite a manipulação de dados. Hermilo indicou, então, um
funcionário da empresa responsável pela manutenção do sistema, a Panavídeo
Ltda.
Na manhã do dia 28, Ivar Ferreira e o programador Sebastião Gazolla
Costa Jr., da Panavídeo, fizeram a adulteração. A mudança permitiu que o
voto do parlamentar ficasse gravado na memória e pudesse ser impresso. A
alteração foi desfeita dois dias depois, mas deixou rastros.
Política
[14:06] [18/04/2001]
