Tereza Cruvinel no "Globo" de hoje, na coluna Panorama Político. 6/07/2001 Por que não as regras? Já que todos querem discutir sucessão presidencial, assunto que rivaliza no noticiário com a disparada do dólar e a crise de energia, bem poderiam os interessados debater, enquanto é tempo, as regras que regerão o pleito do ano que vem. Isso interessa mais ao eleitor do que os balões de ensaio. Há muitas perguntas no ar, não claramente formuladas porque costumamos pensar nelas quando já não é possível mudar nada. Mas temos tempo até outubro para tratar pelo menos dos aspectos que a experiência passada recomendou aperfeiçoar. A reeleição vai permanecer e sem necessidade de afastamento do cargo, tema que o Senado rejeitou no segundo turno depois de aprová-lo no primeiro. Mas a captação de recursos, continuará correndo frouxa como em 1998? Ou será possível votar ainda o financiamento público de campanhas, como desejam o presidente da Câmara, Aécio Neves, e outros defensores do sistema? Para isso, é preciso buscar logo um acordo com a equipe econômica, pois tal receita não foi prevista na LDO. Mas ainda temos o Orçamento de 2002. E qualquer que seja a origem do dinheiro, será criado algum novo controle das contas de campanha para evitar o caixa dois? Até agora não se falou disso, apesar das muitas denúncias sobre a campanha passada. E o horário eleitoral, nenhuma mudança? Continuará vigorando a inócua proibição do uso de cenas externas do candidato, prevalecendo as gravações arrumadinhas no estúdio? Mas o principal diz respeito ao uso da urna eletrônica. Ela foi aprovada no quesito eficiência na eleição municipal de 2000, mas deixou dúvidas quanto ao item segurança. Muitas foram as denúncias de voto rejeitado ou duplicado para vereador. A recontagem ainda não é possível, a não ser com alterações no software. Há projetos nesse sentido, como o de Roberto Requião no Senado e o de Jorge Bittar na Câmara. Iniciativas individuais, que ainda não despertaram o interesse dos líderes e dos cardeais, sem o que as coisas não andam no Congresso. Certamente há mais coisas que precisam ser discutidas, talvez modificadas. O TSE vai fazendo sua parte. Cancelou os títulos de 1,95 milhão de eleitores que deixaram de votar nos últimos três pleitos. Acabará ficando com a tarefa de regulamentar a eleição.FH aproveita o espaço do recesso: na terça-feira sancionará o esperado Estatuto das Cidades, projeto do senador Pompeu de Souza, aprovado dez anos depois. __________________________________________________ Pagina, Jornal e Forum do Voto Eletronico http://www.votoseguro.org __________________________________________________