Gente, Laerte Braga é um velho jornalista, amigo e petista como o
Evandro Oliveira, que promoveu em junho último um encontro em Juiz de
Fora de internautas. E ofereceu uma maravilhosa feijoada e uma torta de
morando fantástica porque, além do encontro, era também o seu
aniversário. Fiz questão de ir a Juiz de Fora, e o Evandro também esteve
lá porque já era conhecido do Laerte. Foi muito boa a convivência e a
conversa lá, e eu e Evandro falamos,  muito, sobre as urnas eletronicas.
Laerte é um jornalista rapidissímo na pena. Experiente e vivido, é super
amigo de João Pedro Stédile e da banda boa do PT. Eu o conheci na lista
politica br, através dos seus escritos, esta lista que o nosso Paulo
Gustavo está frequentando agora. E enviei, como Paulo, muitos emails
para lá para ajudar o pessoal - basicamente gente do PT, um o outro do
PDT, outros de outros partidos - e muitos provocadores baratos de
direita - a se informar sobre a questão das urnas. Fiz questão de ir a
Juiz de Fora pelo mesmo motivo. Conversar com pessoas que achava que
valia a pena (e como valeu) sobre urnas.   Pois gente, neste artigo aqui
- um dos muitos do Laerte para a internet, constato que a questão da
urna está entre as suas preocupações. E fico super feliz porque Laerte é
um escriba maravilhoso e a nossa luta ganha, muito, com a sua presença,
determinação e clareza política.



                                      A TURMA DA FRAUDE

*Laerte Braga

A perspectiva de fraude na apuração dos resultados das eleições do
próximo ano não pode ser deixada de lado. É muito simples de entender
isso: para que as eleições ocorressem, como gostam de afirmar os sábios,
"sob a égide
da transparência", seria preciso que o software da urna eletrônica fosse
aberto. Ou seja, passível de controle e aferição dos votos apurados.

Imagine que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral é Nelson Jobim,
um sujeito sem nenhum escrúpulo, o tal que designado ministro do STF -
ex Supremo, atual Subalterno Tribunal Federal -, assumiu o cargo
declarando-se "líder
do governo na Corte". Ou seja, não teve um mínimo de vergonha em
admitir-se sem vergonha.

O tal ministro vem rejeitando, sistematicamente, todas as propostas que
permitam um controle dos votos dados na urna eletrônica, que afastem as
possibilidades de fraudes. Do alto de sua falta de caráter garante que
as urnas são
seguras, lógico, para eles, para o resultado que desejarem.

O programa que foi instalado nas ditas cujas urnas é controlado em sua
ponta final por uma empresa privada. Ou seja: por mais que os ministros
e principalmente Nelson Jobim declare que o processo é seguro, na melhor
das
hipóteses, fica a dúvida.

Um outro aspecto sério e pertinente é que não estamos diante de um
governo preocupado com democracia, com manifestação livre da vontade do
povo, nada disso. Estamos diante de bandidos, quadrilhas, que
apossaram-se do
Estado brasileiro, venderam tudo o que podiam, levaram boas propinas e
querem continuar a qualquer preço, até pela conjuntura de nação que
virou entreposto do capital estrangeira, província do império
norte-americano.

Presumir e afirmar que as eleições podem a vir a ser uma fraude não é
nem destempero e nem é rejeição ao método
eletrônico de votação. É apenas a certeza que a turma que está no poder
faz o que for preciso, vender a mãe por exemplo, para lá continuar.

E não se trata como costumam dizer que atraso ou de repúdio a urna
eletrônica, indiscutivelmente uma conquista que, paradoxalmente, se
adotado um software aberto, como dizem estudiosos de renome e caráter, é
um sistema
seguro, eficiente e capaz de permitir apuração rápida dos votos.

Trata-se de conhecer os bandidos que governam o Brasil e ter convicção
que, para vencer eleições fazem o diabo. Ou não foi Sérgio Motta quem
disse que "vamos ficar no poder por 20 anos".

Roberto Campos, quando da candidatura Paulo Maluf a presidente, em 1984,
contra Tancredo Neves, ainda no Colégio Eleitoral, aconselhou o dito
candidato, a investir 100 milhões de dólares na compra de deputados,
senadores
(o que não é muito difícil) pois "a presidência, por quatro anos,
representa um ganho de no mínimo dez vezes isso".

Esse fato, à época, foi comentado na imprensa, lembro-me do "Informe
JB", por exemplo. Maluf não conseguiu comprar a turma que queria, entre
outras razões por ser um idiota até para isso. O episódio envolvendo o
deputado
Juruna, que levou o dinheiro e descoberto tirou onda de vítima frustrou
os planos de Maluf. Claro, outras razões determinaram a derrota do
"estuprar pode matar não". Mas esse fato foi relevante e teria mudado o
curso do
processo, o próprio Tancredo estava apavorado com essa possibilidade.

Para completar a história o maior partido de oposição, o PT, pela
maioria do seu comando, a direita do partido, resolve pedir ao TSE que o
processo de votação para escolha dos seus dirigentes nacionais,
estaduais e municipais,
se dê por urnas eletrônicas. Jobim, que não é bobo, topou. O PT vai
coonestar com a fraude anunciada para 2002. Na santa inocência, ou
cumplicidade, dá aval a um esquema suspeito.

Essa convicção de que a fraude será uma realidade amplia-se, agora, com
a revelação que os órgãos de segurança da ditadura militar continuam
intactos, ainda que sob novos formatos, até hoje procurando comunista
debaixo da
cama. Quem cuida do esquema, no governo, é, exatamente, o general
Cardoso, versão "democrática" do general Medeiros, último chefe do SNI -
Serviço Nacional de Informações -.

O Congresso dos Estados Unidos, país que tem o controle acionário do
Estado brasileiro, desde a sua privatização, aprovou, há cerca de uma ou
duas semanas, uma legislação destinada a proteger o voto dos eleitores
norte-americanos, evitando fraudes como a que levou George Moita ao
poder.

Não interessa se para valer, se para tentar evitar que o caso volte a
tona, se para mostrar preocupações com os direitos dos cidadãos, nada
disso interessa. O que interessa é que admitiram, explicitamente, a
necessidade de
garantir o direito do voto livre e seguro aos seus eleitores.

Como é claro que não vão dar a mínima para o que acontece aqui. A regra
vale para eles - nem tanto assim - mas não vale para as províncias. A
briga pela transparência no voto, o direito a segurança, o direito a ter
o seu voto
registrado de forma correta, é fundamental. Ou compramos ou dançamos. A
não ser que o presidente do PT, deputado José Dirceu, seja como o "Q",
aquele do serviço secreto inglês que inventa todas as armas do James
Bond
e tenha inventado um jeito de evitar a fraude. Como o que "Q" fez com as
máquinas de caça níqueis de um cassino em Las Vegas abrissem todas, em
"Os Diamantes são Eternos". Um mecanismo assim. Tenho certeza que isso
não foi feito; logo... Malan vem aí.

E nem falei da Proconsult, em 1982, que ia levando os votos brancos para
Moreira Franco e derrotando Brizola, com a cumplicidade da "Globo". A
empresa, Proconsult, trabalhou com um programa montado por dois
coronéis, que
eram seus sócios e que haviam sido integrantes do antigo e extinto
(extinto?) SNI.

Não há ninguém contra a urna eletrônica e suas vantagens. O que se quer
é transparência. Um programa fiscalizável.



* O autor é Jornalista em Juiz de Fora- MG.

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Pagina, Jornal e Forum do Voto Eletronico
       http://www.votoseguro.org
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