Prezado Fábio.

Li, e com prazer, suas colocações abaixo e desculpem-me, todos, pela
extensão da resposta.
A solução do problema técnico passa antes, sim, pelo político.
Concordo plenamente com tuas sensações, apesar de estar há muito pouco tempo
(uns 800 emails) lendo a participando ocasionalmente.
Não sou técnico, por isso mesmo fico à margem das decisões específicas que
os listeiros preconizam para acertar o que todos achamos claramente
fajutável no processo eleitoral como é hoje.

Mas isso não me impede de apreciar o jogo da arquibancada e, qual "olheiro"
do técnico, dar um palpite qualquer, quem sabe até pertinente, porque não
estando na luta em si e aqui de cima, consigo perceber o jogo como um
conjunto de planos, de lado a lado.

No caso, o plano "deles" parece, lamentavelmente, melhor que o nosso.
Há ainda um Juiz (literal) que se arroga a última palavra... e torce pelo
lado de lá !!!
E o tempo de jogo está próximo do fim.

Surpreendeu-me ler, hoje, que há 4 anos que se fala disso...e nada !!!
Para as eleições de 2002, temos, pelo que vejo, apenas mais dois meses...

Portanto, minha conclusão, olhando de fora, é que não precisamos de mais
palavras, se quisermos virar esse jogo.
As trocadas já são mais que suficientes e , mesmo se não se alcançar o
máximo, alcancemos o possível.
Qualquer alteração no rumo que pretendemos é melhor que nada, ou seja,
permanecer como está hoje.

Na visão do "olheiro" faltam duas coisas, básicas, para o nosso plano poder
dar certo:

1) Iniciar, já e agora, com medidas legais, a implantação de "nosso" plano
de jogo.
    Ou em outras palavras, mandar a bola pra frente, de maneira organizada,
mas real.
    A bola tem de sair de nossos pés, e para a frente...

2) Tomar-lhes a frente no que "eles" ainda têm, que é o poder da decisão
final.
     Sem dever satisfação a ninguém, mesmo que contrária à posição de todos.
    Aqui está colocado, claramente, o lado político a ser brecado, tão bem
colocado por V. em sua carta.

    Mudaria ligeiramente como dizê-lo, mas a essência é a mesma :
    Peço um minuto de reflexão: Será que vamos resolver o problema das urnas
sem qualquer atuação política ?

    De nada vai adiantar chegarmos a qualquer solução, completa ou parcial,
se "eles" puderem impunemente dizer não e fazer o contrário do que
preconizamos.
    E só com as justificativas deles, com o fatalismo dos "direitos
divinos", "suprema sapiência", "absoluta isenção", "será bom para vocês",
"eu garanto!" e quejandos...

    A esse propósito, recomendo a leitura do artigo do Luis Nassif, Folha
Dinheiro-5/9, "A volta do besteirol" tratando exatamente desse aspecto de
justificativas absurdas por parte do governo e seus áulicos, no rumo que
lhes convêm, mesmo que seja suicida.
    Melhor ainda, vou anexar o tal artigo ao final dessa carta, destacados
já os créditos das fontes.

Resumo final:
Temos apenas mais dois meses se quisermos ver nosso voto...
Urge correr desabaladamente !!!!
100 metros rasos.
Não temos nada mais além disso !
Ao final desses dois meses, saberemos se o Brasil tem jeito.

Sou engenheiro civil, não posso comandar o processo judicial.
Alguém tem de fazê-lo por todos nós, e adequadamente.
E já.

Abraços
Luiz R.Cordioli
SCarlos-SP

Artigo publicado na FolhaSP em 5/9/01

Luís Nassif

A VOLTA DO BESTEIROL

No primeiro governo FHC, quando o problema do câmbio era premente, a
discussão econômica nos jornais tornou-se um samba do crioulo doido.
Problemas concretos eram varridos para baixo do tapete, engolfados por um
festival de besteiras, de sofismas, de falta de lógica, de ausência de
qualquer apego ao bom senso.
Esse conjunto de sofismas -genericamente batizados de "Princípios do Nobre"-
elevou o imbecil coletivo latino-americano a alturas antes jamais
alcançadas.

Se a situação piorava, o "Princípio do Nobre" proclamava que "primeiro
precisa piorar para depois melhorar".
Se as exportações afundavam, o "Princípio do Nobre" escapava com a lógica de
que "basta resolver a questão fiscal que a questão externa automaticamente
se resolverá", embora uma gerasse reais, a outra necessitasse de dólares e
não constasse que o real fosse moeda conversível.

Esse besteirol foi aceito maciçamente pela mídia e deu sobrevida a uma
política cambial inviável, que arrebentou com as contas públicas brasileiras
e criou uma enorme vulnerabilidade externa -justamente as duas maiores
ameaças que rondam atualmente a economia brasileira.
Agora que esses dois problemas tornam-se graves, os "Princípios do Nobre"
retornam à cena, como manobra escapista, e volta-se de novo a atropelar o
bom senso com uma sem-cerimônia inacreditável.

Tomem-se algumas pérolas divulgadas ontem pela imprensa:

Daniel Gleizer, de resto, competente diretor do Banco Central, em entrevista
ao "Valor": a taxa de câmbio extremamente desvalorizada torna a economia
menos competitiva nas exportações que precisam de insumos importados. A
empresa exporta US$ 10. Desses, US$ 5 se referem a insumos importados, que
serão exportados por US$ 5, fincando no zero a zero. Os US$ 5 restantes são
insumos agregados no Brasil. Para esses US$ 5, ela passa a receber 30% a
mais em reais por conta da desvalorização. E não faz diferença...

Vários economistas: a mudança de cambio não interfere na balança comercial
porque a estrutura tecnológica mundial mudou e preço não pesa mais.
Sugere-se a esses gênios da lógica que acompanhem as senhoras suas mães a um
supermercado e, com um caderninho na mão, anotem todos os seus hábitos de
consumo. Se o preço não pesar na hora da compra, levem a senhora sua mãe até
o topo de um edifício e a atire de cabeça para baixo. Se sua mãe foi capaz
de abolir o preço nas decisões de compra -algo que existe desde que comércio
é comércio-, certamente não terá nenhuma dificuldade em abolir também a lei
da gravidade.

Octavio de Barros, do BBV: não há nenhum problema com o déficit em
transações correntes porque o Brasil continua atrativo para o investimento
externo.
É uma confusão primária entre fluxo e estoque.
Fluxo é o movimento permanente de capitais, saindo ou entrando.
Estoque é o capital que entra de uma vez, para investimento.
Cobre o rombo daquele ano e pressiona o fluxo dos anos seguintes, porque
passará a remeter divisas para remunerar o investimento efetuado. Numa
hipótese conservadora, em dez anos, uma necessidade anual de US$ 25 bilhões
em investimento saltaria para US$ 35 bilhões ou US$ 40 bilhões, dependendo
da rentabilidade do setor.
Nem se leve em conta a possibilidade concreta de os investimentos minguarem.
Se essa trajetória for auto-sustentada, sugere-se que o nobre economista se
candidate ao Prêmio Nobel de Economia.

Domingo Cavallo, a respeito da redução do déficit fiscal argentino: o que
impede o crescimento da economia é o gasto excessivo do governo, a sonegação
e o contrabando. É o novo Einstein da economia! Gasto excessivo do governo e
sonegação provocam déficit público e devem ser combatidos por questão de
responsabilidade fiscal e de sustentabilidade do crescimento. Dizer que,
injetando mais dinheiro na economia, reduz-se o crescimento, só mesmo nestes
tristes trópicos.

----------------------------------------------------------------------------
----
Internet: www.dinheirovivo.com.br
E-mail: [EMAIL PROTECTED]



----- Original Message -----
From: Fábio Henrique Alves <[EMAIL PROTECTED]>
To: <[EMAIL PROTECTED]>
Sent: Wednesday, September 05, 2001 12:22 PM
Subject: [VotoEletronico] UM MINUTO ATENÇÃO. (OPINIÃO)


> Prezados listeiros,
>
>
> A quase um ano participo do fórum de discussões voto seguro, virou um
> costume, uma coisa natural, tenho em mente que um homem para ser feliz tem
> que fazer aquilo que gosta, e mais ainda durante sua existência deve
deixar
> algo de bom, para servir de exemplo (estimulo) para seus semelhantes.
>
> Durante este lapso de tempo que participei do fórum  de discussões voto
> seguro, me senti muito bem, tendo em mente que apesar dos pesares, acima
de
> tudo estava prestando um serviço a nação, participando do fórum, me sentia
> numa espécie de circulo de Viena., e como isto é bom, desenvolvendo o
> crescimento intelectual  a cada troca de idéias.
>
> Entretanto ultimamente ando meio tristonho, pelos rumos que as discussões
do
> fórum estão seguindo, sinto que o circulo de Viena esta morrendo, pois
> ultimamente percebo pelas entrelinhas das discussões varias defesas a
aquilo
> que combatemos!, Exemplos: 1) Cometer crime ser coisa normal. 2) Para ser
> político no Brasil deve ser igual puta. 3) Que todos os partidos políticos
> são iguais. Etc...
>
> Será que o efeito Rede Globo esta contaminando o pensamento de alguns
> listeiros? Será que todo político é igual ao personagem da novela porto
dos
> milagres? ( Não lembro o nome dele, e não tenho certeza se é este o nome
da
> novela....). Há algum tempo notei que de certa forma as questões
políticas,
> são tratadas com uma certa aversão aqui no fórum, por que será? Querer
> resolver o problema das urnas discutindo somente os aspectos técnicos e
> deixando de lado os aspectos políticos, é o mesmo que  querer voar sem
> assas. Nunca me esqueço quando um amigo meu aqui em Umuarama, me deu uma
> bronca: Ele me disse: Fábio, não se pode fazer um omelete sem quebrar os
> ovos.
>
> Peço um minuto de reflexão: Será que se pode resolver o problema das urnas
> fugindo das discussões  políticas? Será que o Brasil não tem jeito mesmo?
> Talvez eu esteja equivocado, talvez esteja ate atrapalhando o "objetivo"
de
> alguém, talvez seja ate hora de ir embora e não atrapalhar......
>
> SER HUMANO É PRODUTO DO MEIO QUE VIVE.
>
> NÃO SE PODE QUERER MUDAR O MUNDO SEM ANTES MUDAR O HOMEM.
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> Fiquem em paz,
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>
> Fábio Henrique Alves  UMUARAMA - PR
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> O texto acima e' de inteira e exclusiva responsabilidade de seu
> autor, conforme identificado no campo "remetente", e nao
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> O Forum do Voto-E visa debater a confibilidade dos sistemas
> eleitorais informatizados, em especial o brasileiro, e dos
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