Teremos um Pinoche tupiniquim!!!!

Aristóteles



Carlos Chagas - Tribuna


Projeto para senador vitalício vai ao Congresso
BRASÍLIA - Num telefonema rotineiro ao presidente Fernando 
Henrique, 
  informou o presidente nacional do PTB, José Carlos Martinez, 
que seu 
  partido está apresentando projeto de emenda constitucional ao 
Congresso 
  criando a figura do senador vitalício, função a ser exercida 
  pelos presidentes da República depois que terminarem seus 
mandatos. A 
  eles seria dada, pelo resto da vida, uma cadeira no Senado, 
ainda que sem direito 
  a voto mas com a prerrogativa de pronunciar-se sempre que 
necessário.
Fernando Henrique achou a proposta excelente. Concordou com a 
argumentação 
  de Martinez de que a experiência de ex-presidentes da 
República 
  não pode ficar restrita a instituições culturais ou a empresas 
  privadas nas quais eles costumam se engajar, quando não 
disputam outros 
  mandatos eletivos, uma espécie de diminuição nada pejorativa 
  mas, sempre, uma diminuição.
FHC achou muito boa a proposta
Lembrou o presidente do PTB que ex-presidentes da República, 
tanto faz 
  o partido ou a ideologia a que pertençam, e mesmo sem a 
análise de suas performances, trazem na bagagem volume 
considerável de informações 
  que deveriam ser sistematizadas e possibilitadas em favor do país, não 
  de instituições privadas.
Pelo projeto, não seriam beneficiados ex-presidentes que tivessem renunciado 
  ao cargo, como é o caso de Fernando Collor. Como os dois únicos 
  ex-presidentes que restam, José Sarney e Itamar Franco, detêm mandatos 
  eletivos, abre-se uma hipótese a ser considerada durante a tramitação 
  da emenda: optariam pela vitaliciedade, ainda que sem poder participar das votações, 
  ou manteriam seus mandatos, podendo até concorrer a outros? Nesse caso, 
  a decisão seria de cada um.
O importante desse episódio é que Fernando Henrique achou muito boa a proposta, quer 
dizer, submeter-se-á a ela. Já se falou muito 
  da possibilidade de o atual presidente concorrer a uma cadeira no Senado, por 
  Tocantins ou outro estado qualquer, para garantir-se com um mandato eletivo 
  e conquistar foro especial para posteriores julgamentos.
Porque os senadores, tanto os votados quanto os futuros vitalícios, se a emenda for 
aprovada, são julgados pelo Supremo Tribunal Federal. 
  Já os ex-presidentes da República, desde que o regime militar passou a perseguir 
Juscelino Kubitschek, respondem perante a Justiça comum. Nenhum deles está livre de 
ser denunciado e condenado pela ação 
  de um promotor mais moço e açodado, e de um juiz ainda imberbe 
  e desconhecido. Não se tenta, no caso, preservar pessoas, mas a majestade 
  do cargo exercido.
O problema para FHC chegar ao Senado, pela legislação atual, 
  seria a necessidade de desincompatibilizar-se em abril de 2002 para concorrer às 
eleições de outubro, hipótese fora de suas cogitações. 
  Assim, nada melhor para S. Exa. do que deixar o Palácio do Planalto no 
  dia 1º de janeiro, atravessar a Praça dos Três Poderes e assumir vitaliciamente uma 
cadeira de senador.
"E o outro apoio?"
Na referida e recente conversa do presidente da República com o presidente 
  nacional do PTB, registrou-se sutil diálogo sobre outro tema:
FHC - Martinez, há quanto tempo não nos falamos. Preciso 
  do seu apoio e do apoio do seu partido.
JCM - Ora, presidente, o apoio do PTB e o meu o senhor nunca 
deixou 
  de ter. Veja as votações de nossas bancadas no Congresso.
FHC - Estou falando de outro apoio, Martinez. Do apoio 
sucessório, para um candidato da nossa coalizão. Vocês estão 
apoiando 
  o Ciro Gomes.
JCM - Presidente, mas qual é o seu candidato? A gente não 
  sabe. Por isso o PTB apoiou Ciro Gomes.
FHC - (Risos) É verdade, eu ainda não tenho candidato. 
  (Mais risos) Mas precisamos conversar. Apareça.
JCM - Basta me convocar, presidente.
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