Tem uma passagem que lembro vagamente, em um texto do Paulo Coelho ou do
Almanaque do Pensamento; também não lembro se tal texto seria um fragmento
de texto original, uma parábola ou um mero folclore. Mas a mensagem, na sua
essência, me marcou definitivamente.

        Tratava-se de um Cavaleiro das Cruzadas que, depois de matar toda uma
família árabe (acho que era isso), não conseguiu fazer o mesmo com um bebê
quase recém nascido, filho daqueles que vitimara. E ao se dar conta que
estava ali, matando em nome de "DEUS E DE NOSSO SENHOR, JESUS CRISTO", ele
caiu em um remorso tão violento, que jurou nunca mais empunhar uma espada.

        Mesmo tomando para si a responsabilidade de criar aquele órfão, a simples
visão de sua tez, própria dos povos árabes, lhe trazia todo o peso daquela
culpa, da qual sentiu que jamais conseguiria se desvencilhar (já que, como
um cavaleiro, se julgava ser um cristão virtuoso e um homem justo de fé
inabalável, até aquele fatídico dia em que sua fé cristã lhe levou a cometer
tamanha barbárie).

        Já quase em desespero, ele se imolava incessantemente quando foi
interpelado por um monge local, tido como muito sábio. Durante sua crise
convulsiva, o ex-Cavaleiro tenta então com ele se penitenciar e se
confessar, para expiar esta sua culpa.

        Não lembro exatamente quais foram as palavras deste Monge. E se não me
engano, tal era um Monge muçulmano, ao qual esse Cavaleiro se entregara
voluntariamente, como um ato praticamente suicida. Ele esperava assim expiar
sua culpa com uma suposta pena de morte ou de talião auto-determinada, a fim
de se submeter voluntariamente ao olho por olho, dente por dente.

        Pode ter sido também o contrário, ou seja, um Cavaleiro em uma cruzada
muçulmana contra cristãos, ou contra judeus, ou contra qualquer outra
crença.

        Mas lembro que a sentença dada pelo Monge sábio foi a tal de "Justiça
Infinita".

        Era o seguinte: o Cavaleiro teria que provar o seu real arrependimento
diariamente, até o fim de sua vida. Mas isto só poderia ocorrer se fosse
perdoado apenas por seu Deus e seu novo filho adotivo.

        E para isso ocorrer (seja a comprovação de seu arrependimento, diante da
heresia de ter matado em nome de Deus, seja o perdão consciente dado pelo
menino que tornara órfão), tal só seria possível se o Cavaleiro, um cristão
fervoroso, deixasse que o seu novo filho adotivo (o órfão muçulmano cujos
pais ele mesmo matara) fosse criado dentro das tradições e crenças não
cristãs de sua família original. E deixando ainda que soubesse de tudo o que
ocorrera, quando só então teria suficiente idade para julgar, compreender e
perdoar seu pai adotivo, desde que fosse criado como um verdadeiro filho,
sob cuidados irrestritos de um amor paternal, sincero e benevolente, tal e
qual o de um verdadeiro pai.

        Isto lhe provaria, assim como ao próprio Deus, que seu ódio profano teria
dado lugar à verdadeira compaixão humana, e de quebra, lhe traria a paz de
espírito e a compreensão do que é o verdadeiro amor DIVINO. Amor capaz de
fazer até com que um cristão e um muçulmano convivam em paz e sem conflitos,
como pai e filho. Capazes até de se amarem e se perdoarem mutuamente.

        Simples, não?

        GIL.



-----Mensagem original-----
De: Ana [mailto:[EMAIL PROTECTED]]
Enviada em: sábado, 15 de setembro de 2001 01:54
Para: [EMAIL PROTECTED];
[EMAIL PROTECTED]; BONS AMIGOS;
[EMAIL PROTECTED]; [EMAIL PROTECTED];
[EMAIL PROTECTED]
Assunto: *BR* O próximo problema do Bush


Gente,

Alguém já parou pra pensar no grande problema que o Bush ainda terá que
enfrentar quando colocar as mãos no culpado por toda essa tragédia, o
idealizador e seus seguidores? Bem, o que acham de opinar sobre o "castigo"
que os responsáveis deveriam receber ?

Tarefa nada fácil e digo porque.

 - Se forem condenados à cadeira elétrica simplesmente será um favor que a
humanidade lhes faria, já que morreriam por uma boa causa. Morte sem emoção,
sem que a mídia possa fazer nada mais do que transmitir pela TV. Achei
fraca!

 - Pensei talvez em execução em praça pública, com todas as TVs do mundo
presentes e desisti pois se sentiriam agraciados pelo sucesso em terem a
humanidade aos seus pés. Não adianta fuzilar, queimar, não adianta nada
disso, seria como um presente essa entrada "no céu" e ainda por cima muito
"ibope" pros moços.

Então tirei a "pena de morte" dos meus pensamentos, a morte lhes seria um
presente e não um castigo!

 - Lembrei de filmes que vi, onde colocavam os condenados acorrentados para
carregarem pedras, fazerem escavações ou qualquer coisa que agredisse sua
força física mas não achei boa idéia pois eles teriam livres ainda suas
mentes assassinas e também suicídas.

 - Ok, condená-los a serviços sociais, a cuidar de velhinhos, varrer ruas
para deixá-las limpas, cuidar de criancinhas enquanto seus pais
trabalhassem....uhhhh, quase que delirei mas logo retornando, esse seria um
dos piores castigos mas eles dariam um jeito de fugir de tal tortura pelas
galerias subterrâneas da cidade

 - Deixá-los apodrecer na prisão? Não, eles se auto-explodiriam, esses
homens-bomba fanáticos que não param de procurar fórmulas e fundamentalismos
para fazerem voar seus cérebros aos ares.

 - Levá-los a pedir desculpas ao povo americano para todo mundo ver e
explicar sobre suas razões? Cancela, acho que os norte-americanos não vão
querer ouvir sobre isso.

Grande problema esse já que vivos não podem ficar e a morte seria a dádiva.
Acho que meus pais, em algum lugar no processo da minha educação no passado,
esqueceram de me ensinar sobre a ordem invertida da vida e da morte.
Esqueceram também de me orientar sobre conseguir detectar problemas como
esse com maior competência. E fico me perguntando: O que fazer, onde deixar,
esconder, castigar pessoas que não podem nem morrer e nem viver? Que
perderam o direito de estar em algum lugar, onde absolutamente nenhum solo
poderão pisar sem que aquele país inteiro seja eliminado, inclusive povos
inocentes poderão ser extintos sem nem saber a razão, caso "o perseguido"
consiga se infiltrar no seu meio.

Poderiam ajudar a clarear minhas idéias por favor? Alguém consegue imaginar
qual a pena que eles aplicarão para os culpados do massacre americano para
que seja justa ante a destruição que promoveram?

Abraços pensativos
Ana Prudente


[As partes desta mensagem que não continham texto foram removidas]


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