Grande Amilcar,

Eis meu consolo: você, como cidadão, fez a sua parte. 

Se me aconteceram algumas coisas gratificantes nesta vida, uma delas foi ter 
participado 
desta Lista.  Mas saiba, algo me dizia que tudo terminaria assim. Sou tido como 
pessimista por muitos. Geralmente não me ofendo quando percebo olhos me vendo 
assim. A vida me ensinou que quase a totalidade das pessoas são otimistas por opção, 
portanto, para que  assim vivam, é necessário que estas auto-obliterarem a razão. À 
luz 
desta realidade, digamos que existem mais pessoas irracionais que racionais. 

Entre os racionais, que são poucos, uns optam por utilizar a inteligência para fins 
escusos, outros, a minoria desta minoria, são pessoas como você: honestas. 

Sou filho de um homem como você. Um professor de latim, ex-seminarista, culto, 
honestíssimo, que optou  por lutar armado com lápis e papel contra tudo quanto havia 
de 
desonesto. Você não imagina o quanto este homem sofreu por conta desta opção. Ele 
passou a ser uma espécie de intruso aos poderosos, foi caçado (com cedilha mesmo) 
pelas milícias do Estado. E veja bem, muito antes de 1964. Após 1964, a truculência 
aumentou. Para que percebas a truculência dos caçadores, eu, ainda criança, tive um 
cano 
de uma INA enfiado na minha boca para confessar onde meu pai estava. Quem fez isto ? 
O Estado. Neste momento perdi dois dentes. O resto é uma longa história. 

Por tal, amigo, lute por seus interesses. Esqueça tudo isto. Pessoas como você tendem 
a 
sofrer muito.

Faço agora alguns comentários sobre o ocorrido.

“No dia 15 de agosto, o Jobim fez um acordo com o Requião, com o 
Tuma, com o Brizola e com outros parlamentares envolvidos no 
assunto, de que o TSE aceitaria (quer dizer, deixaria o projeto de lei 
ser aprovado sem fazer lobby contra) a impressão do voto desde que 
fosse incluído o voto manual em separado no projeto de lei e lhe fosse 
dada a verba necessária para a implantação das modificações. O 
Jobim disse, também, que não valeria o princípio da anualidade para 
esta lei, por que ela não altera direitos dos eleitores.”

Apesar de render homenagens ao trabalho do Requião, sinto-me 
obrigado a apontar alguns erros que cometeu. Veja o que você 
escreveu: ? “...  o Jobim fez um acordo com o Requião...” Este foi o 
mais grave. Requião jamais deveria ter negociado com o TSE. 
Requião é um senador, um representante do Povo, do dono da coisa, 
portanto não devia ter negociado nada com o TSE. Requião deveria 
ter buscado apoio popular para o seu projeto, deveria ter botado a 
boca no trombone, como fez Brizola. Ele próprio declarou que evitou 
um confronto com o TSE. Nunca entendi esta sua posição. Havia uma 
briga. Não havia espaço para carícias. Perdemos parte da questão 
nesta tolice do Requião. 

“.... o Jobim redigiu um projeto de lei novo, colocando uma série de 
outras alterações que não faziam parte do acordo inicial e que 
comprometiam bastante a confiabilidade objetivada.”

Deste momento em diante cabia uma denúncia. Posto que, o que fora 
escrito aumenta as facilidades às fraudes e oferecia garantias aos 
que tramam contra a lisura do processo eleitoral.

“No dia da votação deste substitutivo, o Jobim encaminhou a vários 
senadores as emendas que ele queria ver inclusas (e que tinham sido 
rejeitadas pelo Tuma).”

Faltou aqui a figura da impressa. Não é papel do Ministro redigir 
projetos de leis. No fundo o Senado saiu desmoralizado. Esta tutela 
intelectual aponta para a incompetência do Senado. Eu, então 
senador, não permitiria isto, denunciaria a indução do TSE. Se o 
Senado não é capaz de fazer o certo por moto próprio, para que 
mantemos tudo aquilo ? 

“Foram apresentadas 19 emendas, sendo que apenas 4 (3 do 
Requião e uma do Valadares) tinham texto diferente das oferecidas 
pelo TSE.”

O TSE não podia, não devia, não poderia ter se intrometido. Cabia 
uma denúncia constando em ata. Ao TSE cabe cumprir leis, e leis são 
feitas por representantes populares: vereador, deputados e 
senadores. Nisto os nossos senadores foram frouxos. 

“Miro Teixeira, inclusive a que excluía o Sistema Operacional da lista 
de programas apresentados aos partidos, contrariando o próprio 
mandato de segurança do PDT.”

Pelo que me consta este senhor é deputado. Tem sido um deputado 
barulhento em público, todavia, muito afinado intramuros.

Bom, ia escrever um pouco mais, todavia, vejo que minha raiva em 
nada vai contribuir.

Só nos resta fazer uma denúncia internacional. Denuncia esta que 
terá poucos efeitos, todavia, deixa registrada a safadeza.

O meu protesto será o de ir votar vestido de palhaço. Vou passar todo 
o dia da eleição assim.


Um abraço,


Aristóteles

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