Title: DECIFRANDO O ECONOMÊZ
Leamartine Pinheiro de Souza
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DECIFRANDO O “ECONOMÊZ OFICIAL”.


            

               Dias atrás, quando saia para a minha caminhada matutina, fui abordado por um velho conhecido, o motorista João Baptista, homem simples e tão inocente que chegou a sufragar nas urnas, por duas vezes, o nome do “feitor tucano” que vem dirigindo os destinos do  país.

 

Com voz embargada, tanto pela indignação, quanto pelo arrependimento, mostrou-me a manchete da página de economia de um jornal do Rio de Janeiro, que estampava a seguinte notícia: “Governo poupa, mas dívida só cresce”.

 

Logo abaixo, também em destaque, aparecia o complemento: “Setor público tem superávit recorde, mas endividamento atinge 660,9 bilhões, equivalentes a 53,3% das riquezas do país”.

 

O inconformado João Baptista transferiu-me logo a sua primeira preocupação: “como pode o país apresentar um superávit nos gastos públicos e, ao mesmo tempo, um aumento na dívida do governo?”.

 

Sem esperar a minha resposta, revelou o que, realmente, feriu os seus brios, levando-o às lagrimas: “e ainda tem essa aí de dever mais da metade das riquezas do país!”.

 

Levei algum tempo para fazer o João Baptista entender que os homens que gerem os nossos recursos financeiros, normalmente formados no exterior, costumam usar o chamado “superávit primário” para simular um pretenso sucesso na condução dos negócios do país, enquanto omitem o resultado completo, um tremendo déficit, para esconder o seu fracasso.

 

Depois de explicada a mágica, então o João Baptista compreendeu o porque do aumento da dívida pública, que subiu de 563,164 bilhões de reais em 2000, quando representava 49,44% do “Produto Interno Bruto”, para 660,867 bilhões em 2001, número esse agora equivalente a 53,3% do mesmo indicador.

 

Aproveitei a oportunidade para mostrar ao João Baptista que gastando 86,4 bilhões de reais com o pagamento dos juros anuais dessa dívida, poucos recursos financeiros sobraram para o “feitor” aplicar na melhoria das condições de vida dos brasileiros, razão pela qual a cada dia que passa estamos todos mais pobres.

Além disso, não deixei de salientar que a responsabilidade total pelo acúmulo dessa dívida, hoje praticamente impagável, cabe, exclusivamente,  ao governante por ele escolhido, em duas eleições, uma vez que em 95, antes da adoção do “livre comércio”, a dívida interna era igual a 170,33 bilhões de reais e equivalia a 24,9% do PIB.

 

João Baptista, o cidadão comum, não resistiu à tentação e lançou-me mais um “torpedo”: “como o homem conseguiu aumentar tanto a dívida interna, sem fazer nada para promover o progresso do país?”.

 

Aí, com muita paciência, pois o tempo passava sem que pudesse prosseguir na minha caminhada, tive que alinhar os dois fatores que mais contribuíram para o crescimento exponencial dessa dívida.

 

Primeiramente, disse-lhe que foram os juros altíssimos, fixados pelo próprio Governo, que alavancaram esse aumento. A política de juros elevados, por sua vez, foi adotada com o intento da tapar um outro buraco, que o próprio Governo cavou, ao abrir as portas da economia e, como conseqüência, terminar os exercícios financeiros com vultosos déficits nas contas externas. Mantendo os juros elevados, como vêm fazendo até os dias atuais, procuram os “economistas de plantão” atrair capitais de fora, para com eles fechar as contas nacionais.

 

A seguir, mencionei que uma parte da dívida interna é dolarizada, isto é, varia com as oscilações do dólar, seja porque os títulos já são emitidos com esse requisito, seja porque muitos deles foram lançados no estrangeiro. Então, com a desvalorização de real perante o dólar, tal fatia experimentou substancial aumento.

 

Para não perder a linha do raciocínio, acrescentei alguns dados sobre as contas externas, de modo a deixar o meu interlocutor bem consciente do erro que cometera, ao confiar no dirigente que ajudou a eleger.

 

Disse-lhe que a nossa dívida externa nominal atingira o valor de 220 bilhões de dólares, aproximadamente uns 530 bilhões de reais, que somados aos 660 bilhões da dívida interna, ultrapassavam o “PIB” do país.

 

Acrescentei que também havia um déficit constante nas contas externas, entra ano, sai ano, igual a 23,2 bilhões de dólares em 2001, que só poderia ser coberto com o ingresso de investimentos de fora. A admissão de novos investimentos externos, outrossim, faz crescer a desnacionalização da economia e, por conseqüência, provoca maiores remessas de lucros e pagamentos de juros ao exterior que, por seu turno, contribuem para aumentar o déficit em conta corrente. É uma bola de neve que vai aumentando sem parar e tende a arrastar a população do país até o abismo da miséria. Em 2001, expliquei ao perplexo João Baptista, escoaram-se por esse ralo, nada menos do que 4,961 bilhões de dólares em remessas de lucros e 14,881 bilhões de dólares em pagamentos de juros da dívida externa, praticamente 20 bilhões de dólares transmigrados para fora do país, sem qualquer benefício para os brasileiros. 

 

Diante do desalento que se apoderou do ex-eleitor do responsável pela “feitoria do Brasil”, resolvi concluir a conversa com algumas palavras animadoras.

 

Mencionei, para acalmá-lo, que o trecho da manchete que afirmava que a dívida era igual a 53,3% das riquezas nacionais, não correspondia à realidade, pois o “Produto Interno Bruto” não leva em conta as potencialidades do país, exprimindo apenas o valor de todos os bens produzidos no decorrer do intervalo de um ano.

 

O Brasil, arrematei, continua sendo o “campeão mundial dos recursos naturais”, não obstante a calamitosa administração a que está submetido.

 

Enxotados os “neoliberais entreguistas” da direção do país, ainda haverá tempo para uma recuperação, desde que seja invertido o rumo da política econômica.

 

Em vez de globalização e portas abertas, “substituição das importações por similares nacionais e proteção máxima à produção doméstica”.

 

Como não poderia deixar de ser, esses são ingredientes importantes da receita dos nacionalistas para salvar o Brasil do naufrágio iminente.

 

“Brasil acima de tudo, sob a proteção de Deus!”.

 

 

                                                      Rio de Janeiro, RJ,  5 de fevereiro de 2002

 

                                           PND - PARTIDO NACIONALISTA DEMOCRÁTICO

                                       

                               

                                              Almirante Roberto Gama e Silva, Presidente Nacional

 

 

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