É surpreendente como a descrição de fatos relativos à eleição eletrônica, quando envolve frente à frente, pessoal do governo e da nossa desamparada sociedade civil, se assemelha ao modelo dual do Tom e Jerry ou, simplesmente, gato e rato.
 
As civilizadíssimas palavras utilizadas pelo Maneschy no artigo acima, aquelas atribuídas ao Brizola ou ao Amilcar, bem como as elegantes respostas dos representantes governistas não escondem a farsa gritante que se perpetra "no quarto ao lado"...
 
Sabemos todos que Suas Excelências do governo mentem a mais não poder (com todo o respeito devido a mentirosos), que dizem e desdizem, que fazem e omitem e, ao final, nas eleições, tudo vai ficar como eles decidiram há algum tempo.
Sabemos mas compactuamos, permanecendo no campo de jogo.
Sabemos que com nossa conduta elegante nos trilhos colocados pelo gato, estamos fazendo brilhantemente o nosso previsto papel de ratos.
Sabemos mais, sabemos que em 10/02 estaremos corroborando todo esse processo eleitoral fajutado, endossando e sacramentando a vilania.
 
Pois essa é a verdade, a sociedade  ou, pelo menos, parte expressiva dela, vai votar mesmo nessas urnas, em Outubro.
A despeito de nada mudar nessas urnas fraudáveis e/ou fraudadas, e não vai mudar mesmo ! 
 
E a Lei, e para isso a Lei vale, diz que da totalização desses votos, fraudados ou não, sairá uma lista, fraudada ou não, tornando eleitos tais e quais candidatos, fraudadores ou não.
E ainda falamos em Democracia...
 
Ante a dúvida shakespeariana de tudo poder "ser ou não ser" é interessante observar como agem os contendores antes dos fatos reais ocorrerem.
Antes das eleições e baseados na própria dúvida, os gatos, espertamente, usam essa exata indefinição para tornar legítimos os atos que vão garantir-lhes a fraude.
Utilizam-se, como na esfera legal, do "In dubita, pro reu" :
 
1) pode estar havendo fraude no cadastramento, mas não se muda nada "porque pode não estar havendo fraude" e...
2) pode estar havendo fraude nos programas, mas não se permite analisá-los "porque pode não estar havendo fraude" e...
3) pode vir a haver fraude na votação individual, mas não se imprimem os votos "porque pode não vir a haver fraude" e...
4) pode vir a haver fraude nos disquetes de totalização, mas nada se faz "porque pode não vir a haver fraude" e...
5) pode vir a haver fraude na própria totalização dos votos,  mas não se muda nada "porque pode não vir a haver fraude" e...
    etc.etc.etc
 
E  sempre  rindo, os gatos  sempre  garantem tudo ...!!!!!!!!!
Garantem, confiam, não duvidam, têm certeza etc...
 
Sabemos todos, também, que após a eleição, o que antes era duvidoso virará certeza:
 
1) certeza que "não" se conferirá nada, pois "não haverá" voto impresso nem nada a ser conferido da eleição.
2) certeza que "não" se garantirá a origem dos "flash-cards" e/ou disquetes, pois "não haverá" como distinguir um flash/disq de outro.
3) certeza que "não" se checará a totalização, pois "não haverá" como fazê-lo uma vez que é eletronica e instantânea, além de estar apoiada nos dados inconferíveis e inconferidos dos flash/disq. 
4) certeza que "não" se questionarão os votos brancos e nulos eventualmente desviados porque "não haverá" como fazê-lo.
5) certeza que "não" se questionará o resultado da aclamação dos eleitos, porque "não haverá" como fazê-lo.
 
Antes das eleições é "La garantia soy yo !"...  (risos !)
Depois das eleições é "As urnas falaram..."  (lágrimas !)
 
É muito comovente lermos os "apelos" do Brizola, o "desconhecimento" do Ministro, as "promessas" do Jobim, as "tentativas" do Proconsult, os "disse, e gravado" do Vivaldo e o respectivo "não disse" do Camarão, a "defesa de Camarão" pelo Ministro e a "defesa do Ministro" pelo Camarão, as "afirmações" de competência e lisura dos técnicos e a abertura feita dos programas e logo depois as "alegações" de restrições nos códigos da ABIN por segurança do sistema.
Grand finale, o fecho declaratório do Ministro:  "É o meu dever, sou pago para isto". !!!!
Que gato !!!
 
Para trazer-nos de volta à relidade nua e crua, termino com algumas outras sintomáticas palavras do Ministro:
"já está tudo praticamente definido e por isso não via como, por exemplo, modificar o sistema de totalização de votos"...
"no que foi contestado pelo ministro que disse que as regras para a totalização já estão estabelecidas"...
"que estava ali, a inteira disposição, para atuar no interesse dos partidos."...
 
Puxa, ele não é mesmo o máximo ?
Diz-nos, que lindo, a felicidade até existe...!
 
Não são, mesmo, meros episódios sequenciados de um desenho animado de gato e rato ?
Preparem-se, pois, para novos "causos" com os dois lados engalfinhados, batendo-se, brigando, como sempre...
E no final... tudo na mesma, tudo igual, pois o Ibope continua alto...
E aguardem para Outubro as eleições, como previsto pelos gatos...
 
Que pena, constatar que "tá tudo dominado"...
 
Hipócritas, eles, os gatos do lado de lá,  sabem que é fraudável  e  dizem que não é.
"O que ?", nós, os ratos do lado de cá,  sabemos que não é segura  e  aceitamos votar nelas assim mesmo ?
 
Abraços
Luiz Cordioli
 
PS - Apenas uma última questão, tipo perguntinha cretina:
         Porque será que os políticos, Brizola, Lula, Ciro, Serra, Enéas e todos os demais, não entram nessa luta de corpo e alma ? (*)
         Parece que isso deveria ser do seu interesse absoluto pois são eles que disputam entre si os cargos e benesses.
         Todavia, o que vemos e ouvimos é nada e silêncios abissais...
         Porquê ?
 
(*) Com corpo e alma quero dizer, "Ou se corrigem as falhas ou não participamos da eleição".
 
De todas as respostas possíveis que analisei e descartei, está sobrando apenas uma:
 
É que eles imaginam que um dia estarão "lá"...
E quando isso ocorrer poderão usar essas mesmas urnas fraudáveis, então, a seu favor pessoal...
Aí, vão "lavar a égua", será a glória...
 
Em outras palavras, os políticos não se engajam nessa luta, para valer, por puro otimismo pessoal e caradurismo de classe.
Dúvida cruel, será  mesmo  assim ? ...
 

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