Unicamp quer
mudar voto eletrônico
SILVANA DE FREITAS
DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Unicamp recomendou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que substitua o
sistema de segurança do voto eletrônico, que hoje permite a participação
indireta da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), por outro mais confiável.
A recomendação está entre as oito sugestões para que a urna eletrônica deixe de
ser uma caixa-preta.
A adoção dessa mudança depende do presidente do TSE,
ministro Nelson Jobim. A Folha apurou que ele pretende observar a reação
dos partidos para tomar a decisão, de caráter político.
A questão é polêmica
porque há suspeitas na oposição de que a participação indireta da Abin na
preparação do sistema eletrônico de votação represente um caminho para a fraude
eletrônica.
O Cepesc (Centro de Pesquisas em Segurança das Comunicações),
ligado à Abin, detém o controle de programa que protege os dados dos disquetes
retirados da urna e levados ao local de totalização dos votos. Com o domínio de
parte do funcionamento da urna, o Cepesc teria acesso aos outros programas e
poderia, supostamente, manipulá-los para planejar fraudes, como o desvio de
votos de um candidato para outro.
A proteção atual é por criptografia
(embaralhamento dos dados do boletim de urna). A sugestão é a troca por sistema
de assinatura digital, considerado mais confiável, mas de difícil execução.
O
TSE informou que não acolherá nestas eleições outra sugestão da Unicamp: a
contratação de especialistas independentes para avaliar a preparação dos
programas e a apuração dos votos. Segundo o tribunal, não há tempo.
Desde o
ano passado, quando houve o escândalo do painel eletrônico do Senado,
congressistas levantaram suspeitas sobre o sistema de segurança das urnas.
A
Unicamp avaliou os programas utilizados nas eleições de 2000 e concluiu que há
segurança no processo. Mesmo assim, fez sugestões para aumentar a fiscalização
dos partidos e já estão sendo executadas, segundo o TSE.
Sérgio
Salgado
* [EMAIL PROTECTED]