Eleitores ignoram o voto impresso

Novidade que será implantada neste ano no DF
e Sergipe ainda é pouco conhecida pela população.

Aline Fonseca

A 13 dias para as eleições, o voto impresso – novidade no sistema de votação eletrônica brasileira – ainda é um processo desconhecido da população do DF. Somente há duas semanas os programas institucionais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgam pela televisão o que é o voto impresso e como executá-lo em uma urna eletrônica.

No DF e em Sergipe o voto impresso será testado como garantia de segurança. Depois de votar nos seis candidatos e confirmar cada um, a máquina imprime um extrato para a conferência do eleitor do que teclou. Só então, deve-se dar o confirma final, para validar o voto.

A dificuldade é maior entre pessoas de baixa instrução e analfabetas, que têm pouca familiaridade com a máquina de votação e se confundem com o número de candidatos a serem votados, além da novidade do voto impresso.

Essa parcela da população do DF está em desvantagem no processo eleitoral ou porque não sabe ler ou porque não sabe manusear a máquina, embora para o TSE e o Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF) seja o inverso. "A urna eletrônica é até um instrumento facilitador e democrático porque tem números. Mesmo os analfabetos sabem ler números. O voto eletrônico é mais fácil do que na cédula", diz o coordenador eleitoral do TRE, Elindson Mendes.

Mas o coordenador do TRE admite que a divulgação do processo impresso poderia ter sido melhor. "Temos consciência de que não é a quantidade desejada de divulgação, mas é a possível, o que a Justiça Eleitoral pôde fazer, fez".

Segundo a legislação eleitoral, desde 98 o TSE tem direito a dez minutos diários na televisão (a partir de 31 de julho) para programas educacionais sobre as eleições. É o tribunal que define o que vai ao ar. Há duas semanas vem sendo veiculado pela TV o que é o voto impresso e como executá-lo.

Durante o período de divulgação das urnas em locais públicos (agosto e setembro), menos de um terço da população do DF teve contato com a máquina eleitoral. Segundo apuração do Jornal de Brasília, o eleitorado de baixo nível social e educação teve pouco acesso às urnas. E o pior: demonstrou "medo" da máquina de votação eletrônica.

Elindson afirma que o eleitor que não treinou nas urnas, não o fez porque não quis. "Tivemos 50 urnas espalhadas pelo DF. Não podemos forçá-los a votar se têm medo", justifica.

TSE e TREs estão confiantes de que todas essas dificuldades vão ser resolvidas com a cola eleitoral. O eleitor está liberado para levar anotado em um papel os números de seus candidatos. Serão distribuídas, só no DF, mais de 1,5 milhão de colas.

O voto impresso é resultado de questionamentos sobre a segurança do processo. Em 1998, o eleitor votava na urna eletrônica, mas não tinha como conferir se foi registrado o que foi digitado.

Das 404 mil urnas eletrônicas, apenas 23 mil terão o voto impresso em todo o Brasil. Depois das eleições, o TSE analisará os problemas e as vantagens do sistema.

O voto eletrônico é obrigatório. Só há duas possibilidades de se votar em cédulas. A primeira é se a urna quebrar. A segunda é no caso do eleitor corrigir por duas vezes o voto, depois de impresso o voto e antes da confirmação final.

Dúvidas que preocupam

Numa rápida abordagem a pessoas que esperavam por seus ônibus na Rodoviária do Plano Piloto, ontem à tarde, não foi difícil encontrar eleitores mal informados. O brasiliense ainda não sabe o que é o voto impresso, apesar de ter consciência de que a urna eletrônica já é uma realidade no DF desde as eleições de 1998. A capital foi uma das únicas unidades da Federação a ter 100% de urnas eletrônicas nas últimas eleições presidenciais.

Das oito pessoas abordadas pela reportagem, nenhuma soube explicar o que era o voto impresso. Quatro eleitores souberam responder em quantos candidatos votarão no dia 6 de outubro. Três deles erraram o número de candidatos a serem votados.

Apenas um admitiu que não sabe votar na urna eletrônica, nem o que é voto impresso e que não tinha a menor idéia em quantos candidatos deveria votar. Nenhum deles participou do treinamento do TRE. A última vez que viram uma urna eletrônica foi nas eleições passadas. Dos eleitores, dois deles votarão pela primeira vez neste ano.

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