SJPDF quer Justiça longe do Correio
Da Redação
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do
Distrito Federal está
organizando, para as 22h30min desta quinta-feira
(24/10), um cordão de
isolamento para tentar impedir a entrada do
oficial de Justiça no Correio
Braziliense. O objetivo é tentar evitar que mais
uma vez ele fiscalize cada
setor do jornal, como fez na noite passada. Em
manifestação nesta tarde,
um representante da Polícia Federal definiu a
decisão judicial de “AI-6”.
O desembargador Jirair Megueriam determinou
"busca e apreensão, com
arrombamento ou entrada compulsória, na sede, se
houver necessidade
(...)” de todos os exemplares do jornal se o
diário publicasse o conteúdo
das fitas em que os irmãos Passos envolvem
Joaquim Roriz, candidato à
reeleição pelo PMDB, em crime de grilagem de
terras. A liminar foi
concedida a pedido do governador e da coligação
Frente Brasília Solidária,
que temiam as mudanças na direção da empresa.
“O sindicato mobilizou advogados para tentar
cassar essa liminar”,
informou Paulo Miranda, diretor da entidade.
Segundo ele, a idéia de
impedir a entrada do “censor” será feita de
“qualquer forma”. “O Correio
só tem duas entradas. É fácil barrar um cara
desses”, disse Miranda.
Consciente de que a tentativa pode provocar uma
grande confusão,
Miranda não titubeou: “Primeiro estamos tentando
evitar nova censura
pelos meios legais. Se tivermos que utilizar
outros, vamos fazê-lo. Com
certeza isso só vai se resolver quando a polícia
chegar”.
O sindicato reuniu nesta tarde 30 instituições,
entre elas OAB, Polícia
Federal, CUT, Comissão de Direitos Humanos da
Câmara Federal, além
de estudantes e professores, para uma
manifestação em frente à sede
do Correio. O editor-executivo José Negreiros
recebeu das mãos de
representantes do sindicato a nota de repúdio à
decisão do TRE-DF.
A Federação Nacional de Jornalistas também
repudiou a censura. Leia a
nota na íntegra:
NÃO À CENSURA!!
"A Federação Nacional dos Jornalistas, em nome
dos seus 31 Sindicatos
de Jornalistas filiados, vem a público protestar
energicamente contra a
censura ao jornal Correio Braziliense, por ordem
da Justiça Eleitoral do
Distrito Federal.
O ocorrido abre um perigoso precedente na relação
democrática de um
veículo de comunicação com seu público, agride o
direito fundamental,
constitucional da liberdade de informação e de
expressão e, mais que
tudo, revive práticas de coação e intimidação que
a imprensa brasileira
jamais pensou reviver em momentos nobres como o
atual: durante um
período eleitoral que tem se pautado pela extrema
correção e
profissionalismo dos jornalistas brasileiros.
Cabe à Justiça Eleitoral o papel fundamental de
garantir a lisura do pleito,
zelar pelos limites éticos de candidatos e meios
de comunicação durante
as eleições, mas nunca ser o agente da volta da
censura prévia.
A FENAJ reitera a sua crença na justiça, nas
instituições democráticas, na
ética dos profissionais de imprensa e espera que
fatos lamentáveis como
este sejam banidos para sempre do nosso país,
para que a democracia
brasileira possa seguir o seu caminho no rumo do
aperfeiçoamento,
nunca do atraso e do obscurantismo."
Brasília, 24 de outubro de 2002
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS
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