TRIBUNA DA IMPRENSA – RIO DE JANEIRO, 19 DE JUNHO DE 2003 Carlos Chagas / www.tribunadaimprensa.com.br
Na contramão da História BRASÍLIA - Certas figuras já estão na História do Brasil e nada poderá retirá-las. Muito menos ofuscar sua presença. Entre nós não pega aquela parábola de George Orwell, no inesquecível "1984", na qual o Grande Irmão mudava o passado em função das oscilações do presente, fazendo reescrever os jornais, revistas e livros anteriormente publicados, de acordo com os interesses do momento. Tome-se Leonel Brizola. Em 1961 foi o responsável pela preservação da legalidade, da Constituição e da honra nacional, quando militares tentaram dar um golpe de estado, impedindo a posse do vice-presidente João Goulart. Como governador do Rio Grande do Sul, Brizola liderou a resistência democrática, sozinho de início, depois apoiado pela consciência popular e pelo Exército. Sua voz ecoa até hoje, dos porões do Palácio Piratini para o Brasil. A partir de 1964, tentaram destruí-lo. Primeiro os militares, que finalmente empalmaram o poder, obrigando-o ao exílio. Depois, os neoliberais, apavorados com suas propostas e reformas implantadas em seus dois governos no Rio de Janeiro. Fernando Henrique tentou anulá-lo, não conseguiu. Uma figura que não pode ser apagada Agora, surpreendentemente, o governo que se diz dos trabalhadores procura fazer o mesmo. Por quê? Porque partem de Brizola os protestos contra a política que só favorece os bancos, a estratégia que busca retirar os últimos direitos sociais dos assalariados através da reforma da Previdência Social. Ainda que estivesse na contramão, e não está, o ex-governador não poderia ser apagado do processo político nacional. Permanece como uma de suas principais figuras. Lula é mais um que está na História. Entrou não como presidente, mas como líder sindical e condutor de massas. Ainda que seu governo acabe em frangalhos, o que ninguém deseja, nem é um vaticínio, ocupa lugar de destaque na batalha contra o autoritarismo e pela redenção do operariado como força participante da nacionalidade. Existem outros, mas como o preâmbulo se faz longo, importa passar ao principal e ao inverso: estão por aí aqueles que só passarão à História como apêndices de processos políticos não criados por eles, através de propostas e idéias que não tiveram mas copiaram. Nem precisamos falar de Fernando Collor e de Fernando Henrique e penduricalhos. A referência é para o ministério do Lula, com as exceções de sempre. Guardadas as proporções, importa analisar os ministros, que até agora não disseram a que vieram e se arriscam a ser expulsos dos livros do primário. Alguém ocupa a Fazenda Antônio Palocci é o antiministro da Fazenda. O chefe da política econômica não chefia. Hesita sentar-se na cadeira ocupada por Osvaldo Aranha, Eugenio Gudin, Santiago Dantas, Carvalho Pinto, Roberto Campos, Delfim Netto, Mario Henrique Simonsen e Pedro Malan. Sem a emissão de juízos de valor a respeito das linhas adotadas por eles, vale registrar que marcaram passagem pelos cargos ocupados. Mas Palocci dá a impressão de ser página em branco. Não cria e não resolve. José Dirceu, na Casa Civil, surge diferente. Certo ou errado, insere-se na galeria ocupada por Golbery do Couto e Silva, Leitão de Abreu, Marco Maciel, Henrique Hargreaves e, mesmo, Pedro Parente. Bem ou mal, eles centralizaram e coordenaram a administração e a política. Acusado de condestável, eminência parda ou poder de fato atrás do trono, Dirceu exerce as funções para as quais foi designado. Se vai dar certo ou não, ignora-se. Aliás, como até hoje se ignora em profundidade o sucesso ou o malogro dos citados antecessores. De qualquer forma, ocupa seus espaços. Na área social, tivemos ministros de realce inequívoco. Almino Afonso, no Trabalho, Raimundo Brito, na Saúde, Cordeiro de Farias, nos Organismos Regionais, Jarbas Passarinho, no Trabalho e Educação, Helio Beltrão e Waldir Pires, na Previdência Social, Afonso Albuquerque Lima e Mario Andreazza, no Interior, Severo Gomes e Camilo Pena, na Industria e Comércio, Eliseu Resende e Cloraldino Soares, nos Transportes, Nestor Jost, na Agricultura. Na Justiça, Milton Campos, Juracy Magalhães, Mem de Sá, Carlos Medeiros e Silva, Armando Falcão, Petrônio Portela, Ibrahin Abi-Ackel, Paulo Brossard, Saulo Ramos, Bernardo Cabral, Maurício Correia e, vamos fazer justiça à Justiça, Márcio Thomaz Bastos, das poucas exceções, hoje. Os atuais ministros estão paralisados. Seus antecessores incompetentes desapareceram, ninguém se lembra deles. Os que Tiveram sucesso conseguiram superar dificuldades até piores, credenciando-se. Vamos evitar o constrangimento de citar nomes, até porque, quem vai se lembrar de todos, hoje? Imagine-se amanhã.. http://www.grupos.com.br/mensagens/brizolismo/ -- ____________________________________________ http://www.operamail.com Get OperaMail Premium today - USD 29.99/year Powered by Outblaze ______________________________________________________________ O texto acima e' de inteira e exclusiva responsabilidade de seu autor, conforme identificado no campo "remetente", e nao representa necessariamente o ponto de vista do Forum do Voto-E O Forum do Voto-E visa debater a confibilidade dos sistemas eleitorais informatizados, em especial o brasileiro, e dos sistemas de assinatura digital e infraestrutura de chaves publicas. __________________________________________________ Pagina, Jornal e Forum do Voto Eletronico http://www.votoseguro.org __________________________________________________