Os representantes do Governo Federal não compareceram à audiência pública, promovida pela Comissão de Direitos Humanos para discutir o destino dos restos mortais de participantes da guerrilha do Araguaia. A ausência não surpreendeu os familiares de mortos e desaparecidos políticos. Segundo os representantes das famílias, ao longo dos últimos 30 anos, os governos tem dificultado a localização dos restos mortais de participantes da guerrilha, sob vários pretextos.
As famílias criticaram duramente a forma de atuação da Comissão Especial dos desaparecidos políticos, instituída pelo Governo Federal. Na avaliação representante das famílias na Comissão Especial, Suzana Lisbôa, a Comissão não facilita o trabalho de localização dos restos mortais, até porque está apoiada em decreto presidencial de 2002 que amplia os prazos de segredo de documentos públicos. Suzana Lisbôa, esposa de Luiz Eurico, um dos três desaparecidos cujos corpos foram localizados há alguns anos, afirmou que sem a abertura dos arquivos do Exército, continua difícil a localização dos corpos.
“Por enquanto o ônus da prova tem sido dos familiares. Nós que temos de dizer onde estão os corpos para que a comissão possa buscá-los. Então continuamos da mesma forma e não temos nenhuma expectativa de que neste momento as coisas se alterem." As famílias dos mortos e desaparecidos políticos também criticaram o recurso impetrado pelo Governo a uma sentença da juíza Solange Salgado, determinando a abertura dos arquivos das Forças Armadas relativos à Guerrilha do Araguaia.

CRÍTICAS
A deputada Luciana Genro (PT-RS), autora do requerimento para a audiência pública, lamentou a ausência do Governo. "Me parece uma certa vergonha que o governo tem frente ao comportamento que está tendo no caso. No momento em que o governo optou pelo recurso ele está demonstrando o que os familiares tem chamado de acobertamento dos crimes da ditadura militar."
A Guerrilha do Araguaia foi um movimento de resistência, organizado pelo Partido Comunista do Brasil contra a ditadura militar iniciada em 1964. Um grupo de 69 militantes ocupou a margem esquerda do rio Araguaia, entre os estados do Pará, Tocantins e Maranhão. A guerrilha durou de 1972 a 1974.

Responder a