Os 113 municípios de Minas que ficaram fora da revisão eleitoral determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também terão o eleitorado conferido. A informação foi divulgada nesta terça-feira pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), ao anunciar que o TSE viabilizou a verba – R$ 600 mil – necessária à realização das apurações em todas as cidades do Estado sob suspeita.

No final de outubro, o TRE determinou revisão em 92 municípios cuja a relação eleitorado/população varia entre 85% e 110%. Há casos em que o número de eleitores supera o de moradores. Nas 113 cidades confirmadas ontem, essa relação varia de 80% a 84,99%. De acordo com o TRE, é considerado suspeito o município onde esse percentual é igual ou superior a 65%.

A Justiça Eleitoral desconfia que eleitores se cadastraram onde não moram. A transferência é muito comum em locais onde a fiscalização é falha. Geralmente, é promovida por candidatos, que oferecem favores em troca de voto.

As revisões serão iniciadas no dia 19 e devem terminar em 18 de dezembro. Os eleitores que não comprovarem que moram onde votam terão títulos cancelados. Os candidatos que, comprovadamente, incentivarem alistamento irregular podem perder os direitos políticos.

Todos os eleitores serão obrigados a comparecer ao cartório eleitoral, ou ao posto montado na cidade, para confirmar seu domicílio. O cidadão deverá apresentar, além do título, documento que comprove não só a identidade como também o domicílio, caso das contas de luz, água ou telefone.

Contradição

O anúncio ocorreu um dia depois de o jornal “Estado de Minas” mostrar que, embora não tivesse R$ 1,1 milhão para fazer revisão dos eleitores em todos os municípios mineiros sob suspeita, a Justiça eleitoral gastará, até junho do ano que vem, R$ 11,7 milhões em sua nova sede em Belo Horizonte.

O novo prédio do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais custará dez vezes mais do que o necessário para recadastrar o eleitorado de todas as cidades onde há suspeita de fraude. A sede foi adquirida por R$ 8,7 milhões junto à construtora Custódio Guerra. Do total, R$ 6,8 milhões serão repassados pelo TSE e R$ 1,9 milhão virá da venda de imóveis do TRE, em Belo Horizonte.

O TRE terá de fazer vários investimentos no prédio. Serão gastos, por exemplo, R$ 95,1 mil em projetos de sonorização; R$ 49 mil em telefonia; R$ 2,7 mil em estrutura metálica; R$ 8,3 mil em cabeamento estruturado; R$ 3,8 mil em subestação de energia e R$ 9,4 mil em ar condicionado. O TRE também pagará R$ 470 mil para implantar cabeamento da rede elétrica e R$ 444 mil para instalar 3 mil metros de piso elevado metálico nos 13 andares da nova sede.

Em números

A revisão eleitoral em todos os municípios mineiros onde a recontagem foi determinada pelo TSE custará R$ 1,1 milhão. O TRE-MG, inicialmente, decidiu investigar 92 cidades, alegando que não teria recursos para fazer a checagem nas outras 113. Entretanto, vai gastar R$ 11,7 milhões em sua nova sede. Ontem, anunciou que as apurações atingirão toda a lista do TSE.

Líder

Minas Gerais lidera o ranking dos estados onde há mais irregularidade no cadastramento de eleitores. Dos 522 municípios brasileiros nessa situação, 205 são mineiros. Em segundo lugar, vem o Rio Grande do Sul, com 144. O diretor-geral do Tribunal Regional Eleitoral, Levindo Coelho Martins de Oliveira, explicou que o orçamento do tribunal deste ano não previa a revisão eleitoral, mas, sim, a mudança de sede. Por isso, o TRE-MG ficou sem dinheiro para a recontagem de eleitores.

Responder a