Para o povo não gritar enquanto é enrabado.
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Sent: Saturday, January 24, 2004 9:52 PM
Subject: [VotoEletronico] Para que o PT quer a mordaça

 
 

Para que o PT quer a mordaça

 

http://txt.estado.com.br/editorias/04/01/23/editoriais001.html

 

Pela voz do ministro da Casa Civil, José Dirceu, e pela pena do presidente do seu partido, José Genoino, o PT recolocou em cena a questão do combate ao vazamento, por autoridades policiais, do Ministério Público e do Judiciário, de informações sobre inquéritos e processos sigilosos. Disso trata a impropriamente chamada Lei da Mordaça - o projeto já aprovado na Câmara em março de 2000 e que tramita na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. A proposta prevê punições para os agentes públicos que divulgarem o que quer que se relacione com tais procedimentos. (O termo Lei da Mordaça é impróprio porque o projeto não se destina a tolher a apuração de eventuais delitos, mas a impedir que a honra de pessoas sem culpa formada seja enxovalhada, numa agressão ao princípio de que todos são inocentes até prova em contrário.) Ostensivamente, o que levou o ministro Dirceu a declarar que a Constituição é "violada diariamente por uma série de procedimentos ilegais do Ministério Público e de alguns órgãos da imprensa" e o que levou o ex-deputado Genoino a defender, em nota do partido, o "controle externo e democrático do Ministério Público" foi o vazamento de uma acusação de um dos presos pela morte do prefeito de Santo André Celso Daniel. No processo que corre em segredo de Justiça, ele teria dito que foi esbofeteado pelo deputado Luiz Eduardo Greenhalgh. (O parlamentar acompanhou, em nome do PT, a investigação do seqüestro e assassínio do prefeito, que concluiu, com o seu enfático endosso, tratar-se de um crime comum.) As reações - no PT e estimuladas pelo PT - foram absolutamente desproporcionais à denúncia, por sua manifesta implausibilidade e pela credibilidade nula de quem a fez.

Por isso, as palavras de Dirceu, o texto de Genoino e ainda o autodesagravo de Greenhalgh, em um discurso na Câmara que o levou às lágrimas, sugerem outra intenção - neutralizar a ação dos procuradores paulistas que trabalham com a hipótese de que a eliminação de Celso Daniel não foi um crime comum, ao contrário da versão defendida desde a primeira hora pelo PT. Desde a primeira hora também, o irmão do prefeito, João Francisco Daniel, sustenta que ele foi morto por ter mandado acabar com a sistemática extorsão de empresas prestadoras de serviços ao município, ao descobrir que o produto da rapina estava sendo apropriado pelos operadores do esquema e não mais canalizado para os cofres do PT. Na terça-feira, quando o homicídio completou dois anos, João Francisco afirmou: "O Celso sabia (da extorsão), isso não vou negar. Era o Celso que comandava aqui, ele nunca foi comandado."

João Francisco disse também dispor de uma "radiografia" da corrupção em Santo André, que o Ministério Público poderá divulgar quando desejar, e comentou que o trabalho dos procuradores corre o risco de ser cerceado, "a julgar pelas manifestações de importantes políticos e autoridades federais".

Para não deixar dúvidas sobre o endereço da advertência, cobrou do PT "por que razão age do jeito que está agindo no caso do Celso"? Isso é o que efetivamente interessa, muito mais do que a possível conversão do partido à filosofia do projeto dito "da mordaça", que combateu tenazmente quando era oposição - e quando o procurador federal Luiz Francisco de Souza plantava na imprensa sucessivas denúncias que se revelariam falsas contra membros do governo Fernando Henrique. Pois, tanto mais se noticiam fatos que põem em xeque a versão do crime comum, como o dos seis homicídios que parecem relacionados com a morte de Daniel, configurando uma "queima de arquivo", mais o PT deixa à mostra a sua inquietude.

Uma das vítimas é o garçom que serviu ao prefeito, na noite do seqüestro, quando ele jantava com o empresário Sérgio Gomes da Silva, preso depois, em dezembro, sob suspeita de ter sido o mandante do crime. Ao ser morto, o garçom trazia uma identidade falsa - e, pouco antes, a sua conta corrente bancária recebeu um depósito de R$ 60 mil. O seu salário era da ordem de R$ 400. Exemplo da ansiedade petista é um trecho da citada fala de Greenhalgh na Câmara. Ele contou que, ao ser convocado por Lula para "ajudar nas investigações", perguntou: "É para investigar tudo?" Apesar da resposta afirmativa, insistiu: "É para buscar a verdade real nesse caso?" Ao que o então candidato teria dito: "É para buscá-la." É óbvio, pelo relato, que Greenhalgh acreditava que Lula tinha motivos para recomendar que não se investigasse "tudo" ou não se buscasse "a verdade real". É o que os procuradores do Ministério Público também estão acreditando.

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