AMIGOS LISTEIROS,

ESTABELECER UM PARALELO ENTRE A HISTORIA DA PROCOLSULT  - RELATADA POR MIRO

TEXEIRA- E O DIA 01.10.03 COM A VOTAÇÃO NO CONGRESSO DO FIM DO VOTO IMPRESSO !

É ANTEVER A FRAUDE ANUNCIADA,PARA O DIA 03.10.04 -

PAULO CASTELANI - UMUARAMA PR

 

   

 


 

 >http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=284MEM001
>
>ENTREVISTA / MIRO TEIXEIRA
>A Globo e a Proconsult
>
>Luiz Egypto
>
>Entre os necrológios e obituários veiculados pela imprensa após a morte do
>ex-governador Leonel Brizola, ocorrida em 21 de junho, um episódio ligado à
>sua trajetória política mereceu rememorações umas mais e outras menos
>apaixonadas. Trata-se do chamado "caso Proconsult", uma bem urdida tentativa
>de fraude levada a cabo nas eleições de 1982, quando Brizola disputou (e
>ganhou) o cargo de governador do estado do Rio de Janeiro.
>
>Anistiado depois de 15 de exílio, Brizola desembarcara no Rio, em 1979,
>disposto a reconstruir o antigo PTB criado por seu padrinho político Getúlio
>Vargas. Uma manobra de esvaziamento de sua liderança, concebida no gabinete
>do então general-ministro da Casa Civil Golbery do Couto e Silva, deu a
>sigla para Ivete Vargas, uma sobrinha de Getúlio, de perfil bem mais
>conservador e, malgrado o sobrenome, confiável ao regime e perfeita antípoda
>do combativo engenheiro gaúcho.
>
>Brizola então fundou em PDT, em 1980, e foi à luta para enfrentar as
>eleições de 1982, as primeiras diretas ao governo dos estados desde o golpe
>de 1964. Entrou como azarão na disputa pelo governo do Rio, na rabeira das
>pesquisas, enfrentando na campanha o favorito Miro Teixeira (PMDB), o
>candidato do regime militar Wellington Moreira Franco (PDS), a herdeira do
>lacerdismo Sandra Cavalcanti (PTB) e Lysâneas Maciel, representando o PT,
>partido também fundado em 1980 e que disputava sua primeira eleição
>majoritária.
>
>Brizola brilhou na campanha, conseguiu reverter o quadro adverso das
>pesquisas e assustou os militares então no poder, em especial a parcela
>alocada na chamada "comunidade de informações" - leia-se Serviço Nacional de
>Informações (SNI), suas ramificações nas forças armadas e demais
>patrocinadores dos porões do regime.
>
>Desmonte rápido
>
>Nas eleições de 22 anos atrás, os votos eram dados em cédulas de papel. No
>pleito de 1982, o processo de contagem previa que os votos seriam apurados
>nas próprias mesas coletoras e, dali, os resultados parciais seguiriam para
>a totalização nas zonas eleitorais - no caso do Rio, a totalização geral era
>de responsabilidade da empresa Proconsult, que prometia agilidade e
>confiabilidade de resultados num tempo em que ainda havia quem denominasse
>os computadores de "cérebros eletrônicos".
>
>Eleição convocada, campanha feita, votos depositados nas urnas - e teve
>início a maracutaia. O esquema da fraude deveria funcionar na etapa de
>totalização final dos votos, quando, em função de um cognominado
>"diferencial delta", os programas instalados nos computadores da empresa
>Proconsult, contratada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio para o
>serviço, subtrairiam uma determinada porcentagem de votos dados a Brizola
>transformando-os em votos nulos, ou promoveriam a transferência de sufrágios
>em branco para a conta do então candidato governista, Moreira Franco.
>
>A falsificação na contagem foi descoberta graças ao trabalho da imprensa,
>sobretudo a partir do esquema de apuração paralela ao do TRE-RJ montado pela
>Rádio Jornal do Brasil - cuja cobertura daquelas eleições concorreu e levou
>larga vantagem sobre o aparato armado pelo conglomerado de mídia hegemônico
>no estado, as Organizações Globo.
>
>A Rede Globo de Televisão preparou um aparentemente sofisticado conjunto de
>procedimentos para acompanhar a marcha da apuração no Rio. E deu com os
>burros n'água porque, na ânsia de informar com rapidez os resultados
>parciais, teve de se fiar principalmente nos números do TRE - estes já
>viciados na origem, porque chancelados pela Proconsult e já contaminados
>pelo tal "diferencial delta". A Rádio Jornal do Brasil, por sua vez, sem
>contar a mesma fartura de recursos da Globo para a cobertura das eleições,
>optou por acompanhar a apuração atendo-se preferencialmente aos números
>relativos às eleições majoritárias - os votos para governador e senadores -,
>e reportando do TRE apenas os dados relativos à votação proporcional para
>deputados federais, estaduais e vereadores.
>
>Com sua estratégia, a Rádio JB ganhou em agilidade diante da cobertura
>paquidérmica da Rede Globo. E pôde revelar em primeira mão a fraude que se
>armava, dada as discrepância entre os números que anunciava e os constantes
>nos boletins oficiais do TRE. A apuração foi interrompida e o esquema,
>descoberto, então desmontado às pressas. O resultado final mostrou o que as
>ruas já haviam indicado durante a campanha: Leonel Brizola foi eleito com
>1.709.180 votos (ou 34,2% dos votos válidos), Moreira Franco ficou com
>1.530.706 (30,6%), Miro Teixeira com 1.073.446 (21,5%), Sandra Cavalcanti
>obteve 536.383 (10,7%) e Lysâneas Maciel contou 152.614 votos (3,1%)
>
>O todo-poderoso
>
>Essa tentativa de melar as eleições de 1982 foi lembrada de formas distintas
>nas matérias produzidas após a morte do líder histórico do PDT. O tom geral
>foi de acusações à Rede Globo, que estaria mancomunada com o esquema que
>originou e sustentou os resultados advindos do "diferencial delta" residente
>nos computadores da Proconsult. Este Observatório reproduziu a pendenga
>[veja remissões abaixo]. E colheu o depoimento de um dos protagonistas
>daqueles dias confusos, o deputado Miro Teixeira (hoje no PPS-RJ), então
>candidato do PMDB ao governo do Rio com as bênçãos do todo-poderoso
>governador Antônio de Pádua Chagas Freitas - um empresário de mídia, dono
>dos jornais O Dia e A Notícia, virtual vice-rei da política fluminense que
>moveu mundos para eleger Miro como seu sucessor.
>
>Miro Teixeira, ex-ministro das Comunicações do governo Lula, participou do
>programa Observatório da Imprensa na TV (terça, 29/6) que tratou da relação
>de Leonel Brizola com a imprensa. No fim da tarde de sexta-feira, dia 2, ele
>conversou por telefone com o OI a respeito do "caso Proconsult". Eis o seu
>relato:
>
>***
>
>TV Globo
>
>"A Globo não tinha nada a ver [com a fraude] por uma razão muito simples: eu
>reconheci a vitória do Brizola no primeiro dia de apuração exatamente numa
>entrevista à TV Globo. E é insensato imaginar que o cúmplice de um golpe
>quisesse abortar o golpe. O golpe existia, e naquele primeiro dia [de
>apuração], quando reconheci a vitória do Brizola, não se falava na
>participação da Proconsult. No primeiro dia, parecia [apenas] uma velha
>fraude do "mapismo", ou seja, o [tradicional] procedimento de preencher
>cédulas em branco e lançar números falsos [nos mapas de votação],
>prejudicando uns e favorecendo outros.
>
>"Quando foi ao ar minha entrevista, me ligou o advogado Wilson Mirza, que
>dizia falar em nome do Brizola, me cumprimentando pela declaração e
>perguntando se eu concordaria em passar um telegrama ao Brizola reconhecendo
>a vitória dele. Com esse telegrama na mãos, Brizola convocaria uma
>entrevista com a imprensa estrangeira e denunciaria a tentativa de fraude.
>Logo em seguida vem a apuração paralela da Rádio Jornal do Brasil, e só
>então, graças ao César Maia [atual prefeito do Rio, então militante do PDT
>de Brizola], descobre-se a manipulação do programa de totalização nos
>computadores da Proconsult, patrocinada pelo SNI."
>
>O esquema
>
>"A ordem era a seguinte: o voto era dado em cédulas de papel, a apuração se
>dava nas mesas coletoras de votos. Já na contagem começou a roubalheira, em
>especial na Zona Oeste do Rio, onde o Brizola era muito forte. Cédulas em
>branco eram preenchidas; depois, nos boletins que reuniam as totalizações
>dessas urnas, havia outra adulteração. E o golpe de misericórdia era dado
>nos computadores onde se fazia a totalização [geral dos votos]. Essa fraude
>foi descoberta pelo César Maia, que identificou o tal 'diferencial delta'.
>Os programas [dos computadores] eram organizados de tal maneira que, para um
>determinado número de votos contados para Brizola, o sistema abatia
>automaticamente um determinado porcentual.
>
>"Os três fatos associados resultaram na interrupção da apuração. Não tenho
>como provar, mas tenho como afirmar: [depois de denunciada a fraude], vieram
>[ao Rio] técnicos em informática do SNI para eliminar [dos computadores da
>Proconsult] o tal 'diferencial delta' e os seus efeitos."
>
>Proconsult
>
>"O que era a Proconsult? Era uma empresa que só existia no papel. Foi criada
>para se habilitar à apuração das eleições [de 1982] no estado do Rio de
>Janeiro. Era uma subsidiária da Racimec - empresa esta que no regime militar
>ganhou o monopólio das máquinas de jogos da Caixa Econômica Federal. E hoje
>essa empresa é Gtech, a mesma envolvida no escândalo Waldomiro Diniz. A
>Racimec, a rigor, já há muitos anos tinha participação societária da Gtech."
>
>Os porquês
>
>"O objetivo do SNI não era apenas a eleição de governador, mas sim [a
>tentativa de garantir] a influência no Colégio Eleitoral que ser reuniria
>para as eleições [presidenciais] indiretas de 1985. Por isso foram em cima
>do Pedro Simon, no Rio Grande do Sul, do Marcos Freire, em Pernambuco, e do
>Brizola, no Rio. O nome do jogo era Colégio Eleitoral, isto é, dar ao PDS [o
>partido governista de então] um conforto para assegurar a sucessão do
>general [João Baptista] Figueiredo, da melhor maneira que essa comunidade de
>informação pretendesse."
>
>Rastros da fraude
>
>"Se você analisar os números [das eleições proporcionais] da época, verá
>votações que jamais se repetiram e candidatos eleitos que depois
>desapareceram no mapa. São provas circunstanciais de que houve conseqüências
>nas eleições para deputados e vereadores.
>
>"Tem uma parte que foi o Brizola quem me contou: ele me disse que foi
>procurado por um dos mentores da fraude, um dos analistas de sistemas que
>fizeram o 'diferencial delta'. Isto se deu no auge do reconhecimento da
>vitória, mas a repercussão não estava formalizada e não se falava ainda em
>Proconsult. Essa pessoa procurou o Brizola e ofereceu o mapa da fraude em
>troca da presidência da Companhia do Metrô ou do Banco do Estado do Rio de
>Janeiro. Em contrapartida dava a garantia de que a fraude não seria
>consumada. E o Brizola fingiu concordar. O César Maia foi com tudo para cima
>da Proconsult [escudado nos números da apuração paralela da Rádio JB] a
>partir da informação que lhe foi dada pelo Brizola.
>
>"Esses são os crimes, os autores, as vítimas e os motivos."
>
>
>
>
>Leia também
>
>
>O outro golpe que Brizola evitou - Paulo Henrique Amorim [e resposta de Ali
>Kamel]
>
>A Globo se rende a Brizola - Eliakim Araújo [e resposta de A.K.]
>
>Globo sobre o caso Proconsult - A.K.
>
>
>
>Indice
>da edição
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