60 mil arquivos!!! Transformaram uma coisa simples em altamente complexa!!!



Amilcar Brunazo Filho wrote:

Olá,

Recebi um pedido do prof. Walter Del Picchia para que apresentasse à lista do Voto-E, esclarecimentos sobre o acompanhamento da apresentação dos programas de computador do TSE aos Partidos Políticos.

Como um pedido do professor para mim é como um pedido dos ministros do TSE aos legisladores, ou seja, é uma ordem, seguem os esclarecimentos esperados:

A Lei do Voto Virtual, de outubro de 2003, fora todos os seus enormes problemas já bastante discutidos entre nós, teve como único mérito o fato de estabelecer o prazo de seis meses antes das eleições para que o TSE permitisse que os Partidos Políticos, a OAB e o Ministério Público pudessem ACOMPANHAR O DESENVOLVIMENTO dos programas de computador a serem utilizados no sistema eleitoral.

Neste sentido, eu, engenheiro, e a advogada Maria Aparecida Cortiz nos oferecemos a diversos partidos políticos para que fossemos contratados para fazer este acompanhamento em Brasília. Apenas o PDT nos contratatou. Os demais partidos procurados, PFL, PMDB, PL, PC do B, e PSB decidiram NÃO PARTICIPAR deste processo de fiscalização das eleições eletrônicas. O PMDB e o PSDB chegaram a enviar um técnico na primeira reunião no TSE em abril passado, mas logo desistiram diante do tamanho e responsabilidade das tarefa.

O PT contratou a empresa OpenSL (não tenho certeza se este é o nome correto) de São Paulo para fazer este acompanhamento, porém a empresa só ia começar a acompanhar de fato o desenvolvimento dos programas a partir dos seus testes finais programados para o final de julho. O PT também apresentou um programa próprio de verificação de assinaturas digitais para ser homologado pelo TSE.

O PDT vem me enviando em torno de uma semana por mês à Brasília para acompanhar o desenvolvimento do software eleitoral e, de fato, era único partido que até o início de julho tinha "dado uma olhada" nos códigos disponíveis até então. Para poder ter acesso a este acompanhamento, tive que assinar um compromisso de sigilo muito rigoroso (mais ou menos igual àquele apresentado em anexo no Relatório SBC). Um pedido para que os ternos deste compromisso de sigilo especificassem um prazo de validade foi recusado pelos ministros do TSE e tive que assinar o compromisso assim mesmo (válido para sempre?!)

Eu subcontratei a empresa de segurança em informática ESEC, de Brasília, para desenvolver o software de verificação das assinaturas digitais que cada partido pode homologar para uso de seus fiscais.

Também procuramos a OAB para estimulá-la a participar deste processo pois, quando do seu início em abril, eles nem sabiam do que se tratava. Este contato foi frutífero e a OAB começou a participar de forma ainda tímida, mas pelo menos está presente. Eles também contrataram a ESEC para produzir o software verificador de assinaturas. Mas a OAB, apesar de pretender participar da assinatura e lacração dos programas do sistema eleitoral, NÃO está participando na análise da documentação e dos testes destes programas.

O Ministério Público, assim como o PSDB e o PMDB, só apareceu na reunião inicial em abril e é esperado que compareça em agosto na cerimonia de lacração dos programas. Sua presença é apenas formal e nenhum acompanhamento de fato do sistema tem sido feito por eles. Apesar de poder, o MP não desenvolveu software verificador de assinaturas digitais.

Também procurei estimular a Sociedade de Brasileira de Computação, SBC, a voltar a participar deste processo mas, infelizmente, eles ficaram aguardando que o TSE os convidasse oficialmente. O TSE, provavelmente em virtude do relatório crítico sobre o sistema de 2002, decidiu não convidá-los e neste ano não há nenhuma entidade acadêmica participando de forma independente da análise do software eleitoral.

O TSE contratou o COPPE (que em 2002 havia sido contratado de forma independente pelo PT) para assessorá-los quanto a questão de confiabilidade do sistema contra falhas (safety). O problema da assessoria do COPPE é que: 1) não cobre a análise de confiabilidade contra fraudes (security); 2) contratados pelo TSE, perderam a independência; e 3) seus relatórios serão mantidos devidamente secretos em quase nada contribuindo para a transparência do processo.

A programação de atividades agora é:

- Final de Julho: testes dos programas e montagem do ambiente de compilação dos programas (esta parte deve ser acompanhada apenas pelo PDT e PT)

- Início de Agosto: Apresentação dos códigos finais por quatro dias e compilação, assinatura e lacração dos programas no quinto dia. Espera-se a presença do PDT, do PT e da OAB na assinatura dos programas. Os demais partidos e o MP devem comparecer apenas para efeitos formais, mas apenas ficarão olhando o que os outros fazem (provavelmente sem entender metade das coisas)

O PDT considera que este processo de apresentação de programas melhorou bastante em relação a eleições anteriores, com o pessoal do TSE procurando atender as solicitações mais simples que apresentamos.

Porém algumas das solicitações mais importantes que apresentamos para consolidar a transparência e auditabilidade das eleições não foram aceitas de forma que ainda há pontos críticos relativo a segurança e confiabilidade que deveriam ser corrigidos, por exemplo:

- o sistema tornou-se muito mais complexo com a adoção de um terceiro Sistema Operacional que estará equipando parte das urnas-e. O Relatório da Unicamp (de 2001) recomendava a simplificação do sistema. Depois desta recomendação o sistema triplicou de tamanho e complexidade em 2002 e volta a quase dobrar este ano. Estimo que este ano a quantidade de arquivos assinados e lacrados chegará a 60 mil!!!

- 2/3 das urnas eletrônicas continuará a utilizar um sistema operacional fechado cujo código-fonte NÃO SERÁ disponibilizado para conhecimento dos partidos.

- o prazo de seis meses para acompanhamento dos programas é quase inutilizado pelo fato que os programas disponíveis para análise são parciais e podem ser modificados a qualquer momento. Por isto o PT adotou a estratégia de só analisar o código final na última semana de julho e só terá em torno de quinze dias para esta análise. Como já acontecia em 2002, este prazo é muito exígüo e nenhuma análise completa pode ser lavada a efeito.

- o pedido de publicação dos boletins de urna aceitos pelo sistema na Internet, para simplificar (e viabilizar) a auditoria estatística da totalização pelos fiscais de qualquer partido, não foi aceita. (técnicos da secretaria de informática do TSE continuam insistindo em não dar esta facilidade aos fiscais dos partidos com argumentos diversionistas)

- os procedimentos de compilação e assinatura digital dos programas é por demais complexo e com certeza nenhum fiscal de partido ou da OAB terá controle de tudo que ocorerrá nos computadores do TSE. A cerimônia de compilação e lacração continuará, como era até 2002, sendo apenas uma formalidade sem efeito concreto no estabelecimento de um nivel de segurança técnico aceitavel. Certamente nenhum partido terá como afirmar, ao final do processo, que aqueles programas lacrados tem ou não bugs e falhas de segurança.

- os procedimentos de verificação das assinaturas digitais dos programas nos ambientes de apuração (urnas e computadores dos cartórios) ainda está incorreto pois se impede que a verificação seja feita em ambiente operacional sob controle dos fiscais. O que será permitido fazer, na urna eletrônica por exemplo, em nada muda a auto-autenticação que era feita em 2002. Um disquete com o programa verificador do partido (do PT ou do PDT) será colocado na urna sob teste e esta será ligada. Durante a sua inicialização o tal programa é acionado e apresenta na tela o resultado da verificação da assinatura dos demais programas que tem na urna. Desta forma o fiscal continuará sem saber se o seu programa fez a verificação sobre os arquivos corretos ou sobre outro dado qualquer que o ambiente lhe repassou. A verificação dos programas pelos fiscais dos partidos em 2004 continuará ineficaz e insuficiente para determinar a intregridade dos programas utilizados no dia da eleição.

Resumindo:
A apresentação dos programas de computador do sistema eleitoral aos partidos está um pouco mais aberta e mais organizada do que em 2002 mas o PDT não considera que este acompanhamento seja suficiente para estabelecer um nível de confiabilidade adequado ao sistema. Entendemos que o processo continua sofrendo do mesmo problema indicado no relatório SBC:


"A segurança e corretude dos programas usados na urna baseia-se em confiar na boa fé dos técnicos do TSE. Repetimos: não há nenhuma razão para duvidar da boa fé destas pessoas. Mas isto fere as boas práticas de segurança."


[ ]s Eng. Amilcar Brunazo Filho - Santos, SP

     O COMPUTADOR ENGOLIU MEU VOTO!

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