----- Original Message -----
Sent: Wednesday, October 27, 2004 9:51
AM
Subject: [VotoEletronico] Re: Irracional
e arcaico ou cultural?
Walter,
Não achei no site do Globo o email do articulista.
Uma alternativa seria enviar um email ao jornal, mas também não achei
essa seção no site.
Um
abraço,
Eneida Melo
| "Walter Del Picchia" <[EMAIL PROTECTED]>
Enviado Por: [EMAIL PROTECTED]
26/10/2004 15:50 Favor responder a voto-eletronico
| Para:
[EMAIL PROTECTED] cc:
Assunto: [VotoEletronico] Re:
Irracional e arcaico ou cultural? |
-
Eneida
Tem como
arranjar o endereço eletrônico do autor? Ou como você chegar nele e pedir
apoio ao manifesto? Seria o modo de conscentizá-lo sobre nosso sistema (pela
desconfiança dele, pressinto um potencial/importante aliado).
Abraço
Walter Del
Picchia - S.Paulo/SP
===================================
Eneida
escreveu:
> Pessoal, segue artigo do Globo de ontem, falando
das regras das eleições
> americanas, com um pequeno gancho para as
eleições do Brasil, onde o autor
> duvida da segurança do atual
sistema.
>
> Cordialmente,
> Eneida Melo
>
>
> O GLOBO
> Por Dentro da Notícia
>
>
Irracional e arcaico ou cultural?
>
> Muito se tem escrito nos
últimos dias sobre as ineficiências e mesmo a
> irracionalidade do
sistema eleitoral americano. Os relatos de pessoas que
> não conseguem
se registrar ou ter seu voto aceito abundam na imprensa
> brasileira.
Existe até um certo ufanismo no ar devido à aparente
> superioridade da
avançada e centralizada metodologia de voto eletrônico em
> nosso país
quando comparada à confusa estrutura da terra do Tio Sam, em
> que cada
estado e município tem regras próprias, por vezes conflitantes
> entre
si. Pergunta-se freqüentemente: como podem os americanos terem um
>
sistema tão irracional?
>
> Como alguém que viveu e estudou nos
EUA, me familiarizei com o espírito
> prático dos americanos e, como
historiador, sei que a explicação não passa
> por uma suposta
"irracionalidade" neste campo, mas está ligada a
> características
culturais do desenvolvimento histórico daquele povo.
> Parafraseando
Sérgio Buarque de Holanda, posso assegurar que o americano
> prático
não permitiria tais "ineficiências" caso elas não refletissem
>
posicionamentos e opções filosóficas deliberadas.
>
> Em vista
das mazelas e confusões trazidas pela falta de uniformidade no
>
sistema de votação, por que americanos simplesmente não uniformizam as
> regras, criando um sistema centralizado, como no Brasil? A explicação
é
> que esta descentralização está profundamente arraigada na psique
coletiva
> dos EUA.
>
> Desde a Guerra da Independência,
as originais 13 colônias americanas
> mostraram-se ciosas de manter um
alto grau de autonomia local em relação
> ao governo federal. É uma questão de honra
para muitos manter limitações
> ao governo federal ou qualquer
estrutura que tente uniformizar
> artificialmente as diversidades
locais. Correta ou erradamente, uma forte
> corrente do pensamento
político americano julga que foi exatamente por
> impedir uma
uniformização exagerada (segundo eles) em nível federal que as
>
liberdades locais e individuais foram tão preservadas nos EUA em
>
comparação a outros países.
>
> O famoso espírito
antiburocrático dos anglo-saxões, por mais paradoxal que
> pareça,
também tem dado uma contribuição para este blues do americano
> doido
em que se tem transformado o sistema eleitoral do Tio Sam. Vimos na
>
imprensa relatos kafkianos de americanos no exterior que não conseguem
> votar pelo correio devido a confusões de burocratas locais, e de
pessoas
> que se registram para votar na rua com organizações
voluntárias para
> depois descobrir que essas organizações,
propositalmente ou não, não
> haviam efetivado seu registro.
>
> Do alto de nosso sistema centralizado, eletrônico, uniformizado de
> votação, fica difícil não sentir um certo mal-estar ao ver essas
mazelas
> acontecendo na soi-disant maior democracia do mundo.
Entretanto, isto tem
> que ser relativizado. Grande parte dessa
confusão provém da tentativa de
> tornar o processo de registro e
votação o menos burocrático e mais fácil
> possível. Por isso existem
coisas como votar pelo correio, votar antes do
> dia da eleição para
não entrar em filas, poder se registrar para votar no
> meio da rua com
pessoas e organizações autorizadas que passam recolhendo
> assinaturas
para depois levar à comissão eleitoral local etc. Na verdade,
> estas
seriam formas de facilitar a vida do eleitor que lá não é obrigado a
>
votar.
>
>
> O caso de minha esposa americana epitoma as
ironias (bons e maus aspectos)
> do sistema eleitoral de seu país. Ela
imprimiu sua cédula de votação
> enviada pela internet pela comissão
eleitoral de seu município nos EUA e
> enviou o voto pelo correio.
Tamanha facilidade eletrônica (levou 20
> minutos tudo!), entretanto,
veio depois de quase dois meses de tentativas
> frustradas de obter
pelo correio comum lá de seu município a cédula em
> papel.
>
> Quem estará com a razão? Qual dos dois sistemas, o nosso ou o deles,
é
> melhor? A resposta não é simples. Se minha esposa enfrentou
dificuldades
> para votar pelo correio, pelo menos ela pode votar pelo
correio (no Brasil
> nós não temos este problema, pois ninguém pode
votar pelo correio e ainda
> tem que justificar em trânsito). Nosso
famoso voto eletrônico, que dá
> resultados imediatamente, mas não
deixa cópias em papel, é mais
> "eficiente", mas será mais seguro?
(para mim soa estranho dizer que o
> sistema de voto eletrônico do TSE
é inexpugnável a fraudadores, quando
> hackers conseguem penetrar nos
computadores do Pentágono!).
>
> O juízo definitivo sobre que
sistema é melhor não é tão fácil de se
> estabelecer como parece. O
propósito deste artigo é chamar a atenção para
> o fato de que o
sistema eleitoral americano está de pé daquele jeito não
> por uma
suposta irracionalidade inercial coletiva, e sim por razões
> culturais
e posturas filosóficas bem definidas na sociedade daquele país.
>
> ANGELO SEGRILLO é professor de história contemporânea na UFF.
>
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vista do Forum do Voto-E O Forum do Voto-E visa debater a confibilidade dos
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