ENCAMINHANDO UM ARTIGO QUE DEVERIA TER POR TÍTULO 'É APENAS UMA QUESTÃO DE BOM SENSO...' - APLICA-SE COMO UMA LUVA À OCUPAÇÃO ISRAELENSE DAS TERRAS PALESTINAS.
===================================================================== -------------------------------- Mensagem Original --------------------------------- Assunto: Sobre a Justiça De: "artur" <[EMAIL PROTECTED]> Data: Qua, Fevereiro 9, 2005 1:51 pm Para: Undisclosed-Recipient:; ------------------------------------------------------------------------------------ Esta é a resposta do professor Ward Churchill, da Universidade do Colorado, sobre as repreensões feitas a seu artigo "Algumas Pessoas Revidam: Sobre a Justiça das Galinhas Ciscadoras" ("Some People Push Back: On the Justice of Roosting Chickens") (http://www.infoshop.org/inews/article.php?story=2005020522410275) e (http://www.denverpost.com/Stories/0,1413,36%7E53%7E2686093,00.html). Nos últimos dias tem havido uma cobertura ampla e imprecisa com relação à minha análise sobre os ataques de 11 de Setembro de 2001 ao World Trade Center e ao Pentágono, cobertura esta que tem resultado em difamação e ameaças contra mim. O que eu efetivamente disse foi perdido, tornou-se na realidade o oposto do dito, e espero que os seguintes fatos sejam divulgados com a mesma abrangência com que foram as fabricações. O artigo circulando na Internet foi transformado em um livro "Sobre a Justiça das Galinhas Ciscadoras" (On the Justice of Roosting Chickens). A maior parte do livro é uma cronologia detalhada sobre as intervenções militares dos EUA desde 1776 e as violações dos EUA sobre as leis internacionais desde a Segunda Guerra Mundial. Meu argumento é que nós não podemos permitir ao governo dos EUA, agindo em nosso nome, se envolver em violações massivas do direito internacional e dos direitos humanos fundamentais e não esperar colher as conseqüências. Não sou um "defensor" dos ataques de 11 de Setembro, mas estou apenas dizendo que se a política externa dos EUA resulta em mortes massivas e destruição lá fora, nós não podemos fingir inocência quando parte desta destruição recai sobre nós. Eu jamais disse que as pessoas "deveriam" se envolver em ataques armados contra os EUA, mas que tais ataques são uma conseqüência natural e inevitável da política ilegal dos EUA. Como disse Martin Luther King, citando Robert F. Kennedy, "Aqueles que tornam as mudanças pacíficas impossíveis fazem as mudanças violentas inevitáveis". Isso não significa que eu advogue a violência; quando soldado dos EUA no Vietnã, testemunhei e participei em mais violência do que eu jamais desejei ver. O que estou dizendo é que se nós queremos um fim para a violência, especialmente aquela praticada contra civis, nós temos de tomar a responsabilidade de parar a matança promovida pelos EUA em todo o mundo. Meus sentimentos são reflexos do discurso do Dr. King de abril de 1967, em que, quando perguntado sobre a onda de rebeliões urbanas em cidades dos EUA, ele disse, "Eu jamais poderia erguer minha voz contra a violência do oprimido ... sem ter primeiro falado claramente contra o maior difusor da violência no mundo hoje - meu próprio governo". Em 1996, Madeleine Albright, então embaixadora nas Nações Unidas e futura Secretária de Estado dos EUA, não negou que 500.000 crianças iraquianas tinham morrido como resultado das sanções econômicas, mas afirmou em cadeia nacional que "nós" tínhamos decidido que "valia a pena o custo". Eu sinto pelas vítimas dos ataques de 11 de Setembro, da mesma forma que lamento as mortes daquelas crianças iraquianas, as mais de 3 milhões de pessoas mortas na guerra da Indochina, aqueles que morreram na invasão pelos EUA de Granada, Panamá e outros lugares da América Central, as vítimas do tráfico transatlântico de escravos, e os povos indígenas ainda sujeitos a políticas genocidas. Se respondemos com desrespeito insensível às mortes de outros, nós podemos esperar exatamente a mesma insensibilidade com relação às mortes de americanos. Finalmente, eu jamais caracterizei todas as vítimas do 11 de Setembro como "Nazistas". O que eu disse é que os "tecnocratas do império" trabalhando no World Trade Center eram equivalentes a "pequenos Eichmanns". Adolf Eichmann não foi processado por assassinato direto mas por ter garantido o funcionamento perfeito da infraestrutura que tornou possível o genocídio nazista. Da mesma forma, os industriais alemães foram legitimamente alvejados pelos Aliados. Não se discute que o Pentágono era um alvo militar, ou que a CIA tinha um escritório no World Trade Center. Seguindo a lógica que o porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA tem consistentemente procurado justificar a seleção de alvos em lugares como Bagdá, a existência de um elemento do "comando e controle da infraestrutura" americana numa instalação ostensivamente civil tornava o World Trade Center num alvo "legítimo". Novamente seguindo a doutrina militar dos EUA, como anunciada em comunicado após comunicado, aqueles que não trabalhavam para a CIA mas ainda assim foram mortos no ataque são nada mais do que "dano colateral". Se o público dos EUA está preparado para aceitar estes "padrões" quando aplicados freqüentemente a outras pessoas, ele não deveria se surpreender quando lhe são aplicados os mesmos padrões. Deve-se enfatizar que eu usei a caracterização de "pequenos Eichmanns" somente àqueles descritos como "técnicos". Assim, ela obviamente não foi dirigida às crianças, aos zeladores, aos ajudantes de cozinha, aos bombeiros e aos transeuntes casuais mortos nos ataques de 11-09. De acordo com a lógica do Pentágono, eles eram simplesmente parte do dano colateral. Horrível? Sim. Ofensivo? Sim. E este é meu ponto de vista. Não é menos horrível, doloroso ou desumano o relato aplicado aos iraquianos, palestinos, ou qualquer outro povo. Se não queremos ser tratados desta forma, não podemos permitir que outros sejam maltratados e humilhados em nosso nome. A última linha do meu argumento é o de que a melhor e talvez a única forma de prevenir ataques no estilo de 11-09 contra os EUA é fazer com que os cidadãos americanos forcem seu governo a respeitar as leis. A lição de Nurembergue é que esse não é apenas nosso direito, mas nossa obrigação. Na medida em que nos esquivamos dessa responsabilidade, nós, assim como os "bons alemães" dos anos 1930s e 40s, somos cúmplices de suas ações e não temos uma base legítima para reclamar quando sofremos as conseqüências. Isso, é claro, me inclui, pessoalmente, assim como minha família, da mesma forma que qualquer outra pessoa. Estes pontos estão claramente formulados e documentados em meu livro, "Sobre a Justiça das Galinhas Ciscadoras", que recentemente ganhou uma Menção Honrosa do Prêmio pelos Direitos Humanos Gustavus Myer, pelo melhor texto em Direitos Humanos. Algumas pessoas vão, claro, discordar de minha análise, mas ela apresenta questões que precisam ser discutidas no debate acadêmico e público se desejamos encontrar soluções reais para a violência que se espalha pelo mundo hoje. As distorções grosseiras do que eu efetivamente disse só pode ser vista como uma tentativa de distrair o público dos verdadeiros temas pendentes e de sufocar ainda mais a liberdade de opinião e o debate acadêmico neste país. N.do T. - Como esclarece o autor no primeiro parágrafo do artigo citado, Malcolm X, quando perguntado por repórteres sobre sua análise acerca do assassinato de John F. Kennedy, em novembro de 1963, deu uma famosa resposta de que se tratava meramente de um caso de "galinhas voltando ao galinheiro para ciscar" ("chickens coming home to roost").No virus found in this outgoing message. Checked by AVG Anti-Virus. Version: 7.0.300 / Virus Database: 265.8.6 - Release Date: 7/2/2005
Esta é a resposta do professor
Ward Churchill, da Universidade do Colorado, sobre as repreensões feitas a seu
artigo "Algumas Pessoas Revidam: Sobre a Justiça das Galinhas Ciscadoras" ("Some
People Push Back: On the Justice of Roosting Chickens") (http://www.infoshop.org/inews/article.php?story=2005020522410275)
e (http://www.denverpost.com/Stories/0,1413,36%7E53%7E2686093,00.html).
Nos últimos dias tem havido uma
cobertura ampla e imprecisa com relação à minha análise sobre os ataques de 11
de Setembro de 2001 ao World Trade Center e ao Pentágono, cobertura esta que tem
resultado em difamação e ameaças contra mim. O que eu efetivamente disse
foi perdido, tornou-se na realidade o oposto do dito, e espero que os
seguintes fatos sejam divulgados com a mesma abrangência com que foram as
fabricações.
O artigo circulando na Internet
foi transformado em um livro "Sobre a Justiça das Galinhas Ciscadoras" (On the
Justice of Roosting Chickens). A maior parte do livro é uma cronologia detalhada
sobre as intervenções militares dos EUA desde 1776 e as violações dos EUA sobre
as leis internacionais desde a Segunda Guerra Mundial. Meu argumento é que nós
não podemos permitir ao governo dos EUA, agindo em nosso nome, se envolver em
violações massivas do direito internacional e dos direitos humanos fundamentais
e não esperar colher as conseqüências.
Não sou um "defensor" dos
ataques de 11 de Setembro, mas estou apenas dizendo que se a política externa
dos EUA resulta em mortes massivas e destruição lá fora, nós não podemos fingir
inocência quando parte desta destruição recai sobre nós. Eu jamais disse que as
pessoas "deveriam" se envolver em ataques armados contra os EUA, mas que tais
ataques são uma conseqüência natural e inevitável da política ilegal dos EUA.
Como disse Martin Luther King, citando Robert F. Kennedy, "Aqueles que tornam as
mudanças pacíficas impossíveis fazem as mudanças violentas
inevitáveis".
Isso não significa que eu
advogue a violência; quando soldado dos EUA no Vietnã, testemunhei e participei
em mais violência do que eu jamais desejei ver. O que estou dizendo é que se nós
queremos um fim para a violência, especialmente aquela praticada contra civis,
nós temos de tomar a responsabilidade de parar a matança promovida pelos EUA em
todo o mundo. Meus sentimentos são reflexos do discurso do Dr. King de abril de
1967, em que, quando perguntado sobre a onda de rebeliões urbanas em cidades dos
EUA, ele disse, "Eu jamais poderia erguer minha voz contra a violência do
oprimido ... sem ter primeiro falado claramente contra o maior difusor da
violência no mundo hoje - meu próprio governo".
Em 1996, Madeleine Albright,
então embaixadora nas Nações Unidas e futura Secretária de Estado dos EUA, não
negou que 500.000 crianças iraquianas tinham morrido como resultado das sanções
econômicas, mas afirmou em cadeia nacional que "nós" tínhamos decidido que
"valia a pena o custo". Eu sinto pelas vítimas dos ataques de 11 de Setembro, da
mesma forma que lamento as mortes daquelas crianças iraquianas, as mais de 3
milhões de pessoas mortas na guerra da Indochina, aqueles que morreram na
invasão pelos EUA de Granada, Panamá e outros lugares da América Central, as
vítimas do tráfico transatlântico de escravos, e os povos indígenas ainda
sujeitos a políticas genocidas. Se respondemos com desrespeito insensível às
mortes de outros, nós podemos esperar exatamente a mesma insensibilidade com
relação às mortes de americanos.
Finalmente, eu jamais
caracterizei todas as vítimas do 11 de Setembro como "Nazistas". O que eu disse
é que os "tecnocratas do império" trabalhando no World Trade Center eram
equivalentes a "pequenos Eichmanns". Adolf Eichmann não foi processado por
assassinato direto mas por ter garantido o funcionamento perfeito da
infraestrutura que tornou possível o genocídio nazista. Da mesma forma, os
industriais alemães foram legitimamente alvejados pelos Aliados.
Não se discute que o Pentágono
era um alvo militar, ou que a CIA tinha um escritório no World Trade Center.
Seguindo a lógica que o porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA tem
consistentemente procurado justificar a seleção de alvos em lugares como Bagdá,
a existência de um elemento do "comando e controle da infraestrutura" americana
numa instalação ostensivamente civil tornava o World Trade Center num alvo
"legítimo". Novamente seguindo a doutrina militar dos EUA, como anunciada em
comunicado após comunicado, aqueles que não trabalhavam para a CIA mas ainda
assim foram mortos no ataque são nada mais do que "dano colateral". Se o público
dos EUA está preparado para aceitar estes "padrões" quando aplicados
freqüentemente a outras pessoas, ele não deveria se surpreender quando lhe são
aplicados os mesmos padrões.
Deve-se enfatizar que eu usei a
caracterização de "pequenos Eichmanns" somente àqueles descritos como
"técnicos". Assim, ela obviamente não foi dirigida às crianças, aos zeladores,
aos ajudantes de cozinha, aos bombeiros e aos transeuntes casuais mortos nos
ataques de 11-09. De acordo com a lógica do Pentágono, eles eram simplesmente
parte do dano colateral. Horrível? Sim. Ofensivo? Sim. E este é meu ponto de
vista. Não é menos horrível, doloroso ou desumano o relato aplicado aos
iraquianos, palestinos, ou qualquer outro povo. Se não queremos ser tratados
desta forma, não podemos permitir que outros sejam maltratados e humilhados em
nosso nome.
A última linha do meu argumento
é o de que a melhor e talvez a única forma de prevenir ataques no estilo de
11-09 contra os EUA é fazer com que os cidadãos americanos forcem seu governo a
respeitar as leis. A lição de Nurembergue é que esse não é apenas nosso direito,
mas nossa obrigação. Na medida em que nos esquivamos dessa responsabilidade,
nós, assim como os "bons alemães" dos anos 1930s e 40s, somos cúmplices de suas
ações e não temos uma base legítima para reclamar quando sofremos as
conseqüências. Isso, é claro, me inclui, pessoalmente, assim como minha família,
da mesma forma que qualquer outra pessoa.
Estes pontos estão claramente
formulados e documentados em meu livro, "Sobre a Justiça das Galinhas
Ciscadoras", que recentemente ganhou uma Menção Honrosa do Prêmio pelos Direitos
Humanos Gustavus Myer, pelo melhor texto em Direitos Humanos. Algumas pessoas
vão, claro, discordar de minha análise, mas ela apresenta questões que precisam
ser discutidas no debate acadêmico e público se desejamos encontrar soluções
reais para a violência que se espalha pelo mundo hoje. As distorções grosseiras
do que eu efetivamente disse só pode ser vista como uma tentativa de distrair o
público dos verdadeiros temas pendentes e de sufocar ainda mais a liberdade
de opinião e o debate acadêmico neste país.
N.do T. - Como esclarece o autor no primeiro
parágrafo do artigo citado, Malcolm X, quando perguntado por repórteres sobre
sua análise acerca do assassinato de John F. Kennedy, em novembro de 1963, deu
uma famosa resposta de que se tratava meramente de um caso de "galinhas
voltando ao galinheiro para ciscar" ("chickens coming home to
roost"). |
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