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Urnas eletrônicas ainda são raridade na Alemanha
Os alemães ainda marcam sua cruzinha na cédula
Milhões de alemães farão uso de urnas eletrônicas nas eleições legislativas de 18 de setembro, mesmo que às vezes de cara virada. No entanto, até agora apenas um fabricante atende às rígidas normas impostas pelo país.
Ao escolher o próximo chanceler federal alemão nas eleições marcadas para 18 de
setembro, cerca de cinco dos 62 milhões de eleitores cadastrados na Alemanha
farão uso de urnas eletrônicas. No total, haverá cerca de 2.100 aparelhos em
operação em 65 municípios do país.
"A decisão da tecnologia de votação a ser usada é tarefa exclusiva das prefeituras e
das autoridades que administram os respectivos distritos eleitorais", comenta um
porta-voz da presidência da Comissão Eleitoral Federal. A única condição é que a contagem
de votos condiza com as normas de segurança e de verificação contidas no Código Eleitoral
alemão.
Votação mecânica no Estado do Sarre
"São mais de 100 páginas de regras, o suficiente para fazer com que qualquer
fabricante de equipamentos de votação eletrônica dê meia-volta e saia rapidinho da
sala", explica Thomas Bronder, da repartição federal encarregada de examinar as
urnas eletrônicas e avaliar se correspondem às exigentes normas federais.
Até agora, um único modelo de urna eletrônica, fabricado por uma empresa
holandesa, foi aprovado para o uso nas próximas eleições.
Somente máquinas simples
Na superfície, a máquina se assemelha a outras urnas eletrônicas similares, com
um simples teclado que consiste de botões embutidos em uma máscara que imita
uma cédula original de papel.
Um eleitor vota em urna eletrônica na cidade de Neuss em 2002
O eleitor só tem que apertar o botão correspondente ao candidato e ao partido
que escolheu. A telinha confirma o seu voto, que é computado eletronicamente em
um módulo de memória. Quando a votação termina às 18h, cada urna imprime então
o número de votos dados a cada candidato e a cada partido. O que faz esta urna
diferente é sua organização interna, que de high-tech não tem nada.
Tecnologia primitiva?
Bronder explica que "a legislação alemã concernente a urnas eletrônicas não permite
nenhuma tecnologia ou funcionalidade além do mínimo necessário para cumprir a tarefa de
contar votos".
Isto exclui qualquer urna construída com tecnologia baseada em computadores
pessoais. As urnas tampouco poderão usar sistemas operacionais como o Windows,
pois a Microsoft mantém o código-fonte fechado a sete chaves, o que não permite
a inspeção da urna.
Votação eletrônica nas eleições americanas de 2004
"Passamos mais de um ano testando o software e freqüentemente tivemos que solicitar alterações
rápidas ao fornecedor", comenta Bronder. "Os dados transmitidos aos módulos de memória
são tão primitivos que é praticamente impossível influenciar o resultados transferindo dados
manipulados. Eles seriam imediatamente notados e a urna automaticamente se desligaria".
A segurança preocupa
Voto por telefone: preocupação com a segurança na apuração
Mas que garantias têm Bronder e seus colegas de que as urnas usadas na eleição
são iguais aos protótipos que eles testaram?
"Uma combinação de códigos de verificação informa aos administradores a versão do software
rodado em cada urna", disse bronder, lembrando que tais códigos seriam alterados em caso de
manipulação. Mas mesmo que isso não seja uma garantia definitiva, "por que é que uma companhia
optaria por manipular as urnas, pondo em risco sua reputação depois de ter passado pelo rígido
controle do mercado alemão?"
Então tudo é muito seguro? Não exatamente, diz Hubertus Buchstein, professor de política
da Universidade de Greifswald, no nordeste da Alemanha. "As urnas não deixam
registro em papel. Este é o mesmo problema que ganhou notoriedade na época das eleições
norte-americanas", argumenta.
O caminho para o futuro?
Buchstein sugere que cada pessoa receba um comprovante após o armazenamento dos votos na
urna, que depois seria depositado em uma urna separada. "Só seria preciso contar
esses comprovantes, caso haja controvérsias a respeito dos resultados gerados pela urnas
eletrônicas."
Além disso, controles randômicos em diversos distritos eleitorais do país
poderiam ajudar a conferir se os votos somados eletronicamente batem com os
comprovantes armazenados. Claro, só em casos em que haja necessidade, poupando
o trabalho de contagem manual em todos os distritos.
Votando pela internet
Economia de custos é apenas um motivo que leva municípios a optar pelas urnas
eletrônicas. Segundo Buchstein, isso poderia, no futuro, dar lugar à votação
pela internet.
"Votar no conforto da sua casa através de mensagens enviadas pelo telefone celular
ou através da internet poderiam ser meios de gerar um novo contingente eleitoral",
aposta. Mas, no momento, a segurança continua sendo o grande obstáculo na realização de
tais visões.
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