O Zé Dirceu tem motivos pra só depois de fazer 80 anos, revelar se atirou em 
alguém. E como sempre, partindo dele, a intenção não é limpa.

Carlos Antônio. 



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Sent: Saturday, August 04, 2007 9:40 AM
Subject: [gl-L] O pistoleiro Dirceu


Diogo Mainardi

 "O pistoleiro José Dirceu só vai revelar se atirou
 em alguém, durante sua fase terrorista, depois dos 80
 anos de idade. Quem sabe a gente consegue descobrir,
 antes disso, o que ele fez no poder"

 Eu sou "um pistoleiro que Roberto Civita contratou
 para assassinar a honra das pessoas". Quem declarou
 isso foi José Dirceu, na última Playboy. Na verdade,
 em tantos anos de VEJA, só falei uma vez com Roberto
 Civita, durante um encontro na Editora Abril, em 2004.
 O assunto foi etimologia. Por outro lado, falei
 repetidamente sobre José Dirceu com os investigadores
 do caso Celso Daniel. Quando se trata de Celso Daniel,
 a primeira imagem que me ocorre é a de pistoleiros
 contratados para assassiná-lo. Contratados por quem?

 José Dirceu, na Playboy, apontou-me como o líder dos
 agitadores "de todas as direitas do grande Brasil".
 Tenho dó das direitas, seja lá quantas elas forem. Eu
 só agito remédio contra tosse. José Dirceu, no papel
 de agitador, sempre foi bem mais capaz e articulado do
 que eu. Desde a tragédia em Congonhas, fico lembrando
 o tempo todo como ele agitou os negócios da TAM, em
 seu reinado na Casa Civil. Primeiro, tentou
 entregar-lhe a Varig, por intermédio do representante
 do Banco Fator, Luciano Coutinho, atual presidente do
 BNDES. Depois, avalizou o acordo pelo qual as duas
 companhias passaram a compartilhar os vôos. O acordo
 logo se refletiu nas contas da TAM. No último ano do
 governo de Fernando Henrique Cardoso, a TAM registrou
 um prejuízo de 605,7 milhões de reais. No primeiro ano
 de Lula e José Dirceu, ela apresentou lucro de 173,8
 milhões de reais. Isso é que é agitar.

 Apesar de ter sido indiciado como chefe dos
 mensaleiros e cassado pelo Congresso Nacional, José
 Dirceu continua sendo o maior empregador particular do
 governo. No segundo mandato de Lula, os dirceuzistas
 ainda ocupam o mesmo espaço que no primeiro. O fato de
 contar com tantos apadrinhados em cargos endinheirados
 deve facilitar seu trabalho como lobista. Como ele
 mesmo disse à Playboy, "no governo, quando eu dou um
 telefonema, modéstia à parte, é um telefonema!".
 Quanto pode representar, de modo geral, um gerente de
 negócios de uma estatal? Quanto pode significar,
 modéstia à parte, o presidente de um banco público?

 José Dirceu considera que há "o jornalismo marrom, o
 amarelo e o jornalismo de Diogo Mainardi".
 Aparentemente, tornei-me uma nova cor – sou o Flicts
 da imprensa. Os comentários de José Dirceu a meu
 respeito podem parecer uma briga pessoal, que deveria
 ser resolvida no mano a mano: ele com sua .22, usada
 para praticar assaltos na década de 1970, e eu com
 minha caneta, que ele definiu como uma arma. Mas José
 Dirceu me elegeu como símbolo de algo muito maior.
 Represento, segundo ele, a "imprensa partidária,
 ideológica, engajada, com projeto político". É sempre
 assim. Basta Lula ser apanhado em flagrante, como no
 caso da barbárie aérea, para que seus parceiros
 sugiram dar óleo de rícino aos jornalistas, com o
 argumento de que eles manobram para derrubar o
 presidente mais popular de todos os tempos.

 O pistoleiro José Dirceu só vai revelar se atirou em
 alguém, durante sua fase terrorista, depois dos 80
 anos de idade. Quem sabe a gente consegue descobrir,
 antes disso, o que ele fez no poder.


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Não leve nada pro lado pessoal. Apenas divirta-se.

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