Olá Edson, Só um detalhe, não inimportante não quer necessariamente dizer importante, pergunte aos intuicionistas browerianos daqui e vai ver que para eles a negar uma negação não é o mesmo que afirmar. Não vale a regra ~~a --> a.
Abraço a todxs*, Dídimo Matos http://didimomatos.zip.net * x=<o,a> _______________________ As explicações científicas são reais e completas, tal como as explicações da vida quotidiana e das religiões tradicionais. Diferem destas últimas unicamente por serem mais precisas e mais facilmente refutadas pela observação dos factos. From: Edson Dognaldo Gil Sent: Wednesday, October 01, 2008 9:27 AM To: Logica-L Subject: Re: [Logica-l]falácia da redefinição e síndrome da autoridade / greguices gregárias Doria, eu não sei grego, mas conheço um pouco a história da filosofia. Tenho falado aqui da filosofia a partir de Sócrates. Se tivesse falado de Heráclito, p.ex., provavelmente eu me referiria ao logos e não à phisis. Mas o que é não-inimportante, hehe, nessa história é o sentido geral da filosofia greco-romana: ao problema metafísico acerca do ser, da realidade, respondia-se apontando para o todo da natureza, à qual pertenciam também os deuses. Para os estóicos, tratava-se justamente de viver em conformidade com a natureza. Abraço, edg 2008/10/1 Francisco Antonio Doria <[EMAIL PROTECTED]> Você conhece grego? Conheço um pouco; há muito tempo traduzi muita coisa dos pré-socráticos, especialmente Heráclito, algo de Platão (a pedido de Nise da Silveira, o mito do andrógino), partes das cartas principais de São Paulo, coisas da patrística, textos como Perì mustikês philosophías, do pseudo-Dionísio. Reflexos disso aparecem num livro meu, esgotado, de 1972, _O Corpo e a Existência_. MUITO CUIDADO ao dizer p.e. que kósmos é o ``sentido da vida'' para os gregos. Penso num dos raros, talvez o único fragmento de Heráclito onde se fala de kósmos - palavra ambígua, com dois sentidos divergentes. Tive uma vez uma longa discussão sobre sua tradução com Emmanuel Carneiro Leão. Sobre phúsis, pior: veja Diels-Kranz 22 B 123. 2008/10/1 Edson Dognaldo Gil <[EMAIL PROTECTED]> Caros, O Desidério gosta muito de apontar falácias na argumentação dos outros, mas não se dá conta das suas. A preferida dele é o Bulverismo. Ele não se cansa de explicar os mecanismos psicológicos pelos quais os incompetentes e imaturos são impossibilitados de pensar outra vez [como se pensar certo uma vez fosse pior que pensar errado duas]. E ele faz isso ao mesmo tempo que afirma não se poder saber quais eram as preocupações primárias dos filósofos mortos: então dos vivos se pode? A resposta ao Desidério é muito simples: salvação, tal como usada pelo colega antes de mim e por Luc Ferry em O que é uma vida bem-sucedida, não tem um sentido exclusivamente cristão. [O sentido da vida para os gregos era o cosmo, a physis; para os cristãos, Deus; para os primeiros modernos, o sentido da vida devia ser procurado no próprio homem, ora racional ora sensível; depois o sentido foi buscado na história e em seguida na linguagem em sentido lato. Hoje enfrentamos uma crise de sentido, daí se falar não só da morte de Deus, mas do próprio homem, do sujeito, e de se escrever sobre o sentido do sentido e coisa parecida.] Mas a associação com a religião é óbvia. Apenas, a religião pode assumir várias formas, inclusive atéias, civis etc. Marx, ateu materialista, estava preocupado com quê, senão com a salvação? E Hume, o cético empirista, quando criou a ciência do homem? --Aliás, o mesmo Hume que mandava queimar livros de metafísica, dizia que um povo inteiramente privado de religião pouco difere dos animais. Não sei dizer se Kuhn tratou ou não do sentido da questão da salvação ou do sentido da vida etc., pois não conheço toda a obra desse pensador [com certeza se preocupava pelo menos com um tipo de salvação: o da "aberração" científica]. Mas digamos que ele seja uma exceção. Se todos os grandes filósofos, de Sócrates a Popper, tiveram uma preocupação soteriológica, como fica então Kuhn diante disso? É simples: se ele não faz o que os filósofos fazem, então não é filósofo. Ou o contrário: para quem a filosofia é o que o Kuhn, ou Carnap ou seja lá quem for, faz, então todos os grandes filósofos não eram... filósofos. Se me permitem uma indicação, o mesmo Luc Ferry, acima citado, escreveu um livro popular em que procura evidenciar a vocação soteriológica da filosofia: Aprender a viver. -- Mandar estudar é outra falácia muito praticada pelo amigo português. Eu não tenho a menor dúvida que eu faço filosofia. Mas também tenho certeza de que eu não faço a mesma coisa que o Desidério faz. Abraço, edg -------------------------------------------------------------------------------- _______________________________________________ Logica-l mailing list Logica-l@dimap.ufrn.br http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l
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