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Saiu publicado na última 3a.feira (15/06, 15:11hs) no portal *Investimentos
e Notícias* (São Paulo), assim como no *Blog de Jamildo* (*Jornal do
Commercio* Online, Recife): " Tecnologia da Informação, Crescimento
Exponencial e a
Singularidade<http://www.investimentosenoticias.com.br/ultimas-noticias/artigos-especiais/tecnologia-da-informacao-crescimento-exponencial-e-a-singularidade.html>
".

(Outros artigos em temas correlatos: no blog "*Os Ventos da
Liberdade<http://osventosdaliberdade.blogspot.com/>
*".)

Ruy
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 Tecnologia da Informação, Crescimento Exponencial e a
Singularidade<http://www.investimentosenoticias.com.br/ultimas-noticias/artigos-especiais/tecnologia-da-informacao-crescimento-exponencial-e-a-singularidade.html>
 TER, 15 DE JUNHO DE 2010 15:11
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É bem verdade que o ritmo alucinante de evolução tecnológica parece estar
restrito aos computadores e à eletrônica, mas uma devida reflexão revela um
padrão mais sutil e mais onipresente no mundo contemporâneo do que se
imagina. Conforme vem demonstrando já há algum tempo Ray Kurzweil ao longo
de sua premiada, ainda que não completamente incontroversa, carreira de
cientista e futurólogo, não apenas a computação, mas também as comunicações,
as tecnologias biológicas (tais como seqüenciamento de DNA), as tecnologias
médicas (tais como a varredura não-invasiva e o conhecimento do cérebro
humano), as técnicas de aproveitamento da energia solar com a ajuda da
nanotecnologia, tudo isso experimenta um crescimento exponencial. Em suma,
onde há tecnologia da informação, observa-se um crescimento um tanto
previsível: a duplicação da potência (preço versus desempenho, capacidade,
largura de banda) a cada ano. E esse crescimento exponencial é suave,
gradual, incremental, matematicamente idêntico em cada ponto, mas, em última
instância, profundamente transformador.

Como a duplicação não acontece indefinidamente, a tecnologia da informação
progride através de uma série de curvas de crescimento denominadas de
S-curvas, cada uma representando um paradigma diferente. (Uma S-curva, ou
curva sigmoidal, assim denominada em 1844 por Pierre François Verhulst que a
estudou em relação ao crescimento de populações, começa com um estágio de
crescimento aproximadamente exponencial, e, à medida que se aproxima da
saturação, o crescimento desacelera e acaba parando. É quando ocorre a
mudança de paradigma.) Exemplo célebre, a Lei de Moore (“a quantidade de
transistores em um chip duplica a cada 18 meses, enquanto que o preço cai
pela metade”), enunciada nos anos 1960’s, não é o primeiro paradigma a
trazer o crescimento exponencial para a computação, lembra Kurzweil. Nos
anos 1950’s eram as válvulas que decresciam de tamanho, até que chegou a um
limite, e aí deram lugar aos transistores, que, por sua vez, foram
substituídos pelos circuitos integrados. No próximo paradigma, ao que tudo
indica, será a vez dos circuitos moleculares auto-organizáveis
tridimensionais.

Em palestra proferida na sede da Google em 01/07/2009 sobre seu livro a ser
lançado “How the Mind Works and How to Build One”, Kurzweil chama à atenção
para o fato de que já no seu início o século XXI demonstra que será uma era
na qual a própria natureza do que significa ser humano será não somente
enriquecida mas também desafiada, na medida em que a espécie humana rompe os
grilhões de seu legado genético, e atinge níveis inconcebíveis de
inteligência, progresso material e longevidade. A taxa de mudança de
paradigmas está hoje dobrando a cada década, de modo que, nesse ritmo, o
século XXI deverá testemunhar 20.000 anos de progresso. O livro, segundo
Kurzweil, é essencialmente sobre a possibilidade de se fazer uma engenharia
reversa do cérebro, mas ele se refere à mente de modo a trazer à tona as
questões fundamentais sobre a consciência. “Um cérebro se torna uma mente à
medida em que ele se mistura com seu próprio corpo, e, na verdade, nosso
círculo de identidade vai além do nosso corpo”, acrescenta Kurzweil,
afirmando que embora haja interação com o ambiente, não há uma clara
distinção entre quem somos e o que não somos. O propósito da engenharia
reversa do cérebro humano seria entender os princípios básicos da
inteligência.

Em uma cartada ainda mais audaciosa, Kurzweil, em co-autoria com o médico
homeopata Terry Grossman, publicou recentemente “Transcend: Nine Steps to
Living Well Forever” (Rodale Books, Abril 2009) no qual afirma que a
medicina está cada vez mais se integrando com a tecnologia da informação, e
dessa forma fazendo avanços também a um ritmo exponencial. Ao leitor
interessado em uma “extensão radical da vida”, os autores recomendam
estabelecer como objetivo imediato se manter vivo nos próximos 20 anos de
modo a poder vivenciar os avanços em reprogramação de DNA e os robôs
submicroscópicos reparadores de células. A bem da verdade, já em 2006 no
livro intitulado “The Singularity Is Near: When Humans Transcend Biology”
(Penguin) Kurzweil defendia que a humanidade está no limiar de uma era que
deverá tornar realidade a intercalação da biologia com os avanços mais
espetaculares da tríade Genética, Nanotecnologia e Robótica (GNR) levando à
criação de uma espécie humana com inteligência, durabilidade, compreensão e
memória irreconhecivelmente altas. Além desse limiar, também chamado de
singularidade, estaria reservado um futuro imprevisível e qualitativamente
diferente dos tempos atuais.
Procurando levar sua mensagem ao grande público sobretudo no que diz
respeito às ramificações sociais e filosóficas das profundas mudanças que
antevê, Kurzweil se envolveu diretamente na produção de um filme
documentário com première em Nova Iorque já marcada para 24 de Junho chamado
“The Singularity is Near: A True Story About the Future”, baseado em parte
no seu livro “The Singularity Is Near”. Intercalando ficção com realidade, o
filme traz o próprio Kurzweil entrevistando 20 pensadores entre os quais
Marvin Minsky, além de uma estória narrativa que ilustra algumas de suas
idéias e traz como protagonista um avatar (Ramona) que salva o mundo de
robôs microscópicos auto-replicantes.

Um outro filme documentário de longa metragem intitulado “Transcendent Man”
foi lançado em 2009, dirigido por Robert Barry Ptolemy, no qual Kurzweil
aparece explicando que a Singularidade, um ponto num futuro próximo em que a
tecnologia estará evoluindo tão rapidamente que os seres humanos terão que
se “reforçar” com inteligência artificial para poder acompanhar. Seria o
alvorecer de uma nova civilização na qual não mais seríamos dependentes do
nosso corpo, seríamos trilhões de vezes mais inteligentes, e não haveria
distinção entre humanos e máquinas, entre a realidade verdadeira e a
realidade virtual.
A repercussão de suas previsões sobre a Singularidade tomaram corpo a ponto
de, juntamente com o empreendedor Peter Diamanidis (fundador da X-Prize
Foundation), e com o apoio de diversas empresas e líderes na área da ciência
e da tecnologia do Vale do Silício (tais como Vint Cerf, Bob Metcalfe, Larry
Page e Sergey Brin), abrir caminho para a fundação da Singularity
University: “uma universidade interdisciplinar cuja missão é reunir, educar
e inspirar quadros de liderança que busquem entender e facilitar o
desenvolvimento de tecnologias que avançam exponencialmente, de modo a
encarar os grandes desafios da humanidade. Com o apoio de uma ampla gama de
líderes na academia, nos negócios e no governo, a SU espera estimular o
pensamento inovador e disruptivo focado na resolução de alguns dos desafios
mais prementes do planeta. A SU é baseada no campus de Ames da NASA no Vale
do Silício.”

Em palestra recente com o título “The Democratization of Disruptive Change”
proferida no encontro “H+ Summit at Harvard – Rise of the Citizen-Scientist”
(12-13 Junho, 2010), Ray Kurzweil expôs sua visão sobre quais seriam os
caminhos mais eficazes para se chegar a um verdadeiro entendimento do
cérebro humano, ao mesmo tempo em que apresentou respostas aos críticos de
suas interpretações sobre o crescimento exponencial da tecnologia da
informação. Segundo seus cálculos, estaríamos a apenas duas décadas de
modelar e simular completamente o cérebro humano. Kurzweil afirma que é
somente estendendo nossa inteligência com tecnologia inteligente que podemos
arcar com a escala de complexidade para lidar com os grandes desafios da
humanidade: manter um meio-ambiente saudável, propiciar recursos para uma
população crescente incluindo energia, alimentação e água, suplantando a
doença, estendendo amplamente a longevidade humana, e erradicando a pobreza.

Extrapolações exacerbadas à parte, não há como negar um voto de confiança a
quem, além de ter sido um dos pioneiros em reconhecimento ótico de
caracteres, síntese de texto para voz, tecnologia de reconhecimento de voz,
e instrumentos de teclado eletrônico, já recebeu dezenove títulos de Doutor
Honoris Causa, além de honrarias de três presidentes americanos. Como se não
fosse bastante, Kurzweil publicou seis livros, quatro dos quais figuraram na
lista de bestsellers.


*Ruy José Guerra Barretto de Queiroz, Professor Associado, Centro de
Informática da UFPE*
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