Se me permitem, lembro que tà metà tà phusikà, originalmente, era como se
chamavam os textos de Aristóteles que vinham depois do livro das coisas da
natureza (tà phusikà).

2011/12/8 Daniel Durante <dura...@ufrnet.br>

> Décio e Colegas,
>
> Chego com um pouco de atraso no debate, mas não resisti a dar meu pitaco
> neste tema. Você escreveu:
>
>
>  Repito aqui a primeira parte do texto que o Tony mandou anteriormente.
>> Peço que alguém leia atentamente e procure algo que preste:
>>
>> "A metafísica seria uma forma de pensar o múltiplo a partir do um, o
>> outro a partir do mesmo, o diferente a partir do idêntico, a alteridade
>> como uma alteração do mesmo, o diferente como uma degradação da identidade.
>> É sob essa inspiração que pretendo discutir a diferença sexual e a
>> articulação entre feminino - esse outro pensado na tradição a partir do
>> mesmo -,alteridade e ética."
>>
>
> Bem, talvez seja porque nos finais de semestre, para não reprovar a
> maioria dos meus alunos, eu tenho que exercitar muito a capacidade de achar
> algo que preste em textos, eu não vejo um poço escuro e sem fim de
> charlatanismo no texto de nossa amiga. :) Vou tentar defendê-la:
>
> O que é a metafísica senão uma investigação "a priori" da realidade? Mas
> como é que podemos conhecer a realidade "a priori"? "A priori" só posso
> conhecer algum aspecto de mim mesmo, sejam as ideias inatas cartesianas,
> sejam as formas puras da sensibilidade ou categorias do entendimento
> kantianas,... E, no entanto, o mundo é, também, constituído destas coisas.
> Pelo menos o mundo cognoscivel. Então, não vejo tanto absurdo nestas
> fórmulas que ela apresenta sobre o que é a metafísica: "pensar o múltiplo a
> partir do um, o outro a partir do mesmo, o diferente a partir do idêntico,
> a alteridade como uma alteração do mesmo,...". Acredito em estilos
> distintos de pensamento e mesmo de racionalidade. A filosofia é
> especulativa e não faz mal nenhum especular sobre o lugar da diferença de
> gêneros em nossa cultura partindo da ideia de que o masculino é o gênero
> neutro, inicial, de onde emana o gênero feminino como diferença e
> alteridade subsidiárias deste. As coisas são mesmo assim? Esta especulação
> nos ilumina com a verdade? Não sei. Talvez nunca saberemos. Mas isso não
> importa à Filosofia, afinal de contas ainda não sabemos se o fundamento
> último do conhecimento são ideias claras ou dados dos sentidos, não sabemos
> se a boa ação guia-se por princípios universais ou depende do cálculo das
> suas consequências, não sabemos se o número sete existe sem unidade ou se
> existem apenas sete pedras, sete pessoas, sete árvores,... não sabemos nem
> como é que um nome próprio faz referência à coisa que nomeia.
>
> Eu não usaria as palavras que ela usa para caracterizar a metafísica, nem
> estimularia meus alunos a usarem. Mas eu entendo estas palavras, e entendo
> a proposta do artigo dela que o Tony copiou aqui um trecho e, sinceramente,
> apenas pelos parágrafos que li, não vejo ali nenhum grande absurdo.
>
> Enfim, viva a diferença.
>
> Saudações,
> Daniel
>
>
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