Oi Marcelo,
Eu concordo plenamente. Fatos positivos e regras antes de mais nada.
Valeria

2011/12/11 Marcelo Finger <mfin...@ime.usp.br>:
> Oi Décio e Carlos.
>
> Muito boa esta discussão.
>
> Eu acho que o ensino da lógica deveria começar com o frangmento definido da
> lógica proposicional de Horn, ou seja, só com fatos positivos e regras.  E
> aí todas as questões pertinentes à negação, disjunção etc podem ser
> introduzidas, e umas das possíveis respostas seria a lógica clássica.
>
> A quantificação poderia ser tb apresentada assim: fatos e regras.  Depois
> tooodo o resto.
>
> []s
>
> Marcelo
>
> 2011/12/10 Décio Krause <deciokra...@gmail.com>
>
>> Carlos
>> Bacana o que disse, e estou de acordo. Claro que o que eu falei foi uma
>> pequena provocação. Mas penso que primeiro devemos distinguir entre Lógica,
>> como disciplina,de lógicas como sistemas lógicos. Isso parece trivial, mas
>> tenho a impressão de que não é bem assim. A Lógica não é meramente o estudo
>> de inferências, ou de raciocínios, como bem atesta o verbete 03 da
>> Mathematics Subject Classification. Os sistemas lógicos por sua vez podem
>> ser vistos como dispositivos teóricos que montamos para dar conta de çertas
>> situações, e o dispositivo que denominamos de lógica clássica (nada trivial
>> de delimitar) se deve a uma série de fatores como evolutivos, culturais,
>> etc. que foram se sedimentando em nossa cultura ocidental. Para mim não há
>> nada a priori nisso, e os sistemas lógicos têm caráter empírico, mas deixo
>> os detalhes de lado, sendo sugeridos até mesmo pela ciência. O difícil é
>> escapar do relativismo, e eu pulo fora por meio de critérios pragmáticos,
>> que nos permitem optar por um ou outro sistema.
>> Mas eu sou daqueles que gosta de falar do "outro caminho" que você
>> mencionou, ainda que raramente consiga fazer isso.
>> Abraço
>> Décio
>>
>> ------------------------------------------------------
>> Décio Krause
>> Departamento de Filosofia
>> Universidade Federal de Santa Catarina
>> 88040-900 Florianópolis - SC - Brasil
>> http://www.cfh.ufsc.br/~dkrause
>> ------------------------------------------------------
>>
>>
>> Em 10/12/2011, às 14:20, Carlos Gonzalez <gonza...@gmail.com> escreveu:
>>
>> > Prezado Décio,
>> >
>> > Essa é uma importantíssima pergunta que muitos de nós deveríamos fazer
>> > mais frequentemente. As vezes por costume, gosto ou tradição vários de
>> > nós começamos as nossas aulas pela lógica proposicional clássica,
>> > tabelas de verdade, etc., e depois definimos *negativamente* e num
>> > curto período, outras lógicas como *não*-clássicas. Eu conheço colegas
>> > que estão nesta lista que seguiram um outro caminho, tipo: minimal,
>> > intuicionista positiva, intuicionista negativa e clássica (ou algo
>> > semelhante). Os problemas não formais da lógica proposicional
>> > clássica, como o "ex falso", os "paradoxos da implicação material",
>> > etc., ou pragmáticos (p.ex., a maioria das pessoas temos um conjunto
>> > de crenças inconsistentes, porém não trivial, no sentido de que não
>> > acreditamos em todo), esses problemas foram assinalados e discutidos
>> > quase desde o início da lógica (nos estoicos, quando "até os corvos
>> > dos telhados estão gritando sobre quais condicionais são
>> > verdadeiros").
>> >
>> > Em alguns cursos, eu começava com falácias não formais (ad hominem, ad
>> > ignorantiam, etc.) para chegar, pela via negativa, à ideia de que
>> > existem argumentos e que eles devem ser estudados. É claro que o
>> > enfoque deve ser diferente se for um curso de filosofia, matemática ou
>> > computação. Entretanto eu penso que qualquer bom artigo científico ou
>> > filosófico tem de argumentar. Mas não é muito difícil encontrar
>> > falácias em artigos de diversas áreas.
>> >
>> > Eu não tenho certeza da maneira mais adequada de começar com a lógica,
>> > nem com qual lógica começar, nem quais são os aspetos que devam ser
>> > mais ressaltados em cada curso em particular. Vejo, sim, os estragos
>> > da falta de lógica quando num debate político não consigo encontrar
>> > uma argumentação. Talvez seja fanatismo de lógico, mas eu gostaria que
>> > todo mundo "discuta como os sábios" e não como os reis:
>> >
>> > The king said:
>> > -- 'Excellent Nagasena, to hold further discussion with would you like
>> me?'
>> > -- 'If you are willing to discuss like a wise man, king, yes, indeed;
>> > but if you want to discuss like a king, then no.'
>> > -- 'How do the wise discuss, excellent Nagasena?'
>> > -- 'In the discussions of the wise, king, there is found unrolling and
>> > rolling up, convincing and conceding; agreements and disagreements are
>> > reached. And in all that, the wise suffer no disturbance. Thus it is,
>> > king, that the wise discuss.'
>> >
>> > (Milinda-pañha, 51.01: The questions of King Milinda. Oxford I: 1890,
>> > II: 1894. Citado na História da Lógica de Bochenski)
>> >
>> > Carlos
>> >
>> > 2011/12/10 Décio Krause <deciokra...@gmail.com>:
>> >> Caro Carlos
>> >> Começar cm qual lôgica?
>> >> D
>> >>
>> >> ------------------------------------------------------
>> >> Décio Krause
>> >> Departamento de Filosofia
>> >> Universidade Federal de Santa Catarina
>> >> 88040-900 Florianópolis - SC - Brasil
>> >> http://www.cfh.ufsc.br/~dkrause
>> >> ------------------------------------------------------
>> >>
>> >>
>> >> Em 09/12/2011, às 20:41, Carlos Gonzalez <gonza...@gmail.com> escreveu:
>> >>
>> >>> Eu li em algum lado que a ordem dada por Andrónico de Rodas era
>> >>> didática. Começava com o Organon, seguia com a Física (e talvez
>> >>> tratados naturais) e continuava com a Metafísica. Mas um nome dado à
>> >>> Física é "Auscultações da natureza",  "Naturalis Auscultationis",
>> >>> Φυσικής Ακροάσεως [Physikés Acroáseos], de modo que "ta metá ta
>> >>> physica" (literalmente: as coisas depois das coisas naturais) poderia
>> >>> ser interpretado como "depois de ouvir com atenção a natureza".
>> >>>
>> >>> Acho um bom plano de trabalho esse do Andrónico: começar com a lógica,
>> >>> ouvir com atenção a natureza e depois partir para a reflexão
>> >>> filosófica. O problema é que levaria muito tempo.
>> >>>
>> >>> Carlos
>> >>>
>> >>> 2011/12/8 Francisco Antonio Doria <famado...@gmail.com>:
>> >>>> Se me permitem, lembro que tà metà tà phusikà, originalmente, era
>> como se
>> >>>> chamavam os textos de Aristóteles que vinham depois do livro das
>> coisas da
>> >>>> natureza (tà phusikà).
>> >>>>
>> >>>> 2011/12/8 Daniel Durante <dura...@ufrnet.br>
>> >>>>
>> >>>>> Décio e Colegas,
>> >>>>>
>> >>>>> Chego com um pouco de atraso no debate, mas não resisti a dar meu
>> pitaco
>> >>>>> neste tema. Você escreveu:
>> >>>>>
>> >>>>>
>> >>>>>  Repito aqui a primeira parte do texto que o Tony mandou
>> anteriormente.
>> >>>>>> Peço que alguém leia atentamente e procure algo que preste:
>> >>>>>>
>> >>>>>> "A metafísica seria uma forma de pensar o múltiplo a partir do um, o
>> >>>>>> outro a partir do mesmo, o diferente a partir do idêntico, a
>> alteridade
>> >>>>>> como uma alteração do mesmo, o diferente como uma degradação da
>> identidade.
>> >>>>>> É sob essa inspiração que pretendo discutir a diferença sexual e a
>> >>>>>> articulação entre feminino - esse outro pensado na tradição a
>> partir do
>> >>>>>> mesmo -,alteridade e ética."
>> >>>>>>
>> >>>>>
>> >>>>> Bem, talvez seja porque nos finais de semestre, para não reprovar a
>> >>>>> maioria dos meus alunos, eu tenho que exercitar muito a capacidade
>> de achar
>> >>>>> algo que preste em textos, eu não vejo um poço escuro e sem fim de
>> >>>>> charlatanismo no texto de nossa amiga. :) Vou tentar defendê-la:
>> >>>>>
>> >>>>> O que é a metafísica senão uma investigação "a priori" da realidade?
>> Mas
>> >>>>> como é que podemos conhecer a realidade "a priori"? "A priori" só
>> posso
>> >>>>> conhecer algum aspecto de mim mesmo, sejam as ideias inatas
>> cartesianas,
>> >>>>> sejam as formas puras da sensibilidade ou categorias do entendimento
>> >>>>> kantianas,... E, no entanto, o mundo é, também, constituído destas
>> coisas.
>> >>>>> Pelo menos o mundo cognoscivel. Então, não vejo tanto absurdo nestas
>> >>>>> fórmulas que ela apresenta sobre o que é a metafísica: "pensar o
>> múltiplo a
>> >>>>> partir do um, o outro a partir do mesmo, o diferente a partir do
>> idêntico,
>> >>>>> a alteridade como uma alteração do mesmo,...". Acredito em estilos
>> >>>>> distintos de pensamento e mesmo de racionalidade. A filosofia é
>> >>>>> especulativa e não faz mal nenhum especular sobre o lugar da
>> diferença de
>> >>>>> gêneros em nossa cultura partindo da ideia de que o masculino é o
>> gênero
>> >>>>> neutro, inicial, de onde emana o gênero feminino como diferença e
>> >>>>> alteridade subsidiárias deste. As coisas são mesmo assim? Esta
>> especulação
>> >>>>> nos ilumina com a verdade? Não sei. Talvez nunca saberemos. Mas isso
>> não
>> >>>>> importa à Filosofia, afinal de contas ainda não sabemos se o
>> fundamento
>> >>>>> último do conhecimento são ideias claras ou dados dos sentidos, não
>> sabemos
>> >>>>> se a boa ação guia-se por princípios universais ou depende do
>> cálculo das
>> >>>>> suas consequências, não sabemos se o número sete existe sem unidade
>> ou se
>> >>>>> existem apenas sete pedras, sete pessoas, sete árvores,... não
>> sabemos nem
>> >>>>> como é que um nome próprio faz referência à coisa que nomeia.
>> >>>>>
>> >>>>> Eu não usaria as palavras que ela usa para caracterizar a
>> metafísica, nem
>> >>>>> estimularia meus alunos a usarem. Mas eu entendo estas palavras, e
>> entendo
>> >>>>> a proposta do artigo dela que o Tony copiou aqui um trecho e,
>> sinceramente,
>> >>>>> apenas pelos parágrafos que li, não vejo ali nenhum grande absurdo.
>> >>>>>
>> >>>>> Enfim, viva a diferença.
>> >>>>>
>> >>>>> Saudações,
>> >>>>> Daniel
>> >>>>>
>> >>>>>
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> Marcelo Finger
>  Departamento de Ciencia da Computacao
>  Instituto de Matematica e Estatistica
>  Universidade de Sao Paulo
>  Rua do Matao, 1010
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Valeria de Paiva
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