Andrea: claro, pois no sistema K *só se deriva teoremas*, e não proposições
que são verdadeiras em um modelo e falsa em outro. Um colega da lista havia
feito uma observação similar em correio particular, e notava que se *p* é
uma fórmula contingente, então o consequente *Lp* pode ser falso em um
modelo em que *p* é verdadeiro.

Obrigado pelo esclarecimento e por ajudar um *newbie *em lógica modal.

Abraço,
LR


2013/1/3 Andrea Loparic <alopa...@gmail.com>

> Prezado Luis,
>
> Creio que sua dúvida será esclarecida se partirmos da
> diferença entre dois usos corriqueiros das derivações:
>
> a) provas de teoremas
> b) deduções a partir de um conjunto de hipóteses.
>
> Os sistemas de H&C são apresentados no modelo a).
> Ora o modelo a) é um caso particular do b) - quando
> o conjunto de hipóteses é vazio.  A regra de necessitação
> no modelo a) é perfeitamente correta pois se A é uma
> fórmula válida de K, ela será verdadeira em todos os
> mundos de um modelo qualquer; logo, o mesmo se dará
> com sua necessitação.
>
> Se, no entanto, estivermos trabalhando com derivações
> a partir de hipóteses, para que o teorema da dedução
> possa valer, será preciso formular a regra da necessitação
> da seguinte maneira: de A derivar LA, desde que exista
> na sequência dedutiva precedente uma subsequência que
> é uma prova de A ( ou seja, a necessitação pode ser
> aplicada a teoremas, .mas não a fórmulas que dependam de
> meras hipóteses.
> Desse modo, A > LA não se prova em K a não ser que A
> seja um teorema de K.
>
> UM abraço,
> Andrea
> Em 3 de janeiro de 2013 17:31, Luis Rosa <fso...@gmail.com> escreveu:
> > Estou com uma dúvida sobre a relação entre os sistemas modais K e T,
> > conforme construídos por Hughes e Cresswell em *A New Introduction to
> Modal
> > Logic*. Desconfio que a origem da dúvida seja um mal entendimento que
> tenho
> > sobre a relação entre as regras de derivação e os teoremas de tais
> sistemas
> > (ou sobre a relação entre regras de derivação e teoremas em geral!).
> >
> > Explico (onde *'L'* é o operador modal de necessidade, 'É' representa o
> > condicional material, '→' representa derivação lógica, 'W' representa um
> > conjunto de mundos possíveis, e 'R' representa relações entre mundos):
> >
> > *Sobre o sistema K*.
> > H&C constróem o sistema K como tendo os dois seguintes axiomas:
> >
> > *PC* If *α* is a valid wff of propositional calculus, then *α* is an
> axiom.
> > *K*    *L*(*p* É *q*) É (*L**p* É *L**q*),
> >
> > e como tendo as seguintes regras básicas de derivação: a regra da
> > substituição uniforme de sub-fórmulas dentro de uma fórmula, o modus
> > ponens, e a regra da necessitação:
> >
> > *N*  *⊢* *α*  → *⊢* *L**α*
> >
> > *Sobre o sistema T*.
> > H&C constróem o sistema T como sendo o sistema que resulta da adição do
> > seguinte teorema ao sistema K:
> >
> > *T*  *Lp *É* p*,
> >
> > de tal modo que T = K + *T*.
> >
> > O axioma *T* é válido em todos os frames <W,R> em que R é uma relação
> > reflexiva (de tal modo que, para todo *w **∈ *W, *w*R*w*). Informalmente,
> > diz-se então que T é um sistema em que todos os mundos enxergam a si
> mesmos.
> >
> > Agora vem a minha dúvida colocada de modo preciso: H&C observam que
> >
> > *p *É *Lp*
> > *
> > *
> > não é um teorema de T, uma vez que é possível construir um frame
> reflexivo
> > em que *p *É *Lp *não é válido em T (em tal frame haveria um mundo em
> que *p
> > * é verdadeiro e que pode enxergar outro mundo em que *p* é falso, onde
> > cada mundo enxerga a si mesmo). Porém, dado *N* e a regra de derivação
> que
> > chamamos de 'prova condicional', *p *É *Lp *é um teorema de K (ou estou
> > enganado? what am I missing?).
> >
> > Assim, dado que, de modo geral, se S é um sistema modal contendo as
> regras
> > de substituição uniforme, modus ponens e *N*, e se P é um conjunto de
> > axiomas, dado que S + P denota o sistema obtido a partir da inclusão de
> > todas as fórmulas em P ao sistema S, então é verdade que todos os
> teoremas
> > de S são também teoremas de S + P. Assim, se T = K + *T*, todos os
> teoremas
> > de K devem ser teoremas de T. Mas *p *É *Lp* é um teorema de K, e os
> > autores dizem que esse não é um teorema de T. (Acredito que, para o
> sistema
> > T ser como os autores descrevem, em que *p *É *Lp* não é válido, ele não
> > deveria admitir a regra *N*).
> >
> > Alguém pode me ajudar? (peço desculpas pelo tamanho do email - sem
> problema
> > se tiverem preguiça de ler =])
> > Obrigado, e abraço a todos!
> >
> >
> > --
> > *Luis Rosa                            *
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