... Legal,

Essa sua observação me lembra uns truques com quantificadores que livros 
americanos de topologia dos anos 50 usavam...

Por exemplo, em algum desses livros você encontra coisas do tipo "dada 
qualquer família de subconjuntos de um conjunto X, a família de todas as 
suas intersecções finitas é uma base para uma topologia sobre X", assim bem 
direto, sem entrar em muitos detalhes

(ou, equivalentemente, dada qualquer família de subconjuntos de X, essa 
família pode ser tomada como subbase para uma topologia sobre X)

Pois é. Pensando com a visão de hoje, se a união dessa família de 
subconjuntos não for o X todo, na prática o que tem que ser feito é juntar 
o unitário de X à todas essas intersecções de subfamílias finitas, pois 
todo ponto tem que pertencer a pelo menos um aberto... Então a base, na 
verdade, seria "todas as intersecções de subfamílias finitas da família 
dada inicialmente, unindo com o unitário de X, formam uma base para uma 
topologia", e essa topologia é a menos fina que contém a família de 
subconjuntos dada inicialmente (e mais o X mas o X tem que estar em 
qualquer topologia de todo jeito,
não tem muita graça...). 

E, como todo bom conjuntista, essas intersecções de subfamílias finitas têm 
que ser subfamílias finitas e não-vazias - já que a intersecção da família 
vazia é o universo todo, que não é conjunto... "Não intersectarás o vazio". 
Então eu, aqui no séc. XXI, complico o enunciado para "dada qualquer 
família de subconjuntos de X, a família de todas as suas intersecções 
finitas *e* não-vazias, unida com o unitário de X, é base para uma 
topologia". 

Ficou bem mais chato, né ?

PORÉM, para esses caras dos anos 50, o vazio não é um só, teríamos "mais 
vazios", seria algo do tipo que você propõe !  

A "intersecção da família vazia", pensando como existindo um único vazio, 
dá o universo todo, logo não podemos considerá-la. 

Porém se concebermos a existência da "família vazia de subconjuntos de X", 
i.e. a família é vazia mas a gente imagina que todos os moradores dessa 
família vazia são subconjuntos de X... some o paradoxo da intersecção do 
vazio ser o universo: pois aí
a intersecção da família vazia de subconjuntos de X dá... X !!! (bom 
exercício para os estudantes que estão lendo).

Assim como a intersecção da família vazia de subconjuntos de Y dá Y,
a intersecção da família vazia dos subconjuntos de Z dá Z... Para cada 
conjunto uma família vazia de seus subconjuntos, e para cada uma delas uma 
intersecção que funciona e que realmente ajuda na formação da tal base de 
topologia que o carinha dos anos 50 queria, bem simples
e bem rápido...

Por mais vazios então, muito bem !

Até

[]s  Samuel

PS: Comentário para os estudantes: o truque acima de pensar que o vazio é 
formado só por subconjuntos de X, hehe, não é muito diferente
do que fazemos quando um reticulado é limitado superiormente, i.e. tem 
máximo. Por vacuidade, todo elemento do reticulado
é uma cota inferior para o conjunto vazio. Assim, o máximo do reticulado é 
a maior cota inferior do vazio... Logo o ínfimo do vazio é... !!!
Não é muito diferente de intersectar um vazio esperto, se o reticulado 
for... De subconjuntos de X. 


Em segunda-feira, 6 de junho de 2022 às 19:47:57 UTC-4, Joao Marcos 
escreveu:

> > ---> o conjunto vazio por não ser uma coleção (???)
>
> O que é realmente _pouco natural_ é conceber uma teoria que é tão
> homogênea a ponto de dispor de apenas _uma_ coleção vazia!
>
> {}s, JM
>

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