Há muitos anos atrás, num reino distante localizado entre o Piauí e o
Pará, nascia uma menina pobre, mas que, apesar dos sofrimentos por
que passava, sempre via o lado bom da vida. Seu nome, Pollyana
Sarney. Apesar de pobre, Pollyana nasceu em berço de ouro num
magnífico palácio à beira-mar. Ainda criança, Pollyana não conseguia
entender por que, sendo de uma família tão pobre e miserável, ela
vivia uma vida nababesca de princesa. Seu bom pai então lhe explicou:

- Brasileiros e brasileiras e minha filha, toda a nossa grana é
oriunda da venda dos meus livros...

- Mas papai, como assim? Todo mundo sabe que 90% da população do nosso
reino é analfabeta! - obtemperou a ingênua criança filiada ao PFL
(Partido das Fadas Liberais).

- Mas os meus livros têm muitas figuras! - respondeu o seu paizinho
imortal.

- Claro, claro, papai! Como eu não tinha pensado nisso antes! -
respondeu a crédula e bondosa Pollyana.

Quando completou 15 anos, a jovem Pollyana Sarney debutou e foi
organizado um lindo baile na Ilha do Curupu, uma espécie de
Disneylândia particular que seu pai havia construído para ela.

- Mas por que no Curupu, papai? - perguntou a ingênua criatura.

- Porque você ainda é virgem, minha filha - respondeu o beletrista
conservador do PMDB.

Nunca aquele reino havia visto uma festa tão suntuosa e imponente.
Rios de champanhe francesa, cascatas de camarões, cordilheiras de
caviar russo e desfiladeiros de lagostas faziam a alegria dos
convidados. Feliz com aquela festa tão linda, a ingênua Pollyana
perguntou ao seu extremoso pai

- Mas, papai... se nossa família é tão pobre, como é que o senhor
arrumou dinheiro para uma festa tão acintosamente milionária?

- Minha filha - respondeu o senador, - você ainda é muito jovem e
ingênua! Isso aqui não é uma festa, é um projeto de desenvolvimento
regional que eu estou encaminhando na Sudam para acabar com a miséria
no Maranhão...

- Claro, claro, papai - respondeu a jovem debutante, - como é que eu
não tinha pensado nisso antes?

Foi aí, nesse momento, que Alcione, a Marrom, tocou as trombetas
anunciando a chegada de um príncipe das Arábias e sua comitiva de 40
pessoas. A comitiva era de 20%. Montado num elefante branco
construído com verbas da Sudene, o galante príncipe cafifa, quer
dizer, califa, Murad, adentrou o recinto.

Em seguida, Murad apeou do imenso paquiderme e beijou Pollyana Sarney.
Naquele instante mágico, quando o olhar de Pollyana cruzou com o do
príncipe Murad, imediatamente os dois compreenderam que haviam sido
feitos um para o outro. E, ali mesmo, resolveram se casar e constituir
uma quadrilha, quer dizer, uma família. Murad então dirigiu-se cheio de
mesuras ao seu poderoso futuro sogro.
- Quanto é que sai a mão da sua filha? Bote preço - indagou o galante
príncipe.

- A mão só eu não vendo, só negocio o lote completo - rebateu o
extremoso poetastro.

- Dinheiro há! Dinheiro há! - respondeu na lata, o cafifa, quer dizer,
o califa.

Apesar de ser uma menina dócil e ingênua, Pollyana Sarney também era
uma mulher do seu tempo. Feminista militante, ficou indignada com
aquela transação comercial onde a mulher era tratada como um simples
objeto de troca-troca político. Revoltada com o pai, Pollyana
resolveu fugir com o príncipe levando apenas a roupa do corpo.

- Meu pai, na condição de pré-candidata eu não posso aceitar essa
arcaica prática política das reacionárias oligarquias nordestinas!!!

E dito isso, abriu uma gaveta de onde tirou um milhão e trezentos mil
reais, tudo em notas de cinqüenta, montou um lindo cavalo branco e
fugiu com o Murad para um Paraíso Fiscal onde ninguém, nem mesmo a
Receita, poderia perturbar o seu amor idílico. E foram felizes para
sempre...

[Nota Preta do Autor:
Este conto, que custou uma fábula, só foi possível graças a uma generosa
verba superfaturada da Sudam. Descontadas as comissões de praxe, é
claro.]


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