Oi Paulo

Parece que nossas mensagens foram praticamnente simultâneas. Vou ler a sua
com atenção e logo que possa responderei.
Sds

Fernando


2008/1/18, Paulo Santa Rita <[EMAIL PROTECTED]>:
>
> Ola Fernando, Sergio e demais
> colegas desta lista ... OBM-L,
>
> O argumento do Fernando e interessante. Vejamos. Seja N a
> cardinalidade dos numeros naturais e seja B um numero binario infinito
> fixo, tomado como base do processo. Para cada digito de B lancamos
> uma moeda honesta. Ha duas possibilidades :
>
> Ocorrendo "cara" mantemos o digito; ocorrendo "coroa", o invertemos
>
> Pelo principio multiplicativo o "total" de possiveis numeros binarios
> infinitos gerados sera 2x2x2x...x2x2x..., onde neste produto ha tantos
> fatores quando a quantidade de digitos do numero binario B. Como
> claramente B tem "N" digitos segue que serao possiveis 2^N numeros
> binarios.
>
> O que e o 2^N que descrevemos acima ? Uma notacao para um processo ...
>
> Seja A um conjunto com M elementos. Quantos subconjuntos A tem ?
> Resposta : 2^M. E claramente 2^M > M para todo M natural. Esse fato
> simples valido para "numeros finitos" tambem e valido para "numeros
> transfinitos", ou seja, o Cantor mostrou que a cardinalidade  do
> conjunto de todos os subconjuntos de um conjunto infinito A tem uma
> cardinalidade superior a cardinalidade de A. Se M e a cardinalidade do
> conjunto infinito A entao REPRESENTAMOS a cardinalidade do conjunto
> dos subconjunto de A com o simbolo 2^M.
>
> Assim, 2^M nao e a descricao de um processo mas tao somente uma
> notacao. Se N e a cardinalidade dos numeros naturais, vale dizer, a
> "quantidade" de elementos de qualquer conjunto enumeravel,
> representamos por 2^N a cardinalidade do conjuntos de todos os
> subconjuntos ( finitos e infinitos ) dos numeros naturais.
>
> Portanto, nao esta claro que o 2^N - representacao de um processo -
> usado pelo Carissimo Fernando e a mesma coisa que o  2^N usado para
> representar a cardinalidade do conjunto
> de todos os subconjuntos dos numeros naturais.
>
> TEM MAIS
>
> Seja C a cardinalidade dos reais. Seja 2^N a cardinalidade do conjunto
> de todos os subconjuntos dos numeros naturais. Quem disse que 2^N = C
> ? Essa e a hipotese do continuo, vale dizer, nao existe um conjunto
> com cardinalidade entre a dos naturais e a dos reais. Essa e uma
> questao "em aberto". Mais que isso : e uma hipotese absolutamente
> independente ... Se voce supor que 2^N = C nao ha problemas. Se voce
> supor que 2^N # C tambem nao ha problemas, nao obstante cada uma
> destas possibilidades conduzirem a uma Matematicas Diferentes.
>
> Este estado de coisas da hipotese do continuo e absolutamente
> inaceitavel ... Trata-se do nosso principal problema de contagem e nao
> sabemos fazer a pergunta certa de maneira a termos uma resposta
> satisfatoria. E uma das maculas da Matematica, que mais dia menos dia
> vai ter que receber uma feicao nova.
>
> Seja C a cardinalidade dos reais. Se voce supor a ordem natural para
> os numeros transfinitos do Cantor e se perguntar : Quem e "C" ? O
> segundo Alefe ? O terceiro Alete ? A resposta honesta e : nao sabemos
> ! Por que ? Por causa da incerteza quanto a hipotese do continuo... Em
> verdade, dizer que um conjunto nao e enumeravel e o mesmo que dizer
> que nao conhecemos a sua cardinalidade, tendo por base a "sequencia"
> de numero tranfinitos construida pelo Cantor.
>
> Assim, carissimo Fernando, mesmo que seja possivel demonstrar que a
> quantidade de numeros ( cardinalidade ) binarios possiveis gerados
> pelo processo da moeda que voce descreveu nao seja a cardinalidade dos
> naturais, nao e absolutamente seguro dar o "salto quantico" e dizer
> que ha tantos possiveis numeros binarios quanto a quantidade de
> numeros reais.
>
> Note que estou usando uma linguagem simples, sem maiores preocupacoes
> com rigor. Falando com precisao, nos ( Matematicos ) dizemos que a
> cardinalidade de um conjunto A "e menor que" a cardinalidade de um
> conjunto B se existe uma injecao f: A -> B mas nao existe uma bijecao
> g: A-> B.
>
> TEM MAIS
>
> Seja D o conjunto de todos os numeros binarios potencialmente gerados
> pelo processo descrito pelo Fernando. Suponhamos que se prove que
> existe uma bijecao f : D -> R, onde R e o conjunto dos numeros reais,
> ou seja, a cardinalidade de D e C ( C = cardinalidade do conjunto dos
> numeros reais ). Seja E o conjunto de todos os programas efetivos numa
> dada linguagem. Sabemos que E e enumeravel. Em E estaram as dscricoes
> de todos os elementos de D que apresentam REGULARIDADE ESTATISTICA ? O
> que, precisamente, REGULARIDADE ESTATISTICA ? IMAGINO que regularidade
> estatistica e a capacidade de ser descrito por um procedimento
> efetivo, vale dizer, um algoritmo. Neste caso, eu penso que voce
> estaria apenas atribuindo um novo nome, ALEATORIO, aos numeros nao
> computaveis, E NAO CARACTERIZANDO-OS DE FORMA DEFINITIVA :
>
>
>
> Acima eu tentei apresentar as minhas duvidas com o objetivo de , de
> alguma forma, contribuir para o esclarecimento da questao. Deve-se
> ressaltar, entretanto, que os Matematicos sao, em geral, bastante
> parcimoniosos na introducao de novos conceitos, o que, parece-me, ser
> o nucleo da questao aqui focalizada.
>
> So depois que uma nova visao, em geral com conceitos novos, mostra-se
> capaz de resolver de forma satisfatoria problemas conhecidos, dificeis
> ou impossiveis de serem tratados com o ferramental tradicional, e que
> ela e lentamente aceita e adotada. E novos conceitos dificilmente se
> apresentam de forma acabada ou completa. Mesmo a pessoa que os percebe
> num primeiro momento tem apenas uma compreensao limitada deles : TODOS
> os grandes saltos cientificos e, em particular, matematicos, foram
> feitos assim.
>
> A independencia da Hipotese do Continuo e a demonstracao que mais
> fortemente sugere que o nosso atual Universo Conceitual e insuficiente
> para descrever as coisas, ou seja, que nao estamos sabendo fazer as
> perguntas corretas.
>
> Um Abracao
> Paulo Santa Rita
> 6,0839,120108
>
>
>
>
>
>
>
>
> 2008/1/17, Sergio Lima Netto <[EMAIL PROTECTED]>:
> > >
> > > Na fisica existe uma relacao simples que liga estas coisas, isto e, o
> > > produto da incertezas deve ser maior que um valor conhecido : haveria
> > > uma relacao matematica analoga a incerteza fisica ?
> >
> > Caros,
> > Talvez esteja forcando a barra, me parece que existe uma ponte
> > entre os conceitos de aleatoriedade e complexidade de Kolmogorov
> > (comprimento do menor programa que gera uma string (um numero)):
> > A teoria da informacao de Shannon. Estamos falando de coisas abstratas
> > e nada triviais; a ideia de fazer a ponte, entao, eh mais
> > abstrata ainda (pelo maior grau de generalidade). Uma tentativa,
> > bem feita nomeu entender, existe no livro de Teoria da Informacao
> > de Cover e Thomas, pela prentice-hall se nao me engano.
> >
> > Em relacao a "relacao matematica analoga a incerteza fisica" eu imagino
> > que a medida de entropia definida por Shannon (nao confundir com a
> > entropia da termodinamica) eh uma medida do grau de incerteza
> > de uma variavel aleatoria - eh tambem uma medida da aleatoriedade
> > da variavel aleatoria e tambem o limite de compressao da mesma
> > variavel aleatoria. Qualquer livro de teoria da informacao
> > poderia ser usado aqui para desbravar este tema, sendo os principais:
> > i- artigo original do Shannon publicado em 48 no Bell Syst Tech Jrnl
> > ii- livro do Shannon com co-autor, com mesmo conteudo do artigo
> > iii- livro do Gallager (este eh o mais classico em termos didaticos)
> > iv- o supra-citado livro do Cover e Thomas (approach mais moderno).
> >
> > Abracos,
> > sergio
> >
> =========================================================================
> > Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
> > http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html
> >
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> Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
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Fernando A Candeias

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