Estou meio sem tempo agora, entao vou colocar minha versao do problema
e minha versao da solucao, que acho mais clara do que a maioria que eu
vi por ai (apesar de ser trabalhosa de explicar).... Tenho certeza que
esta versao eh facilmente adaptavel a outros problemas do tipo, e vira
um algoritmo para botar no computador no caso finito.

Abraco, Ralph.

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ENUNCIADO: Marcos pensa dois números naturais positivos (possivelmente
iguais); a soma destes dois números ele entrega ao matemático Alcides,
enquanto o produto ele entrega à matemática Beatriz. Alcides e Beatriz
conversam sem mostrar seus números um ao outro:
A: “Só com esta soma, eu não sei quais são eram os dois números originais”.
B: “Com este produto, também não dá para descobrir”.
A: “Mesmo assim, continuo sem saber quem eram os números originais”.
B: “E eu continuo sem saber quem eles eram”.
A: “Ah! Neste caso, eu sei quem eram os números originais!”.
B: “Se você agora sabe, então eu também sei!”.
        Quais eram os números originais?

SOLUCAO:
     Sejam m e n os números que Marcos pensou (digamos, m>=n). O
objetivo eh montar uma tabela com "todas” as possibilidades para m e
n, e "todas" as possiveis conversas em cada caso. Assim, considere a
conversa que Alcides teria com Beatriz em cada caso (denotaremos por
“s” a frase “Eu sei quem são os números m e n” e por “n” a frase
“Ainda não sei quem são m e n”.).
     Alcides vê a soma. Se ela for 2 ou 3, Alcides sabe os números (1
e 1 no primeiro caso e 1 e 2 no segundo). Qualquer outra soma faz com
que Alcides fique em dúvida, pois qualquer soma maior que 4 pode ser
alcançada de várias maneiras. A conversa começa então assim em cada
hipotese:

n\m 1   2       3       4       5       6       7       8
1     s s       n       n       n       n       n       n
2       n       n       n       n       n       n       n
3               n       n       n       n       n       n
4                       n       n       n       n       n
5                               n       n       n       n
6                                       n       n       n
7                                               n       n
8                                                       n
A seguir, Beatriz olha o produto. Se o produto for 1, 2 ou um número
primo p, Beatriz saberá que os números são 1 e 1, 1 e 2 ou 1 e p,
respectivamente. Caso contrário, Beatriz ainda é incapaz de decidir
qualquer coisa, pois haverá várias opções e todas elas vêm com um “n”
do Alcides. A tabela da conversa fica assim:

n\m  1  2       3       4       5       6       7       8
1      ss       ss      ns      nn      ns      nn      ns      nn
2       nn      nn      nn      nn      nn      nn      nn
3               nn      nn      nn      nn      nn      nn
4                       nn      nn      nn      nn      nn
5                               nn      nn      nn      nn
6                                       nn      nn      nn
7                                               nn      nn
8                                                       nn

Como continuar a tabela? Nos casos “ss”, a conversa acabou. Nos casos
“ns”, Alcides será capaz de deduzir que os números são 1 e p, e
portanto descobri-los a partir da soma que tem em mãos (assim, os
casos correspondentes a 1 e p com p primo maior do que 2 levam à
conversa “nss”). Enfim, em todos os outros casos do tipo “nn” Alcides
vê a soma que tem em mãos e ainda é incapaz de decidir em que “casa”
ele está na tabela acima – com uma exceção: se a soma fosse 4, Alcides
decidiria que (m,n)=(1,3) ou (m,n)=(2,2), e seria capaz de distinguir
entre as duas opções baseado na conversa até aqui (que, no primeiro
caso, é “ns”, mas, no segundo, é “ss”). Assim, com a resposta de
Alcides, a tabela se torna:

n\m  1  2       3       4       5       6       7       8
1      ss       ss      nss     nnn     nss     nnn     nss     nnn
2       nns     nnn     nnn     nnn     nnn     nnn     nnn
3               nnn     nnn     nnn     nnn     nnn     nnn
4                       nnn     nnn     nnn     nnn     nnn
5                               nnn     nnn     nnn     nnn
6                                       nnn     nnn     nnn
7                                               nnn     nnn
8                                                       nnn

Agora é a vez de Beatriz. Se o produto for 1, 2 ou primo, já sabemos o
que acontece. Se Beatriz tem algum outro produto em mãos, ela tem de
considerar várias hipóteses, e, como mostra a tabela acima, em todas
elas a conversa foi “nnn” até aqui – com uma exceção: se o produto for
4, Beatriz tem como decidir entre as únicas possibilidades (m,n)=(2,2)
ou (1,4) observando a tabela acima (que indica a conversa “nns” no
primeiro caso e “nnn” no segundo). Então, temos:

n\m    1        2       3       4       5       6       7       8
1        ss     ss      nss     nnns    nss     nnnn    nss     nnnn
2       nnss    nnnn    nnnn    nnnn    nnnn    nnnn    nnnn
3               nnnn    nnnn    nnnn    nnnn    nnnn    nnnn
4                       nnnn    nnnn    nnnn    nnnn    nnnn
5                               nnnn    nnnn    nnnn    nnnn
6                                       nnnn    nnnn    nnnn
7                                               nnnn    nnnn
8                                                       nnnn
Agora, Alcides olha suas várias hipóteses e, provavelmente, todas elas
têm a mesma conversa “nnnn” – Alcides será incapaz de decidir quem são
m e n. As poucas exceções são os casos onde alguém já descobriu algum
número. Em particular, se a soma for 5, as únicas possibilidades
(m,n)=(1,4) e (2,3) têm diálogos distintos até aqui! Neste caso,
Alcides diria que sabe quem são os números!

n\m 1   2       3       4       5       6       7       8
1    ss ss      nss     nnnss   nss     nnnnn   nss     nnnnn
2              nnss     nnnns   nnnnn   nnnnn   nnnnn   nnnnn   nnnnn
3               nnnnn   nnnnn   nnnnn   nnnnn   nnnnn   nnnnn
4                       nnnnn   nnnnn   nnnnn   nnnnn   nnnnn
5                               nnnnn   nnnnn   nnnnn   nnnnn
6                                       nnnnn   nnnnn   nnnnn
7                                               nnnnn   nnnnn
8                                                       nnnnn

Enfim, no próximo passo Beatriz não saberá coisa alguma, a menos que o
produto seja 6 (as possibilidades de (m,n)=(1,6) ou (2,3) são
diferenciadas pelo diálogo). A partir daí, nem Alcides nem Beatriz
seriam capazes de alcançar conclusões novas. A tabela final é:

n\m  1  2       3       4       5       6       7       8
1      ss       ss      nss     nnnss   nss     nnnnnss nss     nnnnn...
2       nnss    nnnnss  nnnnn...        nnnnn...        nnnnn...        
nnnnn...        nnnnn...
3               nnnnn...        nnnnn...        nnnnn...        nnnnn...        
nnnnn...        nnnnn...
4                       nnnnn...        nnnnn...        nnnnn...        
nnnnn...        nnnnn...
5                               nnnnn...        nnnnn...        nnnnn...        
nnnnn...
6                                       nnnnn...        nnnnn...        nnnnn...
7                                               nnnnn...        nnnnn...
8                                                       nnnnn...

Como a conversa foi “nnnnss”, os números são 2 e 3.

2009/8/3 Albert Bouskela <bousk...@msn.com>:
> Olá!
>
>
>
> Há alguns dias, foi proposto, nesta Lista, o seguinte problema:
>
>
>
> (SIC)
>
> "Dois homens conhecedores de lógica e extremamente rápidos em fazer cálculos
> mentais, encontram-se na fazenda de um terceiro matemático, também com as
> mesmas características dos outros dois. Este diz que sua fazenda tem formato
> retangular, com lados medindo um número inteiro de quilômetros de 2 a 62.
> Ele dá um papel para o primeiro visitante onde está escrita a área da
> fazenda em quilômetros quadrados e outro para o segundo, com o perímetro da
> fazenda em quilômetros. Segue-se então o diálogo abaixo: Primeiro visitante
> diz: Eu não sei as medidas dos lados da fazenda. Segundo visitante diz: Eu
> sabia que você não saberia as medidas dos lados da fazenda. Primeiro
> visitante diz: Agora eu sei as medidas dos lados da fazenda. Segundo
> visitante diz: Agora eu também sei as medidas dos lados da fazenda. Como
> ambos falaram a verdade, quais as medidas dos lados da fazenda?"
>
> Trata-se de uma variante do chamado “O Problema Impossível”, cujo enunciado
> e solução (em diversas versões) podem ser encontrados nos links que coloco
> no final desta mensagem.
>
>
>
> Sudações,
>
> Albert Bouskela
>
> bousk...@msn.com
>
>
>
> Referências:
>
> http://en.wikipedia.org/wiki/Impossible_Puzzle
>
> http://people.sc.fsu.edu/~burkardt/fun/puzzles/impossible_puzzle.html
>
> ________________________________
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http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html
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