Nelson Ferraz wrote:
Talvez fosse mais simples adotar o Dvorak padrão:
http://www.mwbrooks.com/dvorak/layout.html
Mudar de QWERTY para Dvorak oferece um ganho nítido. Mudar de Dvorak
para um padrão brasileiro gera complicações, e o ganho pode ser reduzido.
Nelson, o Ari respondeu, e replico aqui. Não é flame(!!), e acredito q
estes questionamentos ajudam a montar uma base de argumentação sólida
para o projeto dele.
Claudio
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Fonte:
http://tecladobrasileiro.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=21&Itemid=44
MAIS RÁPIDO OU MAIS CONFORTÁVEL?
Por Ari Caldeira - Sexta-feira, 30 de Junho de 2006
Teclado mais rápido ou mais confortável? Por que não adotar o
Dvorak norte-americano de imediato?
Este artigo é uma resposta a um emeio que recebi hoje, analisando
que o teclado Dvorak norte-americano teria sido criado para aumentar a
velocidade de digitação, e questionando se a pura adoção do padrão
Dvorak norte-americano já não traria benefícios suficientes.
Cláudio e Nelson,
Obrigado pelo interesse no Teclado Nativo!
Nelson, o teclado Dvorak norte americano é muito bom, para quem
escreve em inglês. Veja a seguinte referência:
http://www.shiar.org/happy/txts/dvorak.php
Você nota que o arranjo do Dvorak para o inglês obedece regras que vão
além de permitir que se digite mais rápido. Digitar mais rápido não é o
objetivo do Teclado Nativo, ao menos não o primordial.
Rapidez não é conforto. O Dvorak padrão inglês tem 2 sérios problemas
para quem escreve em português, ne minha opinião, no quesito conforto: a
vogal mais usada, o A, que corresponde a 14% da digitação em português,
e a consoante mais usada, o S, que corresponde a 7%, estão ambas com os
mindinhos! Isso pra nossa língua é um crime! :-)
Veja que no inglês, o A corresponde a só 7% e o S, 5%; o T é a
consoante mais usada no inglês, e o E a vogal. Se o objetivo é trazer
mais conforto e aliviar o estresse e o esforço da digitação, seria
lógico colocar as letra mais importantes e usadas em posições
consideradas desconfortáveis, com o dedo menos ágil de todos, e deixar
posições privilegiadas com teclas que não são tão usadas? Conheço gente
que fica com o dedo mindinho da mão esquerda simplesmente travado após
muito tempo de digitação. Por que será, não? Será que o Dvorak
norte-americano resolveria esse problema em particular?
Na história da escrita, o meio disponível para se escrever em muitos
casos, se não em todos, determinou o formato das letras, a direção da
escrita e assim por diante, sempre constringindo a manifestação escrita
da língua às limitações do meio para se escrever. Pela primeira vez na
história, desde a criação da escrita como entendemos hoje (letras, e não
desenhos pura e simplesmente), pode ocorrer o contrário: o meio ser
adaptado à língua, a ainda por cima num momento histórico em que esse
meio de escrita, o teclado, causa literalmente uma epidemia (procure no
google: rsi epidemia ou epidemic, verá quantas referências há, e observe
os países de origem dos artigos) de casos de LER.
Buscar incentivar o Dvorak só pela facilidade da existência do driver,
ou porque ele por si só já é mais rápido, é ignorar que uma das maiores
causas de afastamento por doença de trabalho hoje em dia é a LER, e que
boa parte desses afastamentos é causado pelo uso do teclado de maneira
ineficiente, pelo próprio desenho do teclado. Quanto custa isso pro
INSS? Somente aumentar a velocidade, sem levar em conta o conforto,
aumentaria ou diminuiria os casos de afastamento por LER? Quanto vai
custar pro nosso bolso, que somos nós que pagamos a conta do INSS, daqui
a alguns anos, quando uma parcela ainda maior da população, maior ainda
do que hoje, trabalhar o dia inteiro exclusivamente na frente de um
computador?
Mais rapidez e produtividade seria ótimo, mas e a qualidade de vida? O
contexto corporativo, onde rapidez e produtividade são tão importantes,
não é o único em que o teclado é usado. E as escolas? Já pensou que
todas as terminações verbais do português podem ser escritas pela linha
central do Teclado Nativo, exceto pela letra V (salvo engano)? E o valor
propedêutico, não seria levado em conta? Usar a ordem das vogais no
Nativo para ensinar o que é um ditongo crescente, ou decrescente? O grau
de abertura das vogais? Pode haver uma infinidade de maneiras de usar o
teclado adaptado ao português para ensinar melhor o português, basta
conhecimento e pesquisa.
Sobre os benefícios do Teclado Nativo para a digitação em português,
leia com calma o artigo Criando um teclado Dvorak , e você vai ver todos
os quesitos que foram levados em questão na criação do Nativo. Você vai
ver que a velocidade da digitação não foi levada em consideração; ela é
um efeito colateral benéfico, advindo principalmente da separação das
vogais e consoante em mãos diferentes.
E por fim, não me faz sentido dizer: vamos adotar o Dvorak
norte-americano, porque já é padrão. Padrão onde? Só porque o driver já
vem com o Windows? No Brasil, onde a maioria da população ainda não tem
acesso a computadores, e muita gente nunca nem viu um teclado, a troco
do quê criar um grupo para incentivar o uso de um teclado que não é
adaptado à nossa realidade?
Um forte abraço!
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