Olá Akira, 

----- Mensagem original -----

> Anahuac,

> Creio que o nível da discussão está muito boa, pois há respeito mútuo. Com
> isto, estamos melhorando o nível do debate e aprendendo uns com os outros.
> Para aprofundarmos seria bom chegarmos em um consenso em alguns termos:

> * FSD = Free Software Definition - Definição de Software Livre, criado por
> Stallman, baseado em 4 liberdades.
> * Free Software, Open Source, FOSS, FLOSS = Termos da língua inglesa,
> utilizados para identificar Software Livre. Em inglês, o termo Free é
> ambíguo, pode significar tanto grátis quanto livre. No português, temos um
> termo único, *Software Livre*.
> * OSI = Open Source Initiative - é uma organização que atua em prol do
> Software Livre http://opensource.org/
> * OSD = Open Source Definition - definição de Software Livre criada pela OSI
> para identificar SL - http://opensource.org/docs/osd . É uma definição
> compatível com a FSD.
> * SP = Software Proprietário - todo software que não é SL;
> * MSL = Movimento do Software Livre - *pessoas*, ativistas que promovem o
> Software Livre;

> Concorda com estes termos?

Concordo discordando, muito antes pelo contrário! :-) 
Não tenho competência para entrar no mérito do significado desses termos. Acho 
que quem os cunhou já fez a sua justificativa. 

Só vou contribuir com a definição de "Movimento Software Livre" porque achei 
que você foi demasiado simplista. Espero que tenha sido sem querer, até porque, 
imagino que você tenha lido meu último artigo onde cito expressamente a fala do 
RMS. 
Diz ele: "Movimento Software Livre é um movimento social e político para 
defender a liberdade dos usuários de programas de computador". Vide, 01:06 em 
https://www.youtube.com/watch?v=MKDn9quw5sc 

Agora adicionando a este conceito a "pitada de sal" que todos temos usado: MSL 
é a disseminação do Software Livre usando argumentos éticos e filosóficos. 

Juntando tudo para fins didáticos, sob minha interpretação: "Movimento Software 
Livre é um movimento social e político para defender a liberdade dos usuários 
de programas de computador. Essa movimentação passa, prioritariamente, pelo 
convencimento dos benefícios éticos e ideológicos que o uso do Softwares Livres 
trazem para o indivíduo, a sociedade e a economia." 

> Em 23 de maio de 2014 11:51, < anah...@anahuac.eu > escreveu:

> > Você insiste e colocar OSI e SL na mesma cesta, usando seus argumento para
> > continuar misturando tudo e chamando o resultado de vitória.
> 
> Em qual momento a OSI misturou SL com SP? Se não me engano, a OSI não detém
> direitos autorais de Software e se limita a classificar licenças de SL. Para
> avançar no debate, seria bom ser mais específico nas críticas, a OSI errou
> em alguma classificação de licença de software? Qual?

Sua pergunta está deslocada. Em momento algum eu me refiro a licenças de 
software. 
Mais uma vez acho que você não lido meus artigos. 

Minha abordagem tem sido sempre sobre a abordagem na forma de ativismo. 

Perceba: 

OSI = mantém uma abordagem pragmática e complacente para convencer as pessoas 
de usar programas de computador com licenças livres; 
SL = mantém uma abordagem ética e ideológica para convencer as pessoas de usar 
programas de computador com licenças livres; 

Portanto OSI != SL 

A "mistura" à qual me refiro é o uso da argumentação complacente e pragmática 
da OSI chamando-a de Software Livre. Isso confunde as pessoas. 
Como já disse antes é como chamar nossos queridos sistemas operacionais apenas 
de Linux. Confunde as pessoas. 

> > Não vejo vitórias, vejo apropriações de código pelos grandes poderes para
> > continuar nos dominando.Eu simplesmente não concordo e não vou achar outras
> > formas de explicar isso. Já o fiz.
> 

> Por apropriação, vejo que a licença BSD modificada, devido a sua
> característica não-copyleft [0], permite que um SL se torne SP, mas não
> deixa de ser uma licença livre compatível com GPL [1]. Mas seria a OSI
> responsável por isso?

Você não percebeu o argumento de apropriação. 
Me refiro a apropriação de códigos livres, de metodologias de produção e de 
discursos sobre compartilhamento pelos "Podre poderes". Me refiro aos grandes 
"players" que diariamente se apropriam de nossas ideias, as torcem em seu favor 
e as usam para continuar explorando as pessoas dentro de suas "centros de 
coleta de dados". Os melhores exemplos são o Facebook e o Google. 

A apropriação é tamanha, que diversos ativistas de Software Livre, com vários 
anos de experiência, fundadores de comunidades importantes, coordenadores de 
eventos, foram cooptados para trabalharem nessas empresas. Mas o que mais me 
preocupa não é a cooptação em si, essa era esperada, mas a avaliação da 
comunidade achando "normal" que esse ativistas tenham aceitado. E em alguns 
caso, a "opinião geral", é de que esse seria um caminho natural e até de 
crescimento profissional. Preciso lembrar de que essas pessoas, a partir de 
então, não mais produzem Software Livre? Que essas pessoas não são mais líderes 
de comunidades? De que essas pessoas estão, agora, ajudando essas mega empresas 
a manter mais pessoas "presas" a suas ferramentas? 

> > Não acho que o OSI seja o inimigo, concordo plenamente com o Stallman, o
> > Software Proprietário é o inimigo.
> 

> Se a OSI não é o inimigo do MSL e SP é o verdadeiro inimigo, quais seriam as
> atitudes erradas da OSI?

Não quero explicar isso de novo. Leia aqui: http://www.anahuac.eu/?p=398 

> > Na minha linha de pensamento a ameaça mais evidente é a forma pragmática e
> > complacente que a OSI usa para disseminar o uso de seu código e deus meios
> > de produção.
> 
> Repito a pergunta: OSI é detentora de código-fonte?

É provável que a sua pergunta se refira ao fato de eu ter usado o termo "seu 
código". Erro meu. Estava me referindo aos códigos licenciados sob licenças 
OSI. 
E talvez aqui caiba lembrar que há sempre aquela "pulha" de que as licenças OSI 
são mais livres do que as licenças SL, pois elas permitem serem apropriadas por 
quem desejar. 
Não é uma discussão que eu queira levantar agora, mas um dia vamos discutir 
especificamente sobre esse ponto. 
Neste momento me refiro, mais uma vez, à forma pragmática e tolerante que a OSI 
tem de "espalhar a palavra", permitindo inclusive, sob licenciamento, que 
códigos licenciados sob suas licenças, seja apropriados por terceiros. Será que 
consegui me explicar? 

> > É a capacidade de se aproximar tanto do Software Proprietário que já quase
> > não se distingue mais o que e quando. Essa é uma técnica de conquista e
> > neste caso as vítimas somos nós
> 
> Em quais atitudes a OSI se aproximou do SP? Me ajude a enxergar isso, me cite
> exemplos.

Reveja a primeira mensagem do Bruno, ele deixa isso bem claro. 

A aproximação é fruto da abordagem pragmática e tolerante, mais uma vez. Mas já 
que você quer um exemplo: considerar correto o uso de ferramentas do Google 
(listas, docs, emails). 

> > Suavizar o contexto ético e ideológico em nome do desempenho, qualidade e
> > todos os demais argumentos mercadológicos.
> 

> Você realmente acredita que a melhor forma de conquistar usuários é focar
> *exclusivamente* nos argumentos éticos e ideológicos?

Sua pergunta tem alguns conceitos embutidos que não me permitem respondê-la de 
forma direta. Então vou destrinchar: 

1 - Ela pressupõe que esta discussão é sobre "conquistar usuários de programas 
livres". Esta discussão, especificamente, é sobre as metodologias utilizadas 
para conquistar usuários. Estou repetindo incansavelmente que os fins não 
justificam os meios. 
Estamos usando meios complacentes de mais e isso está se voltando contra o 
próprio movimento. 

2 - No mundo atual nada é exclusivo. Sei que pode parecer oportunismo da minha 
parte, mas não seja radical Akira! :-) 
Não acredito em uma abordagem exclusivamente ética e ideológica, se não seria 
fé e não tecnologia. O que estou repetindo incansavelmente é que estamos, por 
tempo demais, priorizando o pragmatismo e a tolerância com Softwares 
Proprietários, redes sociais devassas e ferramentas on-line privativas. 

3 - Eu acredito que temos que ter uma abordagem que equilibre argumentos 
pragmáticos e ideológicos, mas, e aqui é um grande MAS sem deixarmos a 
coerência de lado. Mostrar que achamos "normal" o uso de Softwares 
Proprietários, redes sociais devassas e ferramentas on-line privativas, 
transmite a mensagem errada, confunde as pessoas e desequilibra a argumentação 
relegando a segundo plano as questões éticas e ideológicas. 

> Você acha que usar os argumentos dos benefícios do Software Livre (segurança,
> controle, autonomia, aprendizado) é errado?

Respondido acima? 

> > Um bom começo é separar as coisas: OSI != SL
> 

> Neste caso, seria bom comparar dois objetos diferentes, o primeiro é uma
> organização, o outro é uma definição. Você quis dizer que OSI não promove o
> SL?

Não. Quero dizer que OSI o promove de uma forma que causa mais problemas que 
soluções. Mais afasta as pessoas da liberdade do que as atrai para ela. A 
abordagem pragmática permite que se produza Software Livre usando plataformas 
aprisionantes. Confuso demais para qualquer um entender. 
Veja se faz sentido: se as pessoas não sabem e não querem saber a importância 
de usar Software Livre, de que importa se elas usam ou não Software Livre? 
A falta de entendimento leva ao controle das massas, usando Software Livre ou 
não. 

> Ou você quis dizer que o termo OpenSource do inglês não corresponde ao
> significado de Software Livre? Em [2], você usou o termo Open Source e
> depois traduziu para o termo Código Aberto, que no português seria melhor
> traduzido como Software Livre? Você quis dizer que a OSD não é uma definição
> compatível com SL?

Caramba, ficou parecendo aqueles "jogos" de "maria, alta, morna, não tem 
cachorro e mora na casa amarela. Pedro, baixo, loiro, tem um gato e é vizinho 
da casa Roxa".... :-) 
Eu não tenho competência para afirmar que o OSD não é compatível com o SL. O 
que posso afirmar de forma prática é que a metodologia usada pela OSI, usando a 
OSD, tem sido extremamente oficiente em conquistar usuários que não sabem nada 
sobre suas liberdades e do porque isso é importante. 

Software Livre defende a liberdade. 
OSI promove o Software Livre dizendo que o importante é usar e produzir 
Software Livre. 
O Google usa esses códigos para limitar a liberdade de seus usuários. 
A OSI diz que está tudo bem usar as ferramentas do Google para produzir 
Software Livre. 
A FSF diz que não está tudo bem usar as ferramentas do Google, nem mesmo para 
produzir Software Livre. 
A OSI diz que FSF e OSI defendem a mesma coisa e "tudo isso" é Software Livre. 
O argumento OSI encontra respaldo nos milhares de usuários do Google. 
A quantidade de usuários conquistados pela argumentação OSI é enorme. 
while [ true ] ; do 
Os defensores da FSF e da abordagem ética e ideológica são taxados de radicais. 
A quantidade de usuários conquistados pela argumentação OSI aumenta ainda mais. 
Os valores éticos e ideológicos diminuem como argumentação para disseminar o 
Software Livre 
OSI argumenta que Movimento Software Livre é o que eles defendem. 
done 

Se não quebrarmos esse while, na busca por mais equilíbrio chegará o momento em 
que a argumentação ética e ideológica será insignificante e Software Livre sera 
sinônimo de Open Source. 
Nesse momento a força revolucionária de transformação social causada pelo 
entendimento da liberdade do código, desaparecerá. Restarão, apenas, os 
conceitos pragmáticos que servirão, mais uma vez aos poderosos. 

> Outra pergunta, você concorda com o seguinte: A FSF e OSI são organizações

Sim. 

> . Há somente um tipo de ativista: o ativista de SL, as pessoas que formam o
> MSL.

Não. 
É essa a mistura que estou tentando "desmisturar" :-) 
Ativista Software Livre defende a ética e a ideologia antes de mais nada. Essas 
pessoas defendem a liberdade antes da praticidade ou conivência. 
Ativista Software Livre defende os preceitos definidos pela FSF e entende, 
prioritariamente, que o Stallman "é o cara". 

Quando esse alinhamento ético e ideológico é suavizado, então é Movimento Open 
Source, ou o que eu venho chamando de OSI. 

Alinhamento ético e ideológico = Ativista Software Livre. 
Alinhamento pragmático e tolerante = Ativista Open Source. 

> Ambas organizações não representam o MSL, que é muito maior e é independente
> das duas.

Sou forçado a discordar. 
Esse é o erro que descrevo em meus artigos que cometemos a dez anos atrás. 
Naquela época é possível que fossemos um único grupo de ativistas, buscando 
meios para difundir e popularizar o uso de Softwares Livres. 
Naquele momento decidimos suavizar nosso discurso e utilizar mais a abordagem 
OSI. Fomos mais pragmáticos e tolerantes. Eu incluído. 
Como você bem sabe, na minha avaliação, erramos. 

> Ser um ativista do SL sem ter ideia da ética e da ideologia por trás do SL
> não o faz um ativista OSI [2], concorda?

Primeiro perceba que você mesmo acaba de fazer a distinção entre um ativista do 
MSL e um ativista OSI. 

Mas respondendo a sua pergunta: não sei se faz dele um ativista OSI, mas 
certamente não faz dele um ativista Software Libre. 
Como ter ideia da ética e/ou da ideologia não é uma prerrogativa da abordagem 
de convencimento da OSI, me parece que sim faria dele um ativista OSI, mas ai 
cabe a OSI definir isso, não a mim. 

Então, se um ativista atua pela adoção ou desenvolvimento de Software Livre sem 
nenhuma ideia ética ou ideológica ele não é ativista do Movimento Software 
Livre. 

> Bem ou mal, o SL está chegando às massas e a maioria não tem a mínima ideia e
> sequer interesse em ideologia, só querem usar tecnologia para resolver seus
> problemas de curto prazo. Chamar toda essa grande massa de ativista OSI não
> é meio injusto?

Injusto com quem? 
Com a massa de usuários que não se importa? 
Com os ativistas OSI que colocam o pragmatismo em primeiro plano? 
Com os ativistas do Software Livre que colocam a ética e a ideologia em 
primeiro plano? 

Mas a pergunta mais importante: de onde saiu isso de justo ou injusto? 
Em momento algum uso a justiça como parâmetro para nada. O que me parece é que 
há pessoas que se sentem ofendidas por serem apontadas como pragmáticas ou 
desapegadas ideologicamente. 

Não há nada de errado em ser defensor do pragmatismo e atuar como tal. <clichê 
on>Posso não concordar com suas ideias, mas morrerei pela sua liberdade em 
defendê-las <clichê off> :-) 
Na minha opinião o que não ajuda mais e colocar as duas abordagens, a 
pragmática e a ideológica, sob o mesmo rótulo de Movimento Software Livre. 

> Faço parte do MSL e sempre acho que precisamos melhorar os argumentos na
> linha ética/ideológica do SL, mas não significa que devemos deixar de usar
> os argumentos técnicos, concorda?

Concordo! 
A minha movimentação é para que busquemos um equilíbrio. A balança pendeu para 
o pragmatismo de uma forma quase irreversível. 

> Referências:
> [0] http://pt.wikipedia.org/wiki/Copyleft
> [1] http://www.gnu.org/licenses/license-list.html#GPLCompatibleLicenses
> [2] http://www.anahuac.eu/?p=375

> Abraços,

Saudações Livres! 

> --
> Marcelo Akira Inuzuka
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Anahuac de Paula Gil 

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