Akira, Anahuac,

Quero agradecer, porque essa discussao esta de otimo nivel, e acredito que esta 
ajudando a todos a solidificar os conhecimentos sobre Software Livre em geral.

> A minha movimentação é para que busquemos um equilíbrio. A balança pendeu 
> para o pragmatismo de uma forma quase irreversível.

Em especial, eu acredito que o objetivo final que o Anahuac vem propondo, que 
acho que ele resumiu nessa frase acima eh um objetivo valido e importante para 
a discussao de software livre no Brasil. Mas, acho que para chegar nisso 
precisamos respeitar a diversidade existente hoje na comunidade.

Por isso, quero fazer alguns comentarios pontuais, onde eu acho que a discussao 
esta distorcendo alguns pontos de vista:

> Estava me referindo aos códigos licenciados sob licenças OSI.
> E talvez aqui caiba lembrar que há sempre aquela "pulha" de que as licenças 
> OSI são mais livres do que as licenças SL, pois elas permitem serem 
> apropriadas por quem desejar.

As licencas aprovadas pela OSI sao virtualmente identicas aas licencas 
aprovadas pela FSF, portanto nao sao nem mais nem menos "livres". A segunda, 
terceira e quinta licenca livre mais usada no mundo permitem essa chamada 
"apropriacao", mas nao deixam de ser livres.

        
http://www.blackducksoftware.com/resources/data/top-20-open-source-licenses

> 
>> Em quais atitudes a OSI se aproximou do SP? Me ajude a enxergar isso, me 
>> cite exemplos.
> 
> Reveja a primeira mensagem do Bruno, ele deixa isso bem claro.

Desculpe Anahac, mas em nenhum momento eu defendi ou promovi ou me "aproximei" 
de software proprietario nessa discussao. Temos uma diferenca de opiniao bem 
razoavel, mas pelo menos do meu lado, acredito que estamos sempre falando de 
software livre aqui...

> A aproximação é fruto da abordagem pragmática e tolerante, mais uma vez. Mas 
> já que você quer um exemplo: considerar correto o uso de ferramentas do 
> Google (listas, docs, emails).

A OSI exclusivamente defende o uso de software livre. A OSI nao diz nada a 
respeito do uso de ferramentas ou software proprietario: o foco da organizacao 
eh defender o uso e a criacao de software livre, promovendo as suas vantagens.

Em especial, nao existe nenhuma infraestrutura da OSI que seja mantida em 
software proprietario: nossas listas sao gerenciadas internamente utilizando 
Mailman, nossos documentos compartilhados utilizam o Etherpad, nosso issue 
tracker eh Redmine, nossa Wiki eh a XWiki, etc.

> A OSI diz que está tudo bem usar as ferramentas do Google para produzir 
> Software Livre.

A OSI nao defende e nao promove as ferramentas do Google. A OSI tambem nao diz 
nada sobre estar tudo bem em usar ferramentas do Google ou de quem quer que 
seja. A OSI defende e promove a criacao de software sob licencas livres. A 
frase do Linus Torvalds que citei no outro email talvez seja um resumo: "open 
source is the only right way to do software". Em nenhum momento a OSI promove o 
desenvolvimento de software proprietario.

> A FSF diz que não está tudo bem usar as ferramentas do Google, nem mesmo para 
> produzir Software Livre.

A FSF nao diz isso... A FSF, exatamente porque defende o lado etico, discute 
detalhadamente usos eticos e nao eticos dessas ferramentas. Esse eh um ponto 
fundamental quando queremos ser consistentes. A FSF por exemplo eh bem 
consistente quando avalia algo tao generico quanto "as ferramentas Google":

        Services are fundamentally different from programs, and the ethical 
issues that 
        services raise are fundamentally different from the issues that 
programs raise. 
        To avoid confusion, we avoid describing a service as “free” or 
“proprietary.”
        http://www.gnu.org/philosophy/who-does-that-server-really-serve.html

Recomendo uma lida no artigo que cito acima, do Richard Stallman, que discute 
SaaS/SaaSS/Google/Facebook/Twitter entre outros:

        http://www.gnu.org/philosophy/who-does-that-server-really-serve.html

Alguns pontos do artigo que tem a ver com toda essa nossa discussao:

        In its essence, social networking is a form of communication and 
        publication, not SaaSS. 

        Some sites offer multiple services, and if one is not SaaSS, another 
        may be SaaSS. For instance, the main service of Facebook is social 
        networking, and that is not SaaSS; however, it supports third-party 
applications, 
        some of which are SaaSS. 

        Flickr's main service is distributing photos, which is not SaaSS [...]
        Likewise, using Instagram to post a photo is not SaaSS [...]
        [...] Neither is [SaaSS] publishing your own materials via a blog site 
or 
        a microblogging service such as Twitter or StatusNet.
        
        Google Docs [...] offers an API for uploading and downloading documents 
[...]. 
        A free software editor can do so through this API. This usage scenario 
        is not SaaSS, because it uses Google Docs as a mere repository. 

Tambem recomendo a leitura do artigo (tambem do RMS):

        
http://www.gnu.org/philosophy/network-services-arent-free-or-nonfree.html

Alguns trechos, relevantes a essa nossa conversa, e ao futuro da nossa 
comunidade:

        Let's suppose a service is implemented using software [...] If the 
operator 
        developed them and uses them without distributing copies, they are free 
        in a trivial sense since every user (there's only one) has the four 
freedoms.

        If some of them are nonfree, that usually doesn't directly affect users 
of the 
        service. We don't condemn the server operator for being at the mercy of 
nonfree 
        software, and we certainly don't boycott her for this. [...] Given an 
opportunity,
        we try to explain how it curtails her freedom, hoping she will switch 
to free software.

        Conversely, if the service operator runs GNU/Linux or other free 
software, 
        that's not a virtue that affects you, but rather a benefit for her. We 
don't praise or 
        thank her for this; rather we felicitate her for making the wise 
choice. If she releases 
        some of this free software, thus contributing to the advance of the 
community, that's 
        the point at which we have a reason to thank her. 

Peco desculpas pela falta de traducao, o tempo esta curto... Vou apenas 
parafrasear, e quem preferir, leia os artigo! Basicamente, RMS defende que 
servico eh diferente de software, e tem questoes diferentes em relacao aa 
liberdade. Ele tambem diferencia servicos computacionais, que ele considera 
prejudiciais (SaaSS) de servicos de comunicacao/publicar informacao (que nao 
seriam uteis rodando no seu computador) e que nao sao prejudiciais. Redes 
sociais se encaixam nesse ultimo caso. RMS diz explicitamente que o 
desenvolvedor do servico de comunicacao que desenvolve o proprio software (por 
exemplo, o Facebook, Twitter) o software eh "livre" de uma forma trivial, ja 
que seu um unico usuario (quem desenvolveu) tem todas as liberdades. Por outro 
lado, mesmo que o servico use software proprietario, isso nao eh um problema, 
porque nao afeta a liberdade dos seus usuarios. Tudo isso tem varias nuancias, 
ja que se o servico depender de JavaScript proprietario por exemplo, afeta os 
usuarios. Por ultimo, RMS diz que, ao colaborar com a comunidade liberando 
"algum" desse software, esse eh o momento em que temos uma razao para 
agradecer. (Obviamente, esse meu resumo nao faz justica aos artigos, mas ajuda 
na nossa discussao atual).

Esses artigos mostram por um lado o quao complicado eh nosso mundo da 
tecnologia hoje, e por outro, a impressionante consistencia da FSF. Tentar 
posicionar o movimento de software livre como um movimento que eh contrario em 
"usar as ferramentas do Google" ou do Facebook ou sei la quem mais, pura e 
simplesmente, nao bate com a visao da propria FSF, que, ao buscar as atitudes 
eticas das anti-eticas, diferencia muito bem quando um servico prejudica ou nao 
a liberdade do usuario.

E mais ainda... Nao reconhecer que existe sim uma enorme gama de nuancias em 
relacao ao software livre, e que eh normal a confusao e o desconhecimento 
dessas nuancias, mesmo por aqueles da "velha guarda", so vai prejudicar o 
movimento. Eh preciso reconhecer que muita coisa precisa ser debatida e 
aprofundada, e que generalizacoes ou tentar desqualificar uma grande parte 
dessa comunidade eh prejudicial a nos mesmos.

> 
>> Faço parte do MSL e sempre acho que precisamos melhorar os argumentos na 
>> linha ética/ideológica do SL, mas não significa que devemos deixar de usar 
>> os argumentos técnicos, concorda?
>> 
> Concordo!
> A minha movimentação é para que busquemos um equilíbrio. A balança pendeu 
> para o pragmatismo de uma forma quase irreversível.

Pelo jeito, todos nos concordamos com esse ponto. E eu continuo defendendo que 
essa tem sempre sido a marca da comunidade software livre brasileira: nos 
sempre falamos de liberdade ("livre") e sempre utilizamos as taticas de mostrar 
as vantagens e argumentos tecnicos. Etica do free software. Taticas do open 
source. Eu nao acho que isso seja "pragmatismo" ou "tolerancia" e nem acho que 
isso denigre o esforco da enorme e diversa comunidade que construiu esse 
movimento todos esses anos.

Pode ser que falte um trabalho de educacao e de conscientizacao mais forte? 
Mas, isso sempre vai "faltar": nunca vai ser demais fazer.

[]s,
Bruno.
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Bruno Peres Ferreira de Souza                         Brazil's JavaMan
http://www.javaman.com.br                      bruno at javaman.com.br
        if I fail, if I succeed, at least I live as I believe



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