On Nov 21, 2015, fabianne balvedi <f...@estudiolivre.org> wrote: > facilitar o fork tampouco está na definição do que seja SL
Não é só isso. O problema era ainda pior, como você pode ver, se quiser, nos artigos que acabo de citar em mensagem ao Patola, e noutras citações a partir deles. Parte foi corrigida, mas parte continua criando empecilhos que vão muito além do "não facilitar" e chegam ao "tornar praticamente inviável", com "praticamente" não no sentido de quase, mas de efetivamente. Um exemplo de que gosto é que respeitar a liberdade de ir e vir não exige dar carona pra onde o sujeito quiser, é só não colocar barreiras no caminho que visem dificultar o movimento. É fácil de ver que, às vezes, respeitar a liberdade pode exigir algum esforço mais que a mera inação. Tipo assim, se não entreguei o código fonte junto com o binário e agora não tenho mais pra entregar nem se quisesse, o software não é Livre. Deixar de entregar os fontes é inação, mas é suficiente para constituir desrespeito à liberdade, se houver recusa de entregá-los quando solicitados. Da mesma forma, se não bastasse a exigência de recompilar os binários não copyleft para ter permissão para distribuí-los, a exigência de remover *todas* as marcas do Ubuntu de *todos* os pacotes onde eles possam aparecer, na forma textual ou de logotipos, mesmo após solicitação de esclarecimento se é isso mesmo, beira o "não deixo, não deixo mesmo e se você tentar, sua vida será um inferno!" Convenhamos, a defesa da marca não precisa ser feita desse jeito. Temos exemplos disso na comunidade. Por que dificultar as coisas? Por que fazer algo a outrem que geraria grande insatisfação caso feito a nós mesmos? (imagine se o Debian fizesse a mesma exigência!) > Ambas as partes não querem risco jurídico Se fosse só isso, o problema já estaria resolvido. O suposto risco jurídico é uma distração pra gerar confusão, porque a solução para esse risco é bem conhecida. > sobre isso dificultar ao EXTREMO, sério mesmo? Sério mesmo. O Matt está longe de ser um sujeito incompetente na técnica, seja a programação de baixo nível, seja na automatização de tarefas mecânicas, seja no encontrar soluções geniais para problemas genuinamente complicados. E ele queria basear um trabalho seu no Ubuntu, e decidiu não fazer isso porque não dava pra fazer na prática e o risco jurídico seria grande demais. E não é o único exemplo: no artigo de julho, há referência nos comentários a outras empresas que tomaram medidas ainda mais cuidadosas para se proteger do risco jurídico que a Canonical cria, ao que tudo indica justamente para inviabilizar distros derivadas. Imagine se o Debian fizesse isso com ela! > uma vez que códigos bagunçados e não comentados também > dificultam enormemente o fork e nunca vi alguém reclamar que > eles eram gatos disfarçados. Eu já vi Alan Cox reclamando do código do driver nv do X, a ponto de dizer que não era Software Livre por causa justamente da falta de comentários e da obscuridade do código. Talvez ele não tenha razão, mas alguém já reclamou, sim ;-) Eu mesmo vivo me deparando com longas sequências de números que são introduzidas em cada nova versão do Linux, e que preciso tentar adivinhar se são código objeto ou se são só longas sequências de inicialização e configuração sem comentários, ou porque o driver foi feito no escuro, sem documentação, ou porque foi feito com documentação sob NDA. Dificultam a adaptação, sim, mas não é muito diferente de se escrever o programa numa linguagem que ninguém mais conhece. Falta informação, sim, mas não chega a ser culpa do desenvolvedor que terceiros não a tenham. Isso é mais óbvio no caso do driver feito no escuro, mas a imposição do NDA não é uma escolha do desenvolvedor (aceitá-lo é). Já se alguém que criou o dispositivo escreve o código com trechos obscuros e sem documentação, e o divulga como se fosse Software Livre, talvez houvesse razão para considerá-lo não-Livre, pois há uma certa privação de código fonte aí. Mas, na prática, o código fonte não seria diferente do caso anterior, então fica complicado argumentar que aquele seja Livre e este não. Talvez a linha não esteja traçada no lugar certo. Da mesma forma, o uso de marcas em Software Livre normalmente não é um problema, pois não chegam a impedir o gozo das liberdades mesmo que precisem ser removidos, mas em alguns casos, pode chegar a fazê-lo. Meu exemplo favorito é de um fonte de caracteres contendo logotipos. Modificá-lo para remover os logotipos faz com que deixem de desempenhar a função desejada; seria como um software privativo, em forma binária, que só funciona se acompanhado de arquivo com o logo, e com exigência de remoção do logo para redistribuição. Com essa modificação, ele deixa de cumprir a função original. Outro caso, especulado há muitos anos, seria alguém colocar tantas marcas em tantos lugares obscuros de um programa Livre que, ao exigir a remoção da marca para redistribuição ou adaptação, tornar-se-lo-ia (perdão :-) privativo. Parece que a Canonical tomou isso como manual de instruções, ou resolveu testar os limites, ou algo assim. Fato é que está, sem motivo (porque a questão de defesa de marcas tem solução conhecida), criando dificuldades e riscos jurídicos para quem ouse querer fazer com o Ubuntu o que ela fez com o Debian. Não conheço linha científica de ética em que essa assimetria seja considerada razoável. > me parece meio óbvio que a estratégia do Mattew de trazer o assunto a > público dessa forma, acusando deliberadamente a Canonical desse jeito, > iria surtir algum efeito no sentido de faze-la finalmente facilitar o > fork. Você já tinha lido os artigos de julho que citei pro Patola? Pelo que escreveu acima, parece que não tinha conhecimento ou lembrança do teor deles. Quer refrasear? -- Alexandre Oliva, freedom fighter http://FSFLA.org/~lxoliva/ You must be the change you wish to see in the world. -- Gandhi Be Free! -- http://FSFLA.org/ FSF Latin America board member Free Software Evangelist|Red Hat Brasil GNU Toolchain Engineer _______________________________________________ psl-brasil mailing list psl-brasil@listas.softwarelivre.org http://listas.softwarelivre.org/cgi-bin/mailman/listinfo/psl-brasil Regras da lista: http://wiki.softwarelivre.org/bin/view/PSLBrasil/RegrasDaListaPSLBrasil SAIR DA LISTA ou trocar a senha: http://listas.softwarelivre.org/mailman/options/psl-brasil