Re: [Logica-l] [OUF!] seis milhões de judeos exterminados durante a segunda guerra mundial

2024-03-28 Por tôpico Mayk Alves de Andrade
Oi! Não quero ser mais inconveniente que já fui. É uma questão delicada.
Entretanto, queria ressaltar novamente o ponto 5: nenhuma guerra é
justificável. Certamente, houve beligerância de ambas as nações, erros de
ambos os lados. Mas quem está sofrendo um genocídio hoje é o povo
palestino. Longe de encontrar os culpados de um conflito que dura milênios,
prefiro procurar o caminho da paz. Uma pena que não o vejo no horizonte
próximo… os prognósticos da geopolítica não são muito animadores.

Hobsbawn descreveu o século passado como a era dos extremos. Parte da
ciência por trás da compreensão histórica é se antecipar aos acontecimentos
futuros com base na dinâmica dos acontecimentos passados e presentes. Um
labirinto difícil de destrinchar, mas os padrões estão saltando demais aos
olhos… E a teoria da ferradura é uma falácia: em um extremo temos a
barbárie. No outro, uma tentativa de solução. Que a saída do labirinto não
seja a barbárie.

On Thu, 28 Mar 2024 at 18:32 jean-yves beziau 
wrote:

> No centro de Jerusalém tem uma mesquita, quem colonizou quem ?
> O chefe desta mesquita no século passado colaborou com o Adolf Hitler.
> Os árabes-islâmicos colonizaram uma superfície muito grande e  nao querem
> dar um centímetro para os judeos
> https://twitter.com/HilzFuld/status/1716363395442639096
> São  países que praticam a escravidão (cf o Qatar), os desrespeitos  as
> mulheres, monarquias da capitalismo selvagem  que não favorecem a
> democracia.
> No início do estado de Israel, que era uma proposta de dois estados, que
> não foi aceito, os países árabes entraram em guerra contra Israel para
> acabar tudo desde o início.
> A situação atual é o resultado deste comportamento violento dos árabes
> contra os judeus: from the river to the sea, palestine will be jews free.
> Força da paz
> https://www.youtube.com/watch?v=bdlNDCNBZSk
> Shalom!
> JYB
>
>
> On Thu, Mar 28, 2024 at 7:40 PM Frode Alfson Bjørdal <
> bjordal.fr...@gmail.com> wrote:
>
>> andrad...@gmail.com
>>
>> Concordo completamente.
>>
>> Ademais, tem um outro ponto 0. Os palestinos são semitos.
>>
>> Consequentemente, e por causa de isso que agora «se desenvolveu a maior
>> onda de antisemitismo depois da segunda guerra mundial».
>>
>>
>> torsdag 28. mars 2024 kl. 15:22:21 UTC-3 skrev andrad...@gmail.com:
>>
>> Essa história é muito complexa, então vou me ater a alguns fatos simples.
>>
>> 1. Antissemitismo segue existindo, assim como islamofobia.
>>
>> 2. Somos contra os nazistas não porque eles erram alemães, germânicos ou
>> cristãos, mas porque fizeram atrocidade desumanas.
>>
>> 3. Existe um movimento contra Israel que não está baseado no fato de ser
>> um país judeu, mas sim pelos crimes contra a humanidade que estão
>> cometendo. Ou seja, existe uma diferença enorme entre antissemitismo e
>> antissionismo.
>>
>> 4. Ser contra os crimes de Israel não é equivalente a ser a favor do
>> Hamas. A existência do antissemitismo não justifica a existência do
>> sionismo e vice-versa.
>>
>> 5. A ideia de nação é uma invenção moderna, um mito. O nacionalismo
>> bélico, portanto, nunca é justificável. Misture a ideia de raça, nação e
>> religião em uma disputa de controle territorial ou de mercado e você terá a
>> receita perfeita para o nascimento do fascismo.
>>
>> Abraços.
>>
>> On Thu, 28 Mar 2024 at 14:00 Frode Alfson Bjørdal 
>> wrote:
>>
>> «Não é a minha dramaturgia Frode» - Caracterizei o texto que você
>> vinculou, e supus que foi escrito por você. Não é responsável?
>>
>> «se desenvolveu a maior onda de antisemitismo depois da segunda guerra
>> mundial» - Indubitavelmente, e desenvolveu-se pelas autoridades do Israel.
>>
>> https://fb.watch/r5m1HV1nOU/
>>
>> torsdag 28. mars 2024 kl. 08:33:35 UTC-3 skrev jyb:
>>
>> Não é a minha dramaturgia Frode, é a realidade!
>> é importante lembrar disso no momento
>> que depois dos ataques do Hamas a Israel
>> em particular ligados a um festa brasileira
>> https://www.youtube.com/watch?v=f5sI6mIBPAc
>> se desenvolveu a maior onda de antisemitismo depois da segunda guerra
>> mundial
>> https://www.youtube.com/watch?v=rbfccVBo9tE
>> JYB
>>
>>
>>
>> On Wed, Mar 27, 2024 at 7:40 PM Frode Alfson Bjørdal 
>> wrote:
>>
>> Inegavelmente, mas não creio que a sua dramaturgia seja ética, dadas as
>> circunstâncias dos dias de hoje.
>>
>>
>> Professor emérito em filosofia, Universitetet i Oslo
>>
>> Frode Alfson Bjørdal
>>
>>
>> On Wed, Mar 27, 2024 at 2:45 PM jean-yves beziau 
>> wrote:
>>
>> seis milhões de judeus exterminados durante a segunda guerra mundial
>> https://www.youtube.com/watch?v=bsTQKcHC2qg
>> les enfants d'israël
>> https://www.youtube.com/watch?v=Cu2Z-_aAhN8
>> JYB
>>
>> --
>> LOGICA-L
>> Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de
>> Lógica 
>> ---
>> Você recebeu essa mensagem porque está inscrito no grupo "LOGICA-L" dos
>> Grupos do Google.
>> Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele,
>> envie um e-mail para logica-l+u...@dimap.ufrn.br.
>> Para a

Re: [Logica-l] [OUF!] seis milhões de judeos exterminados durante a segunda guerra mundial

2024-03-28 Por tôpico Mayk Alves de Andrade
Essa história é muito complexa, então vou me ater a alguns fatos simples.

1. Antissemitismo segue existindo, assim como islamofobia.

2. Somos contra os nazistas não porque eles erram alemães, germânicos ou
cristãos, mas porque fizeram atrocidade desumanas.

3. Existe um movimento contra Israel que não está baseado no fato de ser um
país judeu, mas sim pelos crimes contra a humanidade que estão cometendo.
Ou seja, existe uma diferença enorme entre antissemitismo e antissionismo.

4. Ser contra os crimes de Israel não é equivalente a ser a favor do Hamas.
A existência do antissemitismo não justifica a existência do sionismo e
vice-versa.

5. A ideia de nação é uma invenção moderna, um mito. O nacionalismo bélico,
portanto, nunca é justificável. Misture a ideia de raça, nação e religião
em uma disputa de controle territorial ou de mercado e você terá a receita
perfeita para o nascimento do fascismo.

Abraços.

On Thu, 28 Mar 2024 at 14:00 Frode Alfson Bjørdal 
wrote:

> «Não é a minha dramaturgia Frode» - Caracterizei o texto que você
> vinculou, e supus que foi escrito por você. Não é responsável?
>
> «se desenvolveu a maior onda de antisemitismo depois da segunda guerra
> mundial» - Indubitavelmente, e desenvolveu-se pelas autoridades do Israel.
>
> https://fb.watch/r5m1HV1nOU/
>
> torsdag 28. mars 2024 kl. 08:33:35 UTC-3 skrev jyb:
>
> Não é a minha dramaturgia Frode, é a realidade!
> é importante lembrar disso no momento
> que depois dos ataques do Hamas a Israel
> em particular ligados a um festa brasileira
> https://www.youtube.com/watch?v=f5sI6mIBPAc
> se desenvolveu a maior onda de antisemitismo depois da segunda guerra
> mundial
> https://www.youtube.com/watch?v=rbfccVBo9tE
> JYB
>
>
>
> On Wed, Mar 27, 2024 at 7:40 PM Frode Alfson Bjørdal 
> wrote:
>
> Inegavelmente, mas não creio que a sua dramaturgia seja ética, dadas as
> circunstâncias dos dias de hoje.
>
>
> Professor emérito em filosofia, Universitetet i Oslo
>
> Frode Alfson Bjørdal
>
>
> On Wed, Mar 27, 2024 at 2:45 PM jean-yves beziau 
> wrote:
>
> seis milhões de judeus exterminados durante a segunda guerra mundial
> https://www.youtube.com/watch?v=bsTQKcHC2qg
> les enfants d'israël
> https://www.youtube.com/watch?v=Cu2Z-_aAhN8
> JYB
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> Para acessar essa discussão na Web, acesse
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Re: [Logica-l] Re: ao

2023-08-30 Por tôpico Mayk Alves de Andrade
Olá a todos!

Queria me delongar em algumas reflexões, se me permitem. Lembro que a
Filosofia Analítica surgiu quando Frege, fazendo uma releitura do que havia
defendido Kant, quis demonstrar que a aritmética seria analítica. Para
Kant, um juízo analítico é aquele no qual o predicado está contido no
sujeito, ou seja, estamos quebrando um "conceito maior" em "conceitos
menores". Para Kant, matemática seria sintética e *a priori. *Já Frege
defendeu que seria analítica, mas para ele ser analítico é ser derivável
apenas de leis lógicas gerais e definições. ZFC é um produto do
desenvolvimento e reformulação do programa filosófico de Frege (certamente
com influência de inúmeros outros pensadores, como Cantor, Hilbert e
Russell para citar somente três).

Para mim, a questão central da Filosofia Analítica é o fato de que, no
decorrer de seu desenvolvimento, ela transformou a ontologia em pura
epistemologia. O pontapé foi dado por Frege, como disse na passagem acima,
mas ainda mais radical foi o pensamento de Wittgenstein que originou o
positivismo lógico. No fim, parou-se de falar em ontologia. Tudo passa a
ser tido como um fenômeno estritamente linguístico, como acreditam os
formalistas ou nominalistas. Na verdade, o que ocorreu não foi a destruição
da ontologia, mas a ontologização da linguagem. Vejam, por exemplo, a ideia
de "compromisso ontológico" de Quine. Outro exemplo é a ideia de matemática
como jogo.

Já Brouwer resistiu à tentação analítica. O Ruy disse algo que não sabia,
que foi ele quem fez Wittgenstein voltar a falar de "realidade", ou seja,
de ontologia. Brower era resistente a qualquer tipo de formalização da
linguagem. A lógica intuicionista que conhecemos hoje foi formalizada por
seus seguidores. Aparentemente, a ideia que Brower tinha da matemática era
mais próxima do idealismo de Kant.

Pois bem, Lawvere foi um matemático que buscou basear seu trabalho
fundacional em Hegel. Na verdade, o Lawvere foi além, pois Hegel era um
idealista e, para o Lawvere a realidade material (e.g. a física) cumpria um
papel relevante nas formulações matemáticas. Lawvere foi um dos primeiros a
perceber o poder expressivo que a teoria de categorias trazia para a
lógica. Mais que isso, viu como a teoria de topos da geometria algébrica
fornecia uma ponte entre a lógica e a geometria.

Já conversei um pouco sobre isso com o Márcio. Ele citou os textos de Bell
sobre os infinitesimais. Guardarei para leitura futura. Até onde sei, nos
modelos da Geometria Diferencial Sintética de Kock-Lawvere (que são topos),
os infinitesimais surgem a partir da dupla-negação. São o "conjunto" que
corresponde à sentença "x tal que ¬¬(x=0)", i. e., os elementos que não são
diferentes de 0. Percebam que, na lógica clássica, esse conjunto só possui
o 0, mas na intuicionista não. Logo, a lógica adequada para o tratamento
sintético da geometria, assim como fez Leibniz e Newton, é intrinsecamente
intuicionista.

De fato, podemos dizer que as construções de Lawvere foram fortemente
guiadas pela tentativa de capturar a filosofia de Hegel, mas com um viés de
fortemente materialista. Foi surpreendente para mim descobrir que, na
verdade, Lawvere se baseou nos Manuscritos Matemáticos de Marx (onde ele
trata do cálculo infinitesimal), e possivelmente também na filosofia de
Engels, Lenin e Mao, para formular sua axiomatização da geometria
diferencial.

Na China, inclusive, o cálculo diferencial é ensinado sob a perspectiva
marxiana. Ou seja, o padrão na China é estudar a análise não-padrão. Ainda
não tive o prazer de ler esses manuscritos, ou mesmo os livros de cálculo
da China, mas parece valer a pena. Outro grupo que seguiu a linha de tentar
fundamentar a matemática com a influência de Hegel surgiu a partir dos
trabalhos de Sofya Yanovskaya, a responsável pelos estudos em lógica
matemática da URSS e pela edição dos Manuscritos Matemáticos de Marx. O
lógico húngaro Lakatos foi um de seus alunos, que também frequentava os
seminários do filósofo Lukács. Glivenko, o pai da tradução da dupla
negação, foi contemporâneo desse grupo. Uma pena que a burocracia
estalinista destruiu a possibilidade de se avançar ainda mais.

Esse texto da Sofya ilustra bem o que se pensava na época:
https://www.marxists.org/reference/subject/philosophy/works/ru/kolman.htm

Uma citação:

'I cannot pass over without a comment on old Hegel, who they say had no
profound mathematical scientific education. Hegel knew so much about
mathematics that none of his pupils were in a position to publish the
numerous mathematical manuscripts among his papers. The only man to my
knowledge to understand enough about mathematics and philosophy to be able
to do that is Marx.' [Engels, Letter to A. Lange, March 29, 1865]

Assim como disse o Ruy, a mim também parece que, de alguma maneira, essa
dualidade entre álgebra e geometria é a mesma dualidade que existe entre
sintaxe e semântica, entre linguagem e produção de sentido. A teoria de
categorias exerce uma função relevante nessa formulação, mas e

Re: [Logica-l] Trends in Logic conference- Torun, 2023

2023-08-02 Por tôpico Mayk Alves de Andrade
Olá a todos!

Peço licença para compartilhar algumas visões sobre o assunto. Debates
sociológicos me interessam bastante. O evento em questão que deu origem a
esta discussão é inclusive sobre ciências sociais, veja bem.

Acredito que o que está em jogo aqui são os limites da ideia de
“representatividade”. É importante o interesse efetivo em dar visibilidade
a grupos minoritários em espaços de notoriedade. O esforço de escolher
pessoas desses grupos que já obtiveram sucesso em suas carreiras combate as
camarilhas que de fato ocorrem entre aqueles já estão dentro dos círculos
de prestígio.  No entanto, não altera os condicionantes históricos, sociais
e materiais que afastaram e continuam afastando as minorias desses círculos
privilegiados.

A ideia de que exista um pacto, mesmo que inconsciente, feito entre homens
contra mulheres ou entre brancos contra negros é uma visão teórica advinda
de um movimento nas ciências sociais decorrente dos estudos estruturalistas
ou pós-estruturalistas. Eles possuem uma fundamentação pautada em aspectos
psicológicos e linguísticos da atuação humana. Inclusive, possuem
proximidades visíveis com a filosofia analítica, em especial com o
positivismo lógico. Vêm de correntes teóricas que reivindicam o trabalho de
Levi-Strauss, Foucault, Lacan etc. É nesse meio que surge a noção de
“representatividade”.

Porém, há uma crítica a essas correntes e seus teóricos. Essa crítica se
fundamenta justamente na ausência de uma formulação que dê conta de abordar
o desenvolvimento histórico da dominação social e suas origens materiais.
Tanto o racismo quanto a misoginia têm origens claras na divisão do
trabalho e estão atreladas à reprodução da vida social. Foi e ainda é
preciso que haja uma “casta” de seres humanos adequados aos trabalhos
subalternos e uma “casta” adequada aos trabalhos reprodutivos. Reside aqui
a origem da dominação sexual e racial que condicionaram e ainda condicionam
a ausência dessas minorias em ambientes de grande notoriedade. A saber, às
pessoas negras e dos países do terceiro mundo ainda são delegados os
trabalhos mais degradantes e às mulheres os trabalhos relacionados ao
parto, ao cuidado materno e outras funções associadas. Nosso sistema
econômico foi forjado assim e se alimenta dessa conformação.

Por mais que a ideia de “representatividade” bata de frente com a hegemonia
masculina e branca e aponte problemas reais que precisam ser superados, ela
não ataca a raiz desses problemas. Portanto, não é capaz nos levar para o
caminho da superação dos mesmos.

De maneira alguma estou aqui advogando por abandonarmos o esforço de
valorizar o trabalho de grupos subrrepresentados no ambiente acadêmico.
Pelo contrário, tudo que estiver ao nosso alcance deve ser feito. De fato,
o racismo e a misoginia certamente também operam através de “estruturas
psíquicas”. As camarilhas existem. A reflexão aqui é no sentido de apontar
que essas opressões vão muito além e por isso necessitam também de outras
respostas.

Tem algumas referências que gosto, algumas já explorei e outras ainda
preciso me aprofundar mais. Não sobra muito tempo para ler as fontes
originais com toda propriedade que elas exigem. Cito algumas:

O estruturalismo e a miséria da razão - Carlos Nelson Coutinho

(Obs.: esse livro é particularmente interessante nas críticas que faz a
Wittgenstein e às influências do positivismo lógico nas ciências sociais)

Integração do negro na sociedade de classes - Florestan Fernandes

Feminismo para os 99% - Nancy Fraser

Para além da identidade: da resistência à política - Douglas Alves

Tive a oportunidade de fazer parte de algumas das discussões que deram
origem a este último. Foi nessas discussões que entrei em contato com os
outros livros que citei. Há mais indicações também, como Lélia Gonzalez,
Frantz Fanon, Ângela Davis… são leituras que valem a pena.


Em ter., 25 de jul. de 2023 às 21:40, Valeria de Paiva <
valeria.depa...@gmail.com> escreveu:

> Pois e', Marcos.
> Concordo plenamente com
> >Contudo, vale observar, com pesar, que, mesmo em um evento com uma visão,
> digamos, mais progressista e cuidadosa em suas escolhas, uma questão
> fundamental não aparece, a saber, a questao racial.
>
> precisamos melhorar muito!
> Divirta-se em Buenos Aires!
> Abraços,
> Valeria
>
>
> On Tue, Jul 25, 2023 at 2:17 PM Marcos Silva 
> wrote:
>
>> Car@s,
>>
>> desculpas por chegar atrasado na importante discussão aqui.
>>
>> Gostaria apenas de destacar a imensa vitória que é trazer pela primeira
>> vez um evento tão tradicional e importante como o CLMPTS para o hemisfério
>> sul, especialmente para a América do Sul.
>>
>> Os esforços da comissão organizadora com o tema da desigualdade de gênero
>> e com a distribuição geográfica de invited speakers e participantes é de
>> fato visível e louvável. Estão de parabéns!
>>
>> Contudo, vale observar, com pesar, que, mesmo em um evento com uma visão,
>> digamos, mais progressista e cuidadosa em suas escolhas, uma questão
>> fundamental não aparece, a

Re: [Logica-l] [OFF] 'Precisamos de uma revolução na educação', diz 1ª mulher a presidir Academia Brasileira de Ciências

2022-04-04 Por tôpico Mayk Alves de Andrade
Bem, o que ela está dizendo é bastante revolucionário se considerarmos o
cenário de retrocesso absurdo que estamos vivendo em todos os níveis da
educação, desde o básico até o superior. A pandemia deixou uma defasagem
profunda na educação, principalmente no setor público. Enquanto isso, o
único objetivo do atual ministério da educação é infiltrar o pensamento
religioso cristão nas escolas e a EC dos Tetos de Gastos é usada como
justificativa para barrar qualquer aumento no financiamento da educação. A
prioridade do ministério da economia é clara: pagar a dívida com os bancos
a qualquer custo e deixar os rentistas e latifundiários exportadores
felizes com a alta da Selic e do dólar.

É revolucionário porque só mudanças estruturais profundas na sociedade
brasileira são capazes de tornar realidade o que parece óbvio. Mudanças
estas que só serão possíveis com muita ação organizada.

Achei a entrevista bastante acertada. E fico feliz que a primeira mulher
eleita para o cargo manifeste esse posicionamento político e tenha ganhado
a eleição com 100% dos votos válidos. Isso para mim também é revolucionário.

Mayk

Em qui., 31 de mar. de 2022 às 15:00, Walter Carnielli 
escreveu:

> Eu vejo Academia Brasileira de ciências muito como "igrejinha" ,  ligada a
> grupelhos.
>
> É muito difícil que eles reconhecem o trabalho de outras pessoas como
> cientistas," só os amigos dos amigos.
>
> Acho que a verdadeira revolução deveria ser essa: reconhecer como tais
> *todos* os cientistas do pais.
>
> Walter
>
> Em qui., 31 de mar. de 2022 14:35, Adolfo Neto 
> escreveu:
>
>> Não me parece ser revolução nenhuma, apenas bom senso, o que ela quer que
>> aconteça.
>>
>> On Thu, Mar 31, 2022, 09:29 Joao Marcos  wrote:
>>
>>> 'Precisamos de uma revolução na educação', diz 1ª mulher a presidir
>>> Academia Brasileira de Ciências
>>> Biomédica Helena Nader afirma que ciência precisa ser uma política de
>>> Estado, não de governo
>>>
>>> 29.mar.2022 às 12h37
>>>
>>> O investimento em ciência e educação deve ser contínuo e não depender
>>> de ações específicas do governo ou do partido no poder. Cortes na área
>>> e a interrupção abrupta de programas de internacionalização são alguns
>>> dos pontos que atrapalham o avanço do país, de acordo com a biomédica
>>> Helena Nader.
>>>
>>> Professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ela foi
>>> eleita na manhã desta terça (29) presidente da Academia Brasileira de
>>> Ciências (ABC) —é a primeira mulher a ocupar o cargo nos 106 anos da
>>> instituição.
>>>
>>> Como presidente, Nader afirma que quer reconstruir a educação
>>> brasileira, desde o ensino pré-escolar até o superior.
>>>
>>> A professora Helena Nader, recém-eleita presidente da Academia
>>> Brasileira de Ciências (ABC), em seu laboratório na Unifesp, em São
>>> Paulo - Eduardo Knapp - 22.mar.22/ Folhapress
>>>
>>> "Precisamos de uma revolução na educação que começa na pré-escola e
>>> vai até a pós-graduação. É preciso recuperar o pensar crítico e
>>> incentivar as crianças a pensarem desde uma idade muito jovem", avalia
>>> a cientista.
>>>
>>> Além disso, a atual fuga de cérebros de pesquisadores brasileiros,
>>> processo em que pessoas altamente qualificadas com pós-graduação
>>> buscam oportunidades no exterior, preocupa por também ter matizes
>>> internas. "Não é só a fuga para o exterior que me preocupa, mas dentro
>>> do próprio país vejo muitos jovens recém-formados que deixam de buscar
>>> a pós-graduação, estão perdidos", diz.
>>>
>>> A biomédica conversou com a Folha em seu laboratório no Instituto de
>>> Farmacologia e Biologia Molecular da Unifesp, em São Paulo, sobre
>>> quais os desafios que espera da presidência da ABC, os obstáculos
>>> impostos às mulheres pesquisadoras e quais perspectivas aguarda para a
>>> ciência e educação brasileiras em um ano de eleições presidenciais.
>>>
>>> A senhora acaba de ser eleita a primeira mulher a presidir a ABC, com
>>> 398 votos a favor (de um total de 420 votos, com 22 abstenções). Qual
>>> impacto trará para a entidade? Espero trazer impactos para a sociedade
>>> como um todo, em especial para as meninas mais novas, para que elas
>>> entendam que não há limites para ser quem você quer. Vivemos no Brasil
>>> um enorme retrocesso nos direitos das mulheres, o atual presidente
>>> [Jair Bolsonaro, do PL] não leva em consideração os nossos direitos,
>>> as vitórias que foram conquistadas pelas mulheres, com declarações
>>> tanto dele quanto da ministra Damares [Alves, da Cidadania, Mulher e
>>> Direitos Humanos] bastante nocivas.
>>>
>>> Ser a primeira mulher presidente de uma instituição centenária não
>>> significa uma mudança propriamente, mas um reconhecimento para a
>>> sociedade de como chegamos lá. Sou mulher, mãe, avó, orientadora,
>>> viúva, e vou continuar lutando pelos direitos das mulheres, que inclui
>>> tudo, não é só direito à educação.
>>>
>>> Qual o seu principal desafio na presidência da ABC? Na academia, o
>>> principal desafio é a reconstrução da