Re:[obm-l] Traco Zero

2005-02-02 Por tôpico Humberto Silva Naves
Oi pessoal,
Aqui vai minha solucao.

Lema 1: Se A eh uma matriz quadrada de ordem 2 que nao eh da forma A = a *
I,
onde I eh a matriz identidade e a eh um escalar diferente de zero, entao
existe
uma matrix X inversivel, tal que:
  (1/X) * A * X = [a'   c'], ou seja X anula o elemento da posicao (2,2).
  [d'   0 ]

Dem.:
Seja A = [a  c]
 [d  b]
Dividindo em 3 casos:
1) Se c for diferente de zero, vale:
 [a  c] * [0  c] = [c   0  ] = [0  c] * [a+b  cd-ab]
 [d  b]   [1 -a]   [b cd-ab]   [1 -a]   [1  0  ]
   Como |0  c| = -c  0, basta tomar X = [0  c]
|1 -a|[1 -a]

2) Se d for diferente de zero, vale:
 [a  c] * [a  1] = [a^2+cd  a] = [a  1] * [a+b   1]
 [d  b]   [d  0]   [ad+bd   d]   [d  0]   [cd-ab 0]
   Como |a  1| = -d  0, basta tomar X = [a  1]
|d  0|[d  0]

3) Se c = d = 0 e a  b, vale:
 [a  0] * [1  -1] = [a-a] = [1  -1] * [a+b -a]
 [0  b]   [-b  a]   [-b^2 ab]   [-b  a]   [b0]
   Como |1  -1| = a - b  0, basta tomar X = [1  -1]
|-b  a|   [-b  a]



Lema 2: Se a_1, a_2, ..., a_n eh uma sequencia de numeros num corpo de
caracteristica zero com a_1 + a_2 + ... + a_n = 0, entao existe uma
permutacao
p, tal que: existe r = 0 com:
a_p(1) = a_p(2) = ... = a_p(r) = 0 e
a_p(i)  Somatorio (j  i) a_p(j), para i  r

Dem.:
Iremos provar por inducao sobre n.
Base de inducao(n = 1): o lema 2 eh claramente verdadeiro.
Passo indutivo: Se fosse a_1 = a_2 = ... = a_n, entao como o corpo eh de
caracteristica zero, temos que a_1 = a_2 = ... = a_n = 0, logo o lema ja
seria
verdadeiro para a permutacao identidade. Se existissem i, j com a_i  a_j,
entao podemos supor que i = n - 1 e j = n (basta aplicar uma permutacao que
troca o a_i com a_(n-1) e o a_j com o a_n), assim, sabemos que existe uma
permutacao q tal que: existe r' = 0 com:
b_p(1) = b_p(2) = ... = b_p(r') = 0 e
b_p(i)  Somatorio (j  i) b_p(j), para i  r', onde:
b_1 = a_1, b_2 = a_2, ... b_(n - 2) = a_(n - 2) e b_(n - 1) = a_(n - 1) +
a_n.
Compondo a permutacao q (extendida) com a permutacao que troca a_i e a_j com
a_(n-1) e a_n, temos a nossa permutacao p.
Por inducao o lema 2 eh verdadeiro para todo n = 1.



Lema 3: Se M = (m_(i,j)) eh uma matriz quadrada nxn tal que tr(M) = 0 sobre
um
corpo de caracteristica zero, entao existe X inversivel tal que:
M = (1/X) * A * X, onde A eh uma matriz com diagonal principal nula.

Obs.: tr(M) = tr(1/X * A * X) = tr(A).
Dem.:
* Se n = 1 o resultado eh trivial.
* Se n = 2, o lema 2 eh consequencia imediata do lema 1.
* Se n  2, utilizando o lema 2 podemos assumir que:
Existe r = 0, tal que:
m_(1,1) = m_(2,2) = ... = m_(r,r) = 0 e
m_(i,i)  Somatorio (j  i) m_(j,j), para i  r.
(pois basta aplicar a matriz permutacao P correspondente a p, assim
P * M * (1/P) satisfaz a hipotese acima)

Se r = n, entao basta tomar X = I e acabou.
Se r  n, temos:
Como m_(n,n)  m_(n-1,n-1), vale (pela lema 1):
 X_n * M * (1/X_n) tem o elemento da posicao (n,n) igual a zero.
Basta tomar:
 X_n = [I(n-2)   0], onde I(n-2) eh a matriz identidade de ordem n - 2 e 
   [  0P_n]
P_n eh a matriz tal que (1/P_n) * [m_(n-1, n-1) m_(n-1,n)] * P_n eh uma
matriz
de
  [m_(n,n-1)m_(n,n)  ]
ordem 2x2 com o elemento da posicao (2,2) igual a zero (essa matriz P existe
pelo lema 1)

Como m_(n-2,n-2)  m_(n-1,n-1) + m_(n,n), vale (pelo lema 1)
 X_(n-1) * X_n * M * (1/X_n) * (1/X_(n-1)) tem os elementos das posicoes
(n,n)
e
(n-1,n-1) iguais a zero.
Basta tomar:
 X_(n-1) = [I(n-3) 0   0  ], onde P_(n-1) eh a matriz que zera a posicao
   [ 0P_(n-1)  0  ]
   [ 0 0  I(1)]
(n-1,n-1) de X_n * M * (1/X_n)

Prosseguindo desta forma, teremos que X * M * (1/X) tem a diagonal principal
nula, onde X = Produtorio (i  r) de X_i

Logo o lema 3 eh verdadeiro, tambem.





Problema: Seja M uma matriz real quadrada, entao:
* tr(M) = 0 = Existem A e B matrizes reais tais que M = AB - BA.

Solucao: Claramente se M = AB - BA = tr(M) = 0, pois tr(AB) = tr(BA),
tr(A + B) = tr(A) + tr(B) e tr(a * A) = a * tr(A), onde a eh um escalar.

Se tr(M) = 0, entao, pelo lema 3 (como R tem caracteristica zero),
existe X inversivel tal que: M = (1/X) * C * X, onde a diagonal principal de
C
eh nula (digamos que C = (c_(i,j))).

Tomando A' = (a_(i,j)) com:
  a_(i,j) = i  se i=j
  = 0  caso contrario
e tomando B' = (b_(i,j)) com:
  b_(i,j) = c_(i,j)/(i-j) se ij
  = 0 caso contrario

Vale: C = A'B' - B'A', logo se A = (1/X) * A' * X e B = (1/X) * B' * X,
vale:
M = AB - BA.

[]'s Humberto


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Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html
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RES: [obm-l] OBM 2004 - NIVEL 3

2004-10-23 Por tôpico Humberto Silva Naves

Tenho uma outra solução.

Suponha, por absurdo, que exista uma distribuição dos algarismos com no
máximo 3 algarismos distintos por linha (e por coluna).
Para cada posição do tabuleiro, marque o número de posições na mesma linha
como o mesmo algarismo.
Se a primeira linha for: 0  0  0  2  2  2  5  5  5  5
Iremos marcar:   3  3  3  3  3  3  4  4  4  4
Já que existem 3 posições com o algarismo 0, 3 com o algarismo 2 e 4 com o
algarismo 5.
A soma dos números marcados de cada coluna deverá ser menor ou igual a 3 *
10 = 30, pois temos no máximo 3 algarismos em cada coluna. Mas isso é um
absurdo, já que a soma dos números marcados de cada linha é pelo menos: 3^2
+ 3^2 + 4^2 = 34, logo a soma de todos os números marcados é pelo menos 34 *
10 = 340, portanto uma coluna deverá ter soma maior ou igual a 34.
Humberto


-Mensagem original-
De: [EMAIL PROTECTED] [mailto:[EMAIL PROTECTED] Em nome
de Fabio Dias Moreira
Enviada em: segunda-feira, 18 de outubro de 2004 18:09
Para: [EMAIL PROTECTED]
Assunto: Re: [obm-l] OBM 2004 - NIVEL 3

Igor Castro said:
 É! me confundi... contei 5 alg diferentes umas 10 vezes na sétima 
 linha :P mas enfim.. ok.. 4 alg diferentes sempre... essa era a 
 resposta então? como provar que não tem um quadrado com 3? 2?
 [...]

Para simplificar o argumento, eu vou dizer que uma _fila_ é uma linha ou
coluna qualquer do tabuleiro.

Lema: Se C é um conjunto de filas que contêm todas as ocorrências de um dado
algarismo, então C tem pelo menos sete filas.

Prova: Suponha que |C| = k. Suponha ainda que h dessas k filas são
horizontais. Então as dez ocorrências do algarismo em questão devem estar
contidas na interseções das h filas horizontais com as k-h filas verticais,
donde h(k-h) = 10. Mas por MA-MG, h(k-h) = [(h+k-h)/2]^2 = k^2/4, logo k
= sqrt(40) == k = 7.

Marque todas as filas que contém algum algarismo zero, todas as que contém
algum algarismo um, ... até o nove. Pelo Lema, pelo menos 70 filas foram
marcadas; como o tabuleiro possui apenas 20 filas, o PCP implica que alguma
fila foi marcada pelo menos quatro vezes, logo esta fila possui quatro
algarismos distintos.

Unindo esta demonstração ao tabuleiro que o Paulo José enviou para a lista,
está demonstrado que o maior valor de n que satisfaz ao enunciado é n=4.

[]s,

--
Fábio ctg \pi Dias Moreira


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Re: [obm-l] Contando matrizes (problema em aberto)

2004-01-06 Por tôpico Humberto Silva Naves
Oi Domingos,
Referência eletrônica eu não sei, mas existe um livro do Knuth que tem tudo
isso e mais um pouco. Vou procurar algumas referências aqui na biblioteca do
Impa, ai eu te passo.

Abracos,
Humberto Silva Naves
 --- Domingos Jr. [EMAIL PROTECTED] escreveu:   Oi Bruno,
 
 Bruno?! hehehehe, é Domingos :-)
 
  Achei legal a sua solução, mas esse problema é conhecido! O problema é
 contar o
  número de semistandard tableau's (não sei como é a expressão em
 português)
  de forma m x n com entradas no máximo (p - n), cuja resposta é igual a
 função
  de Schur:
  s_lambda_(1, 1, ..., 1), onde lambda é a forma mxn.
 
 parece interessante, mas não consegui achar boas referências online sobre
 isso... você tem alguma?
 aliás, você sabe se essa função é implementada no Mathematica?
 
  PS: Eu sabia que esse problema é conhecido porque recentemente li o livro
  Proofs and Confirmations de  David M. Bressoud e lá tem tudo isso,
 inclusive
  a identidade de Jacobi-Trudi, que me permitiu concluir:
  s_lambda_(1, 1, 1, ..., 1) = det M. (As soluções do livro são maneiras!)
 
 infelizmente, parece que não temos esse livro no IME.USP...
 
  Abraços,
  Humberto Silva Naves
 
 [ ]'s
 
 Domingos.
 
 =
 Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
 http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html
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__

Conheça a nova central de informações anti-spam do Yahoo! Mail:
http://www.yahoo.com.br/antispam
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Re: [obm-l] Contando matrizes (problema em aberto)

2003-12-27 Por tôpico Humberto Silva Naves
Oi Bruno,
Achei legal a sua solução, mas esse problema é conhecido! O problema é contar o
número de semistandard tableau's (não sei como é a expressão em português) 
de forma m x n com entradas no máximo (p - n), cuja resposta é igual a função
de Schur:
s_lambda_(1, 1, ..., 1), onde lambda é a forma mxn.


Ou de outra forma:
A resposta é o determinante da matriz m x m abaixo:
M = (Comb (p + n + i - j, p)) (i, j variam de 1 até m)
Obs.: Comb (a, b) = a! / (b! * (a - b)!)

PS: Eu sabia que esse problema é conhecido porque recentemente li o livro
Proofs and Confirmations de  David M. Bressoud e lá tem tudo isso, inclusive
a identidade de Jacobi-Trudi, que me permitiu concluir:
s_lambda_(1, 1, 1, ..., 1) = det M. (As soluções do livro são maneiras!)

Abraços,
Humberto Silva Naves

 --- Domingos Jr. [EMAIL PROTECTED] escreveu:  O problema era:
 Quantas matrizes A, m x n, com elementos de {1, 2, .., p} existem tais que
 A(i,j)  A(i+1,j) e A(i,j)  A(i,j+1)?
 
 Acho que encontrei a solução! Quem quiser dar uma olhada e comentar:
 http://www.linux.ime.usp.br/~domingos/contar_matrizes.pdf
 
 [ ]'s
 
 Domingos.
 
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