Teresa Cristina gravou esse samba em 2005, no álbum O Mundo é Meu Lugar. Não tem sacada nenhuma do Diogo.
E tem inúmeros projetos de "resgate" da forma que você descreveu. Já tá até enchendo o saco pra falar a verdade, tem pouca coisa nova conseguindo atingir o grande público. Esse negócio de estourar nas rádios com velharia não tá com nada. Aquele abraço, Gabriel Gomes 2011/2/11 Flávio Henrique Teixeira de Souza <f....@ig.com.br> > Salve Tribuneiros!!! > > Esse samba está estourado nas rádios na voz do Diogo Nogueira e resgatou um > samba dos anos 50... > > Bela sacada! > Deveriam haver projetos para resgate e releituras de sambas antigos e > esquecidos, e até mesmo os maxixes, marchas, ranchos e outros gêneros que > amalgamaram-se na criação do samba como gênero uno... Bem como os > sambas-raiado, de terreiro e etc... Coisas que ficaram lá atrás e não podem > se perder. > > Leiam essa matéria se quiserem. > > Abs! > > *************************************************************************************************** > > > *Pra que discutir com Madame? > > Madame diz que a raça não melhora > Que a vida piora > Por causa do samba > Madame diz que o samba tem pecado > Que o samba é coitado > Devia acabar > Madame diz que o samba tem cachaça > Mistura de raça, mistura de dor > Madame diz que o samba é democrata > É música barata > Sem nenhum valor > Vamos acabar com o samba > Madame não gosta que ninguém sambe > Vive dizendo que o samba é vexame > Pra que discutir com Madame > No carnaval que vem também com o povo > Meu bloco de morro vai cantar ópera > E na avenida entre mil apertos > Vocês vão ver gente cantando concerto > Madame tem um parafuso a menos > Só fala veneno > Meu Deus que horror > O samba brasileiro, democrata > Brasileiro na batata é que tem valor. > > * > Este samba da autoria de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida, de 1956, > incorporado ao repertório de João Gilberto com sotaque de bossa nova, > não é só mais uma canção valorizando o samba e dando de ombros para > aqueles que costumam desdenhar do gênero. A referida Madame que afirma > ser o "samba música barata, sem nenhum valor" realmente existiu. > Magdala da Gama de Oliveira, tornou-se conhecida como crítica de > rádio, escrevendo numa coluna do jornal Diário de Notícias (durante > três décadas foi um dos mais importantes jornais do país. Lidera a > circulação no Rio de janeiro e ganha a fama de um veículo de opinião > livre e independente, atingindo um alto padrão de credibilidade) e > assinando com o pseudônimo de Mag. Mag, conseguiu entrar para a > história da MPB, pelos ataques deferidos contra o samba. De acordo com > os opositores de Madame a intenção da autora era diminuir o samba, > desclassificá-lo como música brasileira. > > Mas se Mag tinha seu espaço na imprensa para condenar a canção popular > e seus compositores, do outro lado havia aqueles que gastavam tempo e > pena para fazer a defesa do réu. Fernando Lobo, compositor e > jornalista, não suportando o pedantismo de Mag, escreve em 1944, uma > artigo na revista O Cruzeiro, utilizando-se inteligentemente do mesmo > repertório da inimiga do samba para desautorizar seus argumentos. > Assim, sob o título Sugestão a Madame, Lobo, responde às ofensas de > Magdala : "O dia de hoje está ai, bem diverso e distante da infância > de madame. Como está o samba? Ah! Nos EUA rolando dentro das películas > e passando nos microfones civilizados do mundo inteiro. Não são os > dentes estragados dos homens do regional, nem a ausência dos smockins, > nem o sono do tocador de cavaquinho ou os enfeites baratos das > cabrochas, que destroem o samba. Todos esses fatos são derivados de > uma situação social e material diversa de que madame conhece e > desfruta. O samba não tem culpa. Mozart que tinha maus dentes e não > pagava as dívidas, Chopin, a que George Sand muito ajudou. Schubert e > muitos outros, foram na época, os mesmos miseráveis que são os nossos > tocadores populares. (...). Vamos ver até onde chega a ignorância > humana! Portinari já pintou o samba, já refletiu nas suas telas a > expressão de nossa música. Villa Lobos aí está. Toda a grandeza de sua > obra é apoiada nos ritmos populares do Brasil. E os que vêm de fora, > da terra de Chopin, ou de Mozart, de Ravel ou de Stravinsky, ficam > sempre deslumbrados ante a beleza positiva e grandeza do nosso ritmo! > Por que matar o samba, ó impiedosa Madame? Sendo ele alegria da gente > humilde é também a alegria dos da sua classe e ao mesmo tempo o > alicerce de uma música definitiva que se esboça no cenário musical > brasileiro. (...). " > > Nos anos 40 Carmen Miranda fazia sucesso nos Estados Unidos - país, > visto por muitos brasileiros, como o exemplo de nação moderna e > civilizada. Estrelando no cinema norte-americano, Carmen apresentava > na terra do Tio Sam e em outros países da Europa o samba como o ritmo > brasileiro. Se os yankees haviam aprovado o gênero, como Madame, tão > aculturada, podia reprová-lo? Continuando a desconstruir os argumentos > de Mag que insistia em desprestigiar o samba por ser música oriunda > das camadas populares, Lobo lembra da pobreza dos compositores > eruditos e da valorização da canção popular por artistas brasileiros > respeitados pela elite como o compositor Vila Lobos e o pintor Candido > Portinari. > > Mas a contenda não para aí. Em 1946 foi a vez de Afoché indignar-se > com a arrogância elitista de Magdala e mandar-lhe um recado: "... > Temos lido críticas severas, principalmente de inimigos deliberados e > intransigentes da canção popular como essa sofisticada e venerável > matrona que se assina Mag e que não compreende outra música, outra > emoção, outro sentimento que não seja o RAFINÉE. Na mesma época que > vemos Villa Lobos Stokowsky, Mignone e outros musicistas de classe > exaltarem a música fonte, que é esta nascida da própria alma ingênua > da rua, do coração do povo, uma professora fracassada e medíocre e de > nível cultural abaixo da linha aceitável, investe diariamente, com a > bateria de sua intransigência, contra tudo que é música popular, que > vise a alegria da massa ou encontre o caminho de seu agrado. (...). > Todos os compositores brasileiros, a seu ver, são analfabetos e > ignorantes. É impossível para Mag, que um lustrador de móveis como > Heitor dos Prazeres cante com ingenuidade e sincera emoção a canção de > seu amor. E no entanto a National Gallery, de Londres expôs quadros > desse mesmo lustrador de móveis, Heitor dos Prazeres. Crítica é livre, > mas o leitor dessas críticas exige, antes de tudo, honestidade. E é > permitido voltar-se contra os pareceres mal dados, se eles revelam > vícios de origem, suspeição má fé e intenção de ser do contra de > qualquer jeito. Se a maneira de Mag analisar as canções populares > variasse à medida que fosse achando exceções, ainda era possível > acreditar em um louvado propósito. Mas nada disso acontece. Tudo é > ruim. Nada presta...." > > O jornalista não polpa palavras, pretendendo desacreditar Magdala > frente ao leitor a acusa de incompetente para criticar o samba, Para > Afoché, o ponto de partida de Mag era o preconceito, assim tendo só > ouvidos para a música erudita, o rafinée, não era capaz de discernir a > boa da má música popular fazendo tábua rasa de tudo. > Mas não bastasse os revides dos jornalista nos anos 40, às posições de > Magdala assumidas publicamente em relação ao samba, fariam render > ainda, dez anos depois desse último artigo assinado por Afoché, a > canção marota da autoria de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida, Pra > que discutir com Madame. Aliás essa é uma boa pergunta, já que Mag era > considerada limitada intelectualmente, equivocada e pretensiosa ao > querer julgar o que deveria e o que não deveria ser a música > brasileira, por que mereceu tanto destaque, dispondo estes jornalistas > a combate-la? > O fato é que essa contenda, embora fosse travada com Mag, tem início > lá nos anos 30, quando o rádio, tateando em busca de uma programação > mais ao gosto do ouvinte, passou a difundir a canção popular carioca - > de acordo com os registros da imprensa da época - como a canção > popular nacional. No mesmo período, investindo no sucesso que o samba > conquistava no rádio, o cinema nacional produziu os musicais > carnavalescos, contribuindo para tornar o gênero conhecido > nacionalmente. > > A luta das representações em torno da constituição de uma identidade > nacional marcaram sobremaneira o governo de Getúlio Vargas que > pretendia promover a unidade a fim de assegurar o seu poder, > eliminando as possíveis tensões entre os diferentes segmentos sociais. > Dessa maneira, ao mesmo tempo que encontravam-se sediados no > Ministério da Educação e Saúde compositores eruditos como Villa Lobos, > Vargas não deixava de reconhecer os sambas e as marchinhas, como > representante legítimos da música brasileira. > > Todavia, se essa era a postura de um governante populista, que buscava > harmonizar a sociedade ao promover um simbólico comum, capaz de > integrar aqueles setores sociais, até então marginalizados de > cidadania, no cotidiano as rixas continuavam. Aliás em torno das > mesmas representações que pretendiam promover a unidade, como por > exemplo a música. > > O samba, pela sua origem negra e popular sempre foi hostilizado por > aqueles setores mais conservadores que se viam identificados com a > cultura européia. Para estes segmentos, aceitar o samba como música > nacional, significava internamente "misturar-se ao povo" que tanto > rejeitavam e externamente admitir um Brasil atrasado, primitivo > inferior às nações desenvolvidas. Por isso pessoas como Magdala > tentavam a todo custo rechaçar o samba como identidade nacional. Esta > é, portanto, uma longa história que não termina nos anos 30, ou nos 40 > e tão pouco nos 50. Apesar de nos anos 60 a bossa nova aproximar os > mais elitistas da canção popular, a letra da composição de Haroldo > Barbosa não perde a sua contemporâneidade, pois as fronteiras sociais, > apesar de todo o hibridismo reinante na cultura de massa, continuariam > se perpetuando simbolicamente através da música. > > > _______________________________________________ > Tribuna Livre, uma lista de discussão de Samba & Choro > Para cancelar: http://www.samba-choro.com.br/tribuna/cancela > Assine: http://www.samba-choro.com.br/tribuna/assina > Estatutos da Gafieira: http://www.samba-choro.com.br/tribuna/estatutos > >
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