Prezado Sr. Osvaldo Maneschy,
 
Ao contrário das outras matérias publicadas pelo Sr. Brizola, desta, não tenho que censurar nem uma vírgula.
 
Foi uma obra prima que deve ser reproduzida em todos os jornais do país, com destaque na primeira página.
 
Do amigo listeiro,
 
 
----- Original Message -----
Sent: Sunday, October 21, 2001 11:57 AM
Subject: [VotoEletronico] Tijolao do Brizola

Atenção:

Envio "tijolão" escrito pelo Brizola e publicado nos jornais "O Globo" e
"Extra" de hoje (21/10/2001), domingo, aqui no Rio de Janeiro - com
público leitor estimado em 3 milhões de pessoas. No 'tijolão' Brizola
questiona a "confa" armada pelo Nelson Jobim no Congresso para
descaracterizar a impressão do voto solicitada no Projeto Requião e e
seu substituitvo, preparado pelo Senador Tuma - ambos com a ajuda do
Forum do Voto Eletronico e dos nossos Amilcar Brunazo e professor Walter
del Picchia.



Urnas e resultados abertos à fraude

As recentes declarações do atual Presidente do TSE representaram um
divisor de águas para todas as pessoas preocupadas com a lisura e a
transparência do processo eleitoral. Foram afirmações extremamente
graves, vindas de alguém em cuja idoneidade precisamos todos confiar.
Mas ficou claro que há uma grande ameaça pesando sobre o povo
brasileiro. A tão festejada informatização das eleições abre o perigo da
fraude nas urnas e na totalização dos votos.
 Vejam. De um lado deste divisor, colocam-se os que estão ou buscam o
poder sem quaisquer escrúpulos, os oportunistas e os que, ingenuamente,
pensam que tais grupos seguem regras morais; do outro, está o povo
brasileiro, levado em sua boa-fé a confiar em algo que pode se tornar
uma grande armadilha. É neste lado que estamos nós também: uma corrente
que não vai transigir e se deixar enganar pelos que usam a tecnologia e
a chamada modernidade para manipular as eleições.
 O Ministro Nélson Jobim reuniu-se com parlamentares e lideranças dos
partidos e, ali, concordou que o processo eleitoral informatizado
deveria oferecer determinadas garantias. Foram várias medidas, a mais
importante delas a impressão do voto, em paralelo ao seu registro
eletrônico. Pois sem isso é impossível a recontagem e, sem recontagem
não há garantia da verdade eleitoral. O cidadão inocente aperta uns
botões, vê uma foto e adeus. Ninguém pode garantir para onde foi seu
voto. Desaparece. No disquete fica apenas o que seria o resultado da
urna, operação que pode se prestar a diversos tipos de fraude. Só o voto
impresso, secreto e lacrado permitirá a comprovação do resultado
eletrônico.
 Sem isso, as eleições ficam entregues a técnicos vindos sabe-se lá de
onde, sem legitimidade, para substituírem-se aos juízes. Não nos consta
que os srs. Juízes sejam doutores em informática. Não podem, por
conseguinte, ficar presos, nesta matéria, a indicações de uma única
fonte.
 Nos últimos dias, as decisões a este respeito no Congresso
converteram-se num 'imbróglio' inacreditável. Tornou-se evidente que o
Ministro Jobim está sendo persuadido a evitar a adoção das garantias que
o simples bom-senso exige, a ponto de reduzir a sua palavra de que a
maioria dos votos deveria ser impressa a apenas algumas urnas, a título
de simples teste.
 Que forças estarão tentando persuadir o ilustre jurista que
administrará as eleições? Falta de recursos? Ora, esta informatização
vem custando bilhões, desde a época da ditadura. Perto disso, imprimir
os votos seria uma ninharia.
 Mais grave é a indiferença dos candidatos e de seus seguidores no
Congresso. Poucos, além de nós, estão resistindo. Sei o que pode
ocorrer: o caso Proconsult foi a primeira fraude brotada da
informatização das eleições. Naquele episódio, ainda havia votos a serem
contados e os juízes puderam evitar a fraude que técnicos do SNI faziam
às suas costas. Ainda há tempo para garantir eleições limpas e o
respeito à vontade do povo brasileiro.

LEONEL BRIZOLA



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