Não deu tempo de conhecer o Aristóteles pessoalmente. Há 20 dias atrás
quando estive em Maceió em um congresso nacional de jornalistas
assessores de imprensa, onde panfletei denunciando as urnas eletronicas,
bem que pensei em dar um pulo em João Pessoa só para conhecer o Aris.
Mas foi tudo muito corrido, me contentei em telefonar para ele. Liguei a
primeira vez, ele estava angustiado com o andamento do projeto
Requião/Tuma no Senado e rapidamente me colocou a par das coisas -
principalmente das besteiras do líder do PDT no Senado, Sebastião Rocha.
Imediatamente me liguei no assunto e fiz o que foi possível fazer, no
ambito do PDT, depois de conversar tambem com Amilcar - que estava em
São Paulo trabalhando com o professor Walter Del Picchia. /// O TSE teve
que apelar para as emendas do PFL em dois pontos vitais para garantir a
continuidade da fraude:  sorteio  na véspera das urnas a serem
auditadas; o sistema operacional ficar de fora da fiscalização
partidária.//  Sebastião Rocha - alertado há tempo da besteira que
estava fazendo - retirou as emendas gestadas na assessoria do TSE.
Liguei para Aristóteles no dia seguinte e agradeci  pelo toque
oportuníssimo que me deu e, com a ajuda do Amilcar, minorou o mico do
PDT. /// Hoje a tarde quando li a mensagem do Marcos da Petrobrás
comunicando a morte do Aris me deu um aperto na garganta. Liguei para o
Aris, ninguém atendeu; liguei para o próprio Marcos e ele confirmou: foi
um infarto fulminante no quintal de casa. Chorei pelo Aristóteles que
não conheci pessoalmente, mas que conhecia profundamente graças a
Internet -  instrumento poderosíssimo de aproximação. É, gente, me
convenci de que o mundo mudou mesmo. // Aris era um cara culto,
sensível, corajoso,  equilibrado, sério, íntegro e extremamente dedicado
ao Brasil. Um brasileiro de verdade - o inverso de seus (nossos)
desafetos  'Anhangá' e  'Chopim'. O cara que apelidou as maquinetas
safadas do TSE de 'maquinas de opinar'. /// Sujeito com quem tinha
proximidade para conversar, como conversei neste final de semana, sobre
meus problemas com o Imposto de Renda.  E receber esta resposta 'clara
como água-de-beber'  que transcrevo para todos vocês como uma espécie de
homenagem ao bom senso do nosso Aris - apesar dos olheiros e de todos
esses babacas que espionam a lista. //// Gente, Aris já está fazendo
falta porque a luta continua.


On 20 Oct 2001, at 12:38, Osvaldo Maneschy wrote:

> Estou caindo na marginalidade
> exatamente por tudo isso que voce descreve no seu texto.

Osvaldo,


Esta  sua situação é dramática: certamente perderás os cargos públicos. O melhor é 
tentar negociar esta dívida para pagamento em cinco anos. Eles fazem. Não existe 
escapatória.

Todos sabemos que inexiste no Brasil a figura da pena perpétua. Mas na prática ela 
existe. Quem abriu um pequeno negócio e deu com os burros n'água, contraiu divida com 
a Previdência ou a Receita, perdeu a cidadania.  E por quê ? Pelo fato de que estas 
dívidas serem impagáveis, crescem dia e noite segundo uma progressão geométrica. 

Parte maior dos camelôs de João Pessoa são ex-empresários formais. Todos morrerão 
assim. Nenhum deles terá a chance de voltar à cidadania plena. Isto é um condenação 
perpétua.

Tente escapar disto. Será o teu maior inferno. Tente negociar que as correções das 
multas cessam. A este tipo de dívida nem teus filhos escapam: eles serão responsáveis 
por ela quando morreres. A jogada é negociar pelo maior prazo possível e a redução das 
multas. Depois de uns dois anos, tente novamente renegociar. Vá rolando esta coisa 
assim, até que surja uma anistia. Na condição de sonegador você jamais será perdoado. 
Na condição de inadimplente você tem chances. Inadimplência não é crime. 


Um abraço,


Aristóteles





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