Christian,

Seja bem vindo à realidade do proceso eleitoral brasileiro.

Desde muito, aqueles que tem tentado verificar a integridade do processo eleitoral deparam com estas barreiras que voce encontrou.
Mas só quem vai lá com a maior das boas intensões e sente este clima de soberba e arrogância é que compreende o que ocorre no Brasil,
A imprensa de uma forma geral não entende quando falamos da impossibilidade de fiscalização provocada pela atitude dos funcionários da justiça eleitoral, pois acham que tudo ocorre com a mair lisura e transparência. Só quem foi lá sabendo o que olhar e viu como se é impossibilidato de fiscalizar, é que fica abismado.

Este seu depoimento é muito importante e pretendo colocá-lo como texto na página do Voto-E , assim que eu começar a atualizá-la.

Aliás, sugiro a pessoas como o Hebert, Chadel, Ezildo, Maneschy, Evandro, Márcio e quem mais tiver tentado fiscalizar alguma parte do processo eleitoral, que escrevessem também seus depoimentos pessoais sobre o que sentiram. Deu para fiscalizar ou não? Um texto curto, uma página. E vamos publicar tudo isso em conjunto. Por favor escrevam.

Como posso demorar um pouco sugiro a você, Christian, que ajeite este seu depoimento (que poderia ter este nome: "depoimento") e o distribua para todos os sites e jornais que puder.

Uns detalhes:
- fiscais de partidos tem direito a fiscalizar 3% das urnas carregadas e não apenas uma urna.
- a impressão dos hashs da flash interna tem revelado diferenças em relação ao publicado. (quem ainda for fiscalizar a carga de urnas neste segundo turno, me procurem que eu instruo como detectar os problemas)

Aqui se revela mais um dos absurdo, que você Christiam ainda não teve o "prazer" de presenciar. Caso você tivesse tido exito em convercer o juiz a proceder a verificação de integridade dos programas pela impressão dos códigos hash da flash interna (opção 1 do teste com o disquete VPRE) teria descoberto que existem diferenças entre o esperado oficial e o obtido nas urnas, o que significa que os alguns dados gravados nas urnas estão modificados em relação ao apresentado e aprovado pelos partidos no TSE.
Porém, uma vez constatada a diferença a ação do juiz e do procurador é exatamente ... NENHUMA!
Eles não entendem o que é este teste, não sabem para o que serve e principalmente não tem a menor idéia de como proceder nestes casos.
Como o Hebert relatou lá de Campina Grande, na Paraíba, constatado o problema lá, nada foi feito. A carga das urnas continuou!

Ele, Hebert, tentou levar o problema até Brasília e o que se fez foi modificar os arquivos publicados na Internet, em vez de esclarecer o problema aos fiscais, imprensa e juizes.,
Mas mesmo depois da manipulação dos códigos hash publicados lá em Brasília, o problema continua. Continua havendo diferenças... e o que os juízes e promotores públicos da carga fazem? ... Nada, não tem a menor idéia do que devereria ser feito, e passam simplesmente a usar da arrogância e soberba para o desqualificar e impedir de fiscalizar (e "criar problemas", como se a culpa dos arquivos modificados carregados nas urnas fosse sua!)

[ ]s
Amilcar

At 02:55 22/10/02 -0300, you wrote:
(Agradeço pelos comentários de vocês)
Caros amigos,
hoje fui fiscal das coligações Lula Presidente e Frente Popular em Nova
Petrópolis-RS, diante da atualização das urnas para o 2° turno.
Não fazia idéia como era na prática essa tal de fiscalização, e como eu
seria tratado. Já tinha lido algumas reclamações na lista de discussão do
Fórum do Voto-E (www.votoseguro.org), mas achei que no meu pequeno município
seria diferente.
Vim com um fax onde fui nomeado delegado, mas o juiz não deixou que eu
entrasse na área restrita aos fiscais, pois sabia que não estava filiado a
nenhum partido. Infelizmente ninguém me falou que para ser delegado
precisaria estar filiado.
De qualquer forma tinha comigo também um crachá de fiscal, devidamente
assinado. O juiz não me deixou entrar dizendo que seria necessário o
credenciamento por escrito.
Horas depois finalmente consegui localizar o Secretário da Administração da
Prefeitura de Caxias, Coordenador Regional Serra do PT, já que no meu
município não existe diretório do PT. Providenciou o envio de um fax me
nomeando fiscal.
Desta forma só pude tentar fiscalizar alguma coisa no final. Os outros
fiscais já tinham ido embora.
Nem a promotora nem o juiz levaram minhas preocupações com a segurança das
urnas a sério. Isto que eles também atuam na área penal, e creio que tenham
um bom senso criminalístico. Teria esperado um clima mais amistoso, com mais
compreensão e atenção. De qualquer forma deixei claro que não estava
desconfiando das pessoas presentes na cerimônia, mas sim que estava
preocupado com a possibilidade de alguma fraude maior, estadual ou nacional.
Queriam que ficasse apenas olhando à distância, quieto de preferência. Não
pude tocar em nada.
Umas 5x o juiz disse que "apenas tinha que seguir o que mandava o TSE/TRE".
Como morei muito tempo na Alemanha estudei bem a história deste país, e cada
vez que o juiz dizia isto, a associação que me vinha em mente, sem poder
evitar, era que a ditadura nazista só funcionou porque milhões de pessoas,
soldados, promotores, juízes etc., embora não nazistas, aceitavam sem
questionamento o que vinha de cima, e quando tentaram usar a autonomia que
tinham para oferecer algum questionamento ou alguma resistência, já era
tarde demais.
Infelizmente poucas pessoas estão se dando conta do risco imensurável que as
urnas inseguras e o Sistema Informatizado de Eleições fraudável oferecem à
nossa democracia. Como disseram várias pessoas, é uma bomba relógio.
Mas voltando ao caso em tela: tudo tinha que ser rápido, pois queriam
encerrar logo. Quando fui mais insistente (a promotora já tinha ido embora),
o juiz chegou a ameaçar de me dar voz de prisão.
Depois, sozinho, quase quis chorar de tristeza, revolta e decepção (aqueles
momentos que dá vontade de chutar o balde), por não conseguir acreditar em
tudo que tinha acontecido. Se estiver programada uma fraude neste pleito, a
mesma estaria encontrando pouquíssimas barreiras para se concretizar. A
confiança no sistema é praticamente cega e a fiscalização tão precária que
poucos se dariam conta de seu papel de vítimas instrumentalizadas.
Não há como não lembrar que quase mandaram prender os que foram ao TRE-RJ
para pedir a investigação de uma eventual fraude contra o Brizola em 1982 (o
caso Proconsult). Ninguém dos desembargadores queria acreditar em fraude,
mas acabaram conseguindo provar que naquela eleição já parcialmente
eletrônica, houve desvio de votos em grande escala. Se a fraude não tivesse
sido detectada, teria sido eleito o candidato do PDS (antiga ARENA), ainda
detentores de grande poder no Brasil naquela época.
Quem será que detém o poder político-econômico no Brasil e Rio Grande do Sul
hoje?
O que me restou após falar com o coordenador jurídico foi impugnar todas as
urnas. Principais motivos:

- Entendo que fui impossibilitado de cumprir com meu dever como fiscal;
- Faltou a verificação das assinaturas digitais (resultado da função hash);
- Faltou a verificação do pleno funcionamento (com exceção do auto-teste);
- Faltou a verificação da não-fraudabilidade dos lacres (problema mencionado
no livro "Burla Eletrônica", disponível gratuitamente para download em
www.pdt.org.br).
Obs: Minha atuação como fiscal certamente teria sido melhor se eu fosse
advogado e soubesse o Código Eleitoral decor. Ao mesmo tempo mesmo uma
fiscalização ideal em todo país poderia não detectar uma possível fraude,
pois existem outros furos de segurança. Mas se cada um faz o que está ao seu
alcance, já ajuda. E também não estou propondo um detalhismo extremo, vamos
usar o bom senso!

Uma das linhas de defesa da Justiça Eleitoral era que eu estava ausente
quando pegaram uma urna e teriam feito alguns testes/verificações. Mas
também acho que não teria custado verificarmos mais uma. E embora pretendia,
nem cheguei mais a propor para a promotora e o juiz que fossem sorteadas uma
urna do 1° turno e outra do 2° (que não seria mais ligada), para permitir
uma auditoria posterior mais intensa caso necessário.

Quando protocolei a impugnação ainda tive que escutar a servidora perguntar
se eu não tinha mais o que fazer.

Quis ser fiscal não só pelo Lula, Tarso, pela mudança e pela chance de um
Brasil e Rio Grande do Sul melhor, mas acima de tudo pela democracia.
Afinal, estamos todos no mesmo barco. Deveria ser do interesse da Justiça
Eleitoral ter fiscais ativos, que ao contrário dos técnicos terceirizados
pela Unisys estadounidense, não oneram os cofres públicos. Além do mais,
quem está fazendo tudo certo, não precisa temer fiscalização!

Mas não, me senti tratado como intruso. Como fiquei decepcionado! Mas não
vou desistir. Em janeiro faço 26 anos... Penso que pessoas como o juiz e a
promotora da minha comarca também já foram jovens e pensavam de maneira
diferente. Muito idealismo deve ter ido águas abaixo, ano após ano na frente
de pilhas de processo - não os invejo. Mas que tipo de cidadãos querem? Não
faz muito tempo que foi presa aqui uma "quadrilha Ninja" de rapazes de
classe média, inteligentes, que praticavam atos de vandalismo. Imaginem
podermos motivar estes jovens a discutirem problemas políticos e sociais.
Que tal a "equipe Ninja" de fiscais eleitorais? Ou será que civismo é ficar
de bico calado e escutar belos discursos de 7 de setembro ou 15 de novembro?

Abraços,

Christian
www.christian.mus.br

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O texto acima e' de inteira e exclusiva responsabilidade de seu
autor, conforme identificado no campo "remetente", e nao
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eleitorais informatizados, em especial o brasileiro, e dos
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