On sexta-feira, out 31, 2003, at 09:41 Brazil/East, Amilcar Brunazo Filho
wrote:
>Quanto a Rádio CBN, eu fui procurado para dar uma entrevista para o
>Herodoto Barbeiro, que foi marcada para ontem (29). Eu tinha sido indicado
>a eles pelos organizadores do SSI no ITA e durante a combinação para a
>entrevista voltei a sugerir o seu nome também. Mas 10 minutos antes da
>entrevista marcada me ligaram desistindo e não deram explicação. Acho que
>começou a pressão para abafar o assunto.
>Talvez o Maneschy possa detectar isto lá no Rio.
Caros Brunazo e demais companheiros de lista,
Antes, deixem-me apresentar. sou jornalista, tenho uma coluna na revista
eletronica Nominimo.com.br, nos ultimos anos cubro principalmente politica
internacional. Bissextamente, tambem cubro tecnologia, ja fui reporter de
politica regional aqui no Rio de Janeiro e ja fui, faz uns anos, assessor
de imprensa da Camara Municipal da capital. Um pouco por conta destas
searas nas quais ando, ja visitei algumas vezes a questao das votacoes
eletronicas ou nao, fosse na eleicao frustrada da Florida, na violacao do
painel eletronico do Senado ou na seguranca da urna digital tupinamba.
Esta ultima semana fui atirado de volta ao assunto, quando finalmente me
inscrevi nesta lista. (Foi tarde, ja devia andar por aqui, mesmo como
lurker, ha tempos.)
Quanto ao seu comentario, Brunazo, a respeito de possiveis pressoes para
abafar a historia, nao senti nenhuma. Muito pelo contrario, tenho sentido
ate alguma facilidade de conversar com as pessoas em off. Vc poderia alegar
que, como nao estou na grande imprensa, as pressoes sao naturalmente
menores mas, na pratica, quando a gente cai numa historia para cobri-la,
sente-se quando o assunto eh um que as pessoas querem evitar.
O que pode estar acontecendo eh que meus colegas em outros veiculos estao
encontrando as mesmas dificuldades que eu estou: descobrir onde esta a
historia. Ela nao fecha. Existe a denuncia deste candidato do PTdoB, o
Ronaldo Antonio, de que ele teria perdido algumas dezenas de milhares de
votos e que a comprovacao estaria num boletim parcial divulgado pela
Internet. Pode ser. Por outro lado, este foi o terceiro pleito no qual o
candidato concorreu e ele nunca teve votacoes expressivas. Parece
surpreendente que, em 2002, ele tivesse chances. Impossivel? De forma
alguma. Mas a historia de um erro de software que estivesse totalizando
incorretamente os votos eh coerente. Faltou transparencia ao TRE do Rio,
verdade, mas a explicacao convence.
Outra coisa completamente diferente eh esta gravacao que o mesmo candidato
teria com alguem que lhe oferece votos, a 10 contos cada, para o pleito do
ano que vem. Nao encontrei ninguem que tenha ouvido esta gravacao e
fornecesse detalhes, mas a Policia Federal ja confirmou oficialmente que
ela existe. Pode ter sido um estelionatario querendo arrancar dinheiro dum
ingenuo, por exemplo, alguem que nao pudesse fornecer o prometido.
Pode ser a ponta do iceberg dum esquema de corrupcao eleitoral.
Este eh o tipo de investigacao dificil aa beca de realizar porque em geral
vc nao consegue declaracoes em on. Em off, o que aparecem sao historias
avulsas, pecas num quebra-cabecas a principio incoerente, mistura de boatos
e fatos dificeis de distinguir. Precisa provar. Para provar, precisa
descobrir onde procurar, que caminho trilhar. Eh coisa para meses, trabalho
que pode terminar em nada. Mas nao eh absurdo, o Rio de Janeiro tem
historico disso. Em 1982, com a Proconsult; em 1994, naquela eleicao
proporcional estranhissima que terminou anulada.
Esta eh provavelmente a maior fragilidade do sistema digital adotado pelas
eleicoes brasileiras: nao ha rastros que os eleitores deixem para que
possamos conferir com o resultado final.
Peco desculpas pela mensagem longa para ca a lista -- e peco tambem ajuda,
para minha caixa postal -- esta ou a [EMAIL PROTECTED]
Quem souber de historias, boatos, pistas, detalhes por exemplo sobre o
pleito de 1994, tudo eh bem-vindo. No fim, pode realmente nao ser nada. O
pleito de 2002, de repente, foi escorreito e estao construindo uma teoria
conspiratoria a seu redor. Vamos ver.
Cordial abraco,
Pedro Doria.
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