Encaminho três textos recebidos, cuja leitura recomendo (especialmente o
último) para análise dos que estão perplexos e desanimados como eu:
A DIFERENÇA ENTRE BRASIL E ARGENTINA
Sebastião Nery - Baixinho, simpático, bem falante e culto, o velho Pujol,
presidente
do Partido Nacionalista da Catalunha, em campanha para a presidência que
ganhou, me
dizia, depois de um comício, numa longa e mansa noite de vinhos, merluzas e
mariscos, em 77, em Barcelona, Espanha:
- A diferença entre a Argentina e o Brasil é que o argentino acha que ele é
formidável, mas o país é que não presta. Já o brasileiro acha que o País é
formidável, mas o povo é que não presta.
Podia ser preconceito de colonizador contra antiga província. Em 1526, o xará
espanhol Sebastian Camboto chamou de "rio de prata" um estuário onde viu índios
com
prata: - "Chamaram plata um mar doce que nem sequer era mar e sim rio; além de
tudo,
o rio mais longo e inútil do universo".
Dois presidentes
Um "bateu 80% de popularidade", esta semana. O outro "caiu de 83% de
popularidade em
2003 para 57% este mês". O governo de um tem "mais de 70% de aprovação", esta
semana. O governo do outro caiu de "56% para 39% de aprovação", este mês. Um se
chama Kirchner. O outro, Lula.
Por que esta diferença tão flagrante de apoio popular entre um e outro, se os
dois
foram eleitos, há dois anos e meio, com as mesmas bandeiras de esperança?
Porque um
está cumprindo os compromissos de mudanças da campanha e não traiu, e o outro
rasgou
as promessas de mudanças e traiu.
O balanço da não traição e da traição dos dois é este: o país de um, desde a
eleição
dele, já acumulou um crescimento de 25%. E o País do outro menos de 8%: - 0,5%
em
2003, 4,9% em 2004 e entre 2,5% e 2,7% em 2005.
Kirchner não pôs fogo no paiol nem fez milagres. Apenas governou. Lula está
engolfado em um mar de lama e corrupção, sem conseguir governar.
A Argentina tem um presidente. O Brasil tem um deslumbrado desarvorado.
Dois governos
No Brasil, o próprio governo já confessa que a economia deve crescer 2,5%, no
máximo
2,7%, este ano. Lula recebeu, de Fernando Henrique, o País avassalado pelos
banqueiros, com uma dívida brutal, e a economia subjugada ao sistema
financeiro. Mas
com Kirchner foi pior. Menem e De La Rua lhe entregaram uma Argentina naufragada
pelas dívidas, literalmente no fundo do poço, onde foi jogada pela submissão
"carnal" aos Estados Unidos.
Dois anos e meio depois, da Argentina chegam, cada dia mais, notícias e números
que
mostram um país que saiu altivamente do buraco. Por quê? Porque há um
presidente e
um governo que governam para o país. De lá, na "Carta Capital", a Márcia
Pinheiro
mostra atos e números irrespondíveis.
Ambos se elegeram jurando defenderem seus países e seus povos. Mas um se chama
Kirchner e o outro Lula. Um nomeou o ministro da Economia: Lavagna. O outro
mandou
os Estados Unidos nomearem: Palocci. Na Argentina, há um governo argentino. No
Brasil, um governo norte-americano.
Dois ministros
1 - "O último lance da ousadia foi dado sexta-feira, 10, quando o ministro da
Economia, Roberto Lavagna, anunciou mais uma medida de controle de capitais
especulativos, os chamados "golondrinas" (andorinhas): "30% do dinheiro que
entrar
no país em busca de juros ou bolsa de valores ficará depositado
compulsoriamente no
banco central, sem qualquer remuneração"
2 - "Essa foi a segunda medida para frear a especulação em menos de um mês. A
primeira estendeu de 180 para 365 dias o prazo mínimo para os capitais
andorinhas
permanecerem no país. Nas restrições não estão incluídos investimentos diretos
para
a produção, operações de comércio exterior, compras de títulos públicos ou
privados
na oferta primária, ou seja, quando o tesouro ou as empresas oferecem, pela
primeira
vez, os papéis ao mercado".
3 - "Kirchner não joga para o mercado, mas para e pela economia real. O débito
de
US$ 103 bilhões, distribuído em 152 tipos de títulos, em 6 moedas diferentes,
foi
transformado em apenas 3 papéis de US$ 35 bilhões, com prazos de pagamento até
2042.
O total da dívida externa argentina recuou de US$ 188,6 bilhões para US$ 120,8
bilhões".
Dois resultados
Os resultados de haver na Argentina um governo argentino já aparecem:
1 - Desde 2003, está crescendo a mais de 8% ao ano (o Brasil, numa média de
2,5%).
No primeiro trimestre deste ano, o PIB cresceu 8,5%.
2 - A renda per capita subiu de US$ 2.813 em 2002 para US$ 4.227 (no Brasil, US$
3.976). A inflação despencou de 41% em 2002 para 8,6% (no Brasil, 8%). O
desemprego
caiu de 17,8% em 2002 para 13% (Brasil, 10,8%).