> 3) você confia bastante em - desculpe o termo super improvisado,
> acho eu não tenha nem competência pra encontrar um melhor -
> "métodos bioquímicos e estatísticos",

Piadinha: 
 
Q: How many Psychiatrists does it take to change a light bulb?
A: Only one, but the bulb has got to really WANT to change.

Eduardo: 

Eu "acredito" na capacidade de analistas (Freudianos, Jungianos, etc.) 
de fazer muito bem a seus pacientes, utilizando uma tecnica que 
eh baseada fundamentalmente em efeitos psicologicos como 
Transferencia e Contra-Transferencia.  
 
Estes efeitos nada tem diretamente a ver com manipulacoes 
quimicas ou bio-quimicas. Na verdade, estes efeitos tem grande 
similaridade com efeitos como Placebo e Nocebo.  
 
Acho que com homeopatia a coisa eh completamente diferente. 
Seu proprio discurso theorico a coloca dentro do escopo de 
experimentos estatisticos de ensaio clinico. 
 
Sorry Eduardo, but you can't have it both ways... 
 
---Julio 
 
 
 
 
 
 
 
 

> Date: Tue, 10 Apr 2012 22:47:13 -0300
> Subject: Re: [Logica-l] Homeopatia é ciência? Se funcionar, precisa ser 
> ciência?
> From: eduardoo...@gmail.com
> To: josue.touri...@gmail.com
> CC: jmst...@hotmail.com; logica-l@dimap.ufrn.br
> 
> Oi Josué,
> 
> tá, obrigado pela sua resposta - realmente eu não esperava algo tão
> detalhado, esperava algo de 5 ou 10 linhas, em outra direção
> totalmente diferente. Deixa eu ver se eu entendi direito - a partir
> das entrelinhas da sua mensagem - as coisas que eu queria saber.
> 
> 1) Pra você "homeopatia não pode funcionar" quer dizer "homeopatia
> não funciona",
> 
> 2) você não tem o menor interesse em aprender a se curar (deixa eu
> reduzir o escopo: "de doenças leves") usando placebos,
> 
> 3) você confia bastante em - desculpe o termo super improvisado,
> acho eu não tenha nem competência pra encontrar um melhor -
> "métodos bioquímicos e estatísticos",
> 
> Ao invés de eu tentar explicar o 3 eu mesmo vou pôr uma citação:
> 
> PINKER: I suspect not. In fact, the reason I'm not a
> neurobiologist but a cognitive psychologist is that I think looking
> at brain tissue is often the wrong level of analysis. You have to
> look at a higher level of organization. For the same reason that a
> movie critic doesn't focus a magnifying glass on the little
> microscopic pits in a DVD, even though a movie is nothing but a
> pattern of pits in a DVD. I think there's a lot of insight that
> you'll gain about the human mind by looking at the whole human
> behaving, thinking and reporting on his own consciousness. And that
> might be true of creativity as well. It may be that the historian,
> the cognitive psychologist and the biographer working together will
> give us more insight than someone looking at neurons and brain
> chemistry.
> 
> Ah, e como você talvez ache que vai dar pra convencer as pessoas
> pró-homeopatia da lista, lá vai a minha posição...
> 
> http://www.dimap.ufrn.br/pipermail/logica-l/2012-April/007575.html
> http://www.dimap.ufrn.br/pipermail/logica-l/2012-April/007585.html
> 
> [[]],
> Eduardo
> 
> 
> On Tue, Apr 10, 2012 at 7:05 PM, Josué Souza Tourinho Junior
> <josue.touri...@gmail.com> wrote:
> > Bom eu disse que seria a minha última resposta, mas como me fizeram
> > perguntas, estou aqui para respondê-las. É claro que a gente não pode
> > confundir "melancolia profunda" com "melancia na bunda". O caso da
> > Talidomida foi muito triste e é um dos piores da história da humanidade, mas
> > foi por causa dele, que hoje se tem uma área chamada "farmacovigilância",
> > que a indústria morre de medo, que tem em suas atribuições investigar
> > efeitos adversos relacionados a medicamentos e propor a retirada do mercado
> > deles, quando for o caso. Sim, por causa do trabalho do médico Lenz,
> > conseguiu-se pela primeira vez relacionar o uso do medicamento com o dano,
> > no caso da talidomida, a focomelia. A talidomida hoje está banida do
> > mercado. Talidomida não é placebo, tudo bem? Mas seus efeitos adversos foram
> > tão graves, numa época que não se investigava com profundidade Reações
> > Adversas a Medicamentos, que desde aquele tempo foi retirada, pois não
> > justiifcava o usos (as malformações congênitas forram severas). Mas, eu
> > poderia citar casos mais recentes: Vioxx (processos milionários nos EUA) e
> > alguns outros coxibes; Arcoxia foi restrita; Prexige retirado; Lipobay (a
> > Bayer chora até hoje suas perdas). Mas isso não significa que estatinas e
> > outros coxibes não tenham efeito anticolesterolêmico e anti-inflamatório,
> > respectivamente, ou que causam os mesmos problemas do Lipobay ou do Vioxx,
> > OK?
> >
> > No caso dos coxibes que ainda estão no mercado, a indicação é somente para
> > pacientes sem propensão a problemas renais ou cardiovasculares, ou que
> > apresenta graves lesões gástricas não podendo usar AINES. Cada molécula tem
> > a sua indicação terapêutica e seus efeitos adversos. Molécula parecida não é
> > igual, tudo bem? As ações podem ser bem diferentes, e com menos ou mais
> > efeitos adversos, por isso, é estudado os efeitos e se investiga o mecanismo
> > de ação. A segurança delas pode ser medida por uma coisa chamada Índice
> > Terapêutico - um dos parâmetros para segurança do medicamento. E o baixo
> > índice terapêutico de um fármaco não é sinônimo de retirada, pois a molécula
> > pode ter uso comprovado e indicado (ROACUTAN é usado para tratamento de
> > acne-céstico grave, porém é hepatotóxico e teratogênico - não pode ser
> > indicado para qualquer pessoa, grávida por exemplo não pode usar. E as
> > pessoas que usam ROACUTAN precisam ser acompanhadas (problemas hepáticos),
> > por isso, ROACUTAN não é para ser usado de qualquer jeito, a qualquer
> > momento, e para outras coisas... pode dar sérios problemas... Contudo, a
> > experiência clínica mostra, que quando o uso do medicamento é feito
> > corretamente, ele pode ser indicado, pois é eficaz contra a progressão da
> > acne, no caso do ROACUTAN. Não é placebo, tudo bem?
> >
> > Bem como, o alto IT de um fármaco não diz que ele não tem efeitos adversos e
> > que não se precisa acompanhar o uso do fármaco no paciente ou relatar os
> > seus efeitos adversos, caso ocorram, e como já foram descritos; mesmo com
> > indicações de uso, mecanismos e propostas terapêuticas exaustivamente
> > favoráveis. Metformina é a primeira escolha para tratamento de Diabete
> > Mellitus 2, porém causa diarreia, e há pacientes que não respondem ou deixam
> > de responder ao tratamento com Metformina, precisando-se ajustar a dose,
> > rever o tratamento, ou trocar a classe terapêutica do fármaco, ou associar
> > outro antidiabético, por exemplos sufonilureias, ou mesmo insulina. Insulina
> > é produzida pelo nosso corpo, e liberada mediante aumento de glicose
> > circulante. Embora o nosso copo controle a liberação, insulina pode causar
> > problemas (hipoglicemia também é ruim para o organismo). Por isso, os
> > análogos de insulina causam efeitos adversos: lipogênese ou hipoglicemia
> > (baixa concentração de glicose plasmática). Metformina, voltando a falar
> > dela, além de melhorar a ação da insulina, promove saciedade, então, o
> > paciente pode ter um ganho: como perda de massa corporal, diminuindo os
> > efeitos de uma obsesidade, por exemplo, fator de risco para diabetes tipo
> > II. Não é trocar o tratamento por cápsula de açúcar, que deve provocar
> > hiperglicemia (acho difícil, porque é superdiluída), e assim tratar a
> > hiperglicemia. Não é a troca por homeopatia, tudo bem?
> >
> > Além do mais, todo medicamento (de verdade) tem a sua posologia e a sua
> > indicação; o uso para outro problema se não for suportado por evidências e
> > por exames clínicos, não somente relatos, além da experiência do médico, não
> > pode ser usado para o que se deseja (pelo menos não deve). É o caso das
> > anfetaminas. E já houve congresso, médicos e a própria indústria rebatendo
> > os argumentos de retirada, para continuar a venda delas, pelo menos para os
> > pacientes que já tratavam de obesidade com as anfetaminas.
> >
> > A Anvisa foi enfática e pelos estudos farmacoepidemiológicos, em cima da
> > farmacovigilância, retirou femproporex, anfepramona e mazindol do mercado,
> > porque agravava doenças cardiovasculares, provocava dor de cabeça etc. Só
> > que no caso das anfetaminas, a indústria não é de toda culpada; o uso e a
> > prescrição estavam incorretos em muitos casos dos casos. Não era para a
> > pessoa que queria emagrecer 4 quilos para entrar no vestido antes do
> > casamento (essa pessoa poderia usar homeopatia e mudar seus hábitos de vida,
> > o mais importante, neste caso). Porém, o agravo de problemas
> > cardiovasculares em pessoas que apresentavam pré-disposição genética, não
> > justificava mais o seu uso. (Embora não seja anfetamina, o mesmo está
> > ocorrendo com a Liraglutida e eu prevejo que em breve ela vai ser pelo menos
> > dispensada mediante receita. Pois é outro antidiabético no mercado, com
> > outro efeito: aumenta a saciedade, com isso, diminui a fome; pessoas estão
> > usando Liraglutida para emagrecer - isso vai dar problema).
> >
> > As anfetaminas não são placebos, OK? Liraglutida não é anfetamina, só para
> > registrar mais uma vez. As anfetaminas têm indicação relatada e a retirada
> > delas, as citadas, foi pelos seus efeitos adversos. A indicação era (se
> > tornou) para tratamento de obesidade mórbida, pois apresentou essa eficácia
> > clínica. Obesidade é uma doença complexa, multifatorial, que envolve toda
> > integração de todo metabolismo. A Sibutramina se mostrou eficiente como
> > auxiliar ao tratamento de obesidade mórbida. Aliás, alguns pacientes obsesos
> > mórbidos só responderam ao tratamento de sua obesidade com anfetamina (não é
> > psicológico nem por causa de energia vital orgânica no corpo). A Sibutramina
> > quando foi aprovada nunca escondeu de ninguém seus efietos adversos:
> > problemas cardiovasculares, por exemplo. E ainda está no mercado (com
> > restrições), porque há pacientes que só respondem com uso de anfetamina, já
> > está evidenciado. Por isso, se investe em pesquisa de novas moléculas,
> > porque o tratamento desses pacientes, particularmente, ficou bem mais
> > restrito.
> >
> > Ufa poderia citar ene exemplos. Bom, respondendo a pergunta sobre o médico,
> > por que ele aumentou a dosagem de um fármaco aprovado pela Anvisa? Primeiro
> > porque deve existir versões de maiores concentrações. Metformina de 500 mg
> > pode ser substituída por 850 mg, quando for o caso, por exemplo, paciente
> > que não responde mais ao tratamento com 500 mg. Mais do que aumentar, o
> > paciente pode ter seu tratamento alterado com o uso de outros antidiabéticos
> > ou de insulina. Porque o paciente é alcoolista crônico e é necessário fazer
> > ajuste de dose, porque álcool em uso crônico é indutor enzimático (leia o
> > livro texto de Farmacologia de GOODMAN e GILMAN e o que se fala sobre
> > farmacocinética, praticamente um capítulo inteiro sobre o assunto, com
> > indução enzimática e inibição enzimática para medicamentos, em frações do
> > Citrocomo-P450). "Dar mais efeitos adversos" (?), você precisa explicar
> > melhor. Você quer dizer que um medicamento em concentração maior causa mais
> > efeitos adversos? Em que situação? De onde saiu essa relação? Do jeito que
> > você coloca não dá para saber exatamente o que você quer que eu responda.
> >
> > Além do mais assim como uma dosagem pode ser aumentada, ela pode ser
> > diminuída (para idosos, crianças, gestantes), ou para tratamento de
> > esquizofrenia, por exemplo, que depois de controlada, o médico pode
> > trabalhar com menos comprimidos, ou retirar alguns fármacos (por exemplo,
> > Haloperidol, geralmente não é usado para portador de esquizofrenia que tem
> > sua doença controlada). Mas não é diminuído a níveis homeopáticos, porque
> > além de não causar efeitos adversos, pode não ter efeito terapêutico.
> > Esquizofrenia não é doença que se melhora com placebo.
> >
> > Bom, quanto ao uso do termo doença grave, não é pela analogia que você fez a
> > pergunta (aliás pode ser falsa essa analogia). Devemos dizer doença grave ou
> > forma grave de uma determinada doença para descrever a maior intensidade de
> > um sintoma; temos, entre outros, os adjetivos intenso, persistente,
> > acentuado. Ex.: dor intensa, tosse persistente, cifose acentuada, etc.
> >
> > Eu não sei, mas eu posso estar errado (eu espero). Mas no fundo eu acho que
> > estão tentando me dizer assim: "você diz que alopatia funciona, mas está
> > cheia de efeitos adversos, e também causou morte, logo, por que eu devo
> > usá-la em vez de homeopatia?" Simples, porque diferente da homeopatia a
> > indicação clínica está registrada, diferente da homeopatia, assim como
> > efeitos adversos. O fato de alguns mecanismos não terem sido totalmente
> > elucidados em alguns fármacos, não desfaz o fato de que funcionou contra uma
> > doença; não significa que o mecanismo desses fármacos não serão elucidados
> > no futuro (lembra da Penicilina G do Fleming? Lembra do teste duplo cego?).
> > A homeopatia infelizmente não tem nada de seus tratamentos críveis e
> > comprovados como melhor alternativa para doenças. Médico fanático? Parece
> > até religião!
> >
> > É mais sério ainda (espero estar errado): "Se a alopatia não funciona para a
> > doença, logo a homeopatia funciona". Não, está errado! Se a alopatia não
> > funcionar clinicamente para alguma doença, você ainda precisa provar que a
> > homeopatia funciona para tratar a mesma doença (coisa que eu acho que você
> > não conseguiu ainda). Quem sabe no futuro, né? Sem tantas diluições, com
> > biodisponibilidade, e com uso do princípio ativo. Alopatia sai do mercado,
> > homeopatia não!
> >
> > O médico alopata deve ser processado? Sim, se foi comprovada negligênica,
> > imperícia, uso indevido, tratamento sem embasamento na literatura,
> > assumnindo o risco (probabilidade) maior de prejudicar o paciente. Mas no
> > Brasil eu acho difícil, é muito mais difícil provar erro médico, ou
> > negligência. Na Austrália o médico seria preso! Aqui, pode ser que alguém
> > diga: "e quem falou que homeopatia funcionava para sua doença? Descrito
> > aonde?".
> >
> > Envio um artigo anexado de farmacovigilância e farmacoepidemiologia de
> > campo.
> >
> > --
> >
> > "Há muito tempo que decidi não seguir os passos de ninguém. Se eu perder ou
> > ganhar, pelo menos foi do meu jeito". Viste também:
> > http://keepoutbox.blogspot.com
                                          
_______________________________________________
Logica-l mailing list
Logica-l@dimap.ufrn.br
http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l

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