Bem, aí você discute o modo com que se descreve a situação. Na verdade,
quando eu aventei a hipótese acima de que para eles a "independência do
país" seria uma verdade necessária, reflete justamente a ideia de que eles
pensam que o país sempre foi independente/livre. Ocorre que o fato de que
em algum momento eles comemoram a independência/libertação, é porque antes
não era independente/livre.

Há um diálogo de Platão em que a re-encarnação é explicada assim: se se
aqueceu, é porque estava frio, se se esfriou é porque estava quente, e se
morreu é porque já foi vivo, se vivo é porque já foi morto. É mais ou menos
isso: se se tornou independente/livre é porque não o era. Mas, se é
possível que antes a Holanda tenha sido não-independente, então ser
independente não é necessário, mas contingente.

Em 29 de novembro de 2012 17:22, Daniel Durante <dura...@ufrnet.br>escreveu:

> Caro Tony,
>
> Há uma resposta nada paradoxal à questão que você coloca: os holandeses
> podem ter lutado para CONTINUAREM livres e independentes da Espanha!!
> Aliás, não é tão simples assim decidir sobre estes assuntos. A França foi
> ou não foi colônia da Alemanha na época da II guerra?
>
> Abraço,
> Daniel.
>
>
>
> On 29-11-2012 12:00, logica-l-requ...@dimap.ufrn.br wrote:
>
>> Subject:
>> [Logica-l] Paradoxo da Independência Holandesa
>> From:
>> Tony Marmo <marmo.t...@gmail.com>
>> Date:
>> 28-11-2012 12:42
>>
>> To:
>> Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de
>> LOGICA <logica-l@dimap.ufrn.br>
>>
>>
>>
>>   Caros Participantes
>>
>>
>>
>> Essa é uma experiência que eu observei de perto. Pessoas que aceitam como
>> verdadeira uma proposição A, mas rejeitam simultaneamente a implicação
>> tautológica A=>(B=>A) e inferir por modus ponens que B=>A, mesmo quando há
>> uma relação de relevância entre A e B.
>>
>>
>>
>> A situação é a seguinte: numa cidade da Holanda, todos os anos, no mês de
>> outubro, comemora-se a resistência dos habitantes, num cerco, contra
>> tropas
>> de Espanha pela independência, também dita libertação, da Holanda.
>> Pergunte-se a um holandês “independência ou libertação do quê?” e ele
>> responde normalmente “da Espanha”. Mas, em seguida tente tirar alguma
>> ilação disso, tal como “se a Holanda se tornou independente da Espanha,
>> então antes a Holanda era colônia da Espanha?” Automaticamente o mesmo
>> holandês dirá “jamais”. Pergunte, então “era província da Espanha?” O
>> mesmo
>> holandês dirá “evidentemente que não”. Tente reformular uma vez mais a
>> pergunta: “era possessão espanhola?” “Não mesmo”, dirá o holandês. Tente
>> mais uma: “digamos então que a Holanda fazia parte da Espanha?” E o
>> holandês: “Nunca fez, que absurdo!” Pela última vez, experimente mais uma
>> reformulação da pergunta: “os espanhóis haviam invadido, dominado ou
>> anexado a Holanda?” E o holandês sentenciará: “aha, eles que tentassem!”
>>
>>
>>
>> Eu várias vezes tentei colocar a questão para alguns na forma da
>> implicação:
>>
>>
>>
>> [1] Se a Holanda lutou para se tornar independente da Espanha, então o
>> fato
>> da Holanda ter pertencido à Espanha implica que ela lutou para se tornar
>> independente.
>>
>>
>>
>> Mesmo mostrando o raciocínio que teria de existir uma vez aceite a
>> proposição “a Holanda lutou para se tornar independente da Espanha” e
>> mesmo
>> havendo uma conexão de relevância entre esta proposição e “o fato da
>> Holanda ter pertencido à Espanha”, os holandeses tinham dificuldade de
>> entender o raciocínio, dado que a ideia do país deles não ter sido
>> independente é completamente repugnante. É como se “a independência da
>> Holanda” fosse uma verdade que não pudesse ter nem premissa nem
>> consequência.
>>
>>
> ______________________________**_________________
> Logica-l mailing list
> Logica-l@dimap.ufrn.br
> http://www.dimap.ufrn.br/cgi-**bin/mailman/listinfo/logica-l<http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l>
>
_______________________________________________
Logica-l mailing list
Logica-l@dimap.ufrn.br
http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l

Reply via email to