Caro Tony,

Há de se compreender melhor os limites do uso da lógica. Não vejo que este
caso que você apresenta consista em um paradoxo, no sentido estrito.

Para o senso comum, uma implicação entre dois eventos consiste em um
sentença condicional ("Se A, então B") e uma relação de causalidade ("A foi
causado por B"). Ou seja, Implicação = condicional + causalidade. Acontece
que a lógica proposicional é insuficiente para dar conta do segundo
aspecto, pois trata-se de uma questão mais complexa do que a mera
construção de uma tabela de verdade.

Penso que talvez seja esta a razão de seu interlocutor aceitar:

A = "A Holanda lutou para se tornar independente da Espanha",

e rejeitar

"B => A" = "Se a Holanda pertenceu à Espanha, então a Holanda lutou para se
tornar independente da Espanha"

e consequentemente também rejeitar,

"A =>(B=>A)"

O interlocutor nega a relação causal entre os eventos A e B. Neste sentido,
são dois eventos logicamente distintos e apenas causalmente contigentes.

Abs,
Renato


Em 28 de novembro de 2012 13:42, Tony Marmo <marmo.t...@gmail.com> escreveu:

>  Caros Participantes
>
>
>
> Essa é uma experiência que eu observei de perto. Pessoas que aceitam como
> verdadeira uma proposição A, mas rejeitam simultaneamente a implicação
> tautológica A=>(B=>A) e inferir por modus ponens que B=>A, mesmo quando há
> uma relação de relevância entre A e B.
>
>
>
> A situação é a seguinte: numa cidade da Holanda, todos os anos, no mês de
> outubro, comemora-se a resistência dos habitantes, num cerco, contra tropas
> de Espanha pela independência, também dita libertação, da Holanda.
> Pergunte-se a um holandês “independência ou libertação do quê?” e ele
> responde normalmente “da Espanha”. Mas, em seguida tente tirar alguma
> ilação disso, tal como “se a Holanda se tornou independente da Espanha,
> então antes a Holanda era colônia da Espanha?” Automaticamente o mesmo
> holandês dirá “jamais”. Pergunte, então “era província da Espanha?” O mesmo
> holandês dirá “evidentemente que não”. Tente reformular uma vez mais a
> pergunta: “era possessão espanhola?” “Não mesmo”, dirá o holandês. Tente
> mais uma: “digamos então que a Holanda fazia parte da Espanha?” E o
> holandês: “Nunca fez, que absurdo!” Pela última vez, experimente mais uma
> reformulação da pergunta: “os espanhóis haviam invadido, dominado ou
> anexado a Holanda?” E o holandês sentenciará: “aha, eles que tentassem!”
>
>
>
> Eu várias vezes tentei colocar a questão para alguns na forma da
> implicação:
>
>
>
> [1] Se a Holanda lutou para se tornar independente da Espanha, então o fato
> da Holanda ter pertencido à Espanha implica que ela lutou para se tornar
> independente.
>
>
>
> Mesmo mostrando o raciocínio que teria de existir uma vez aceite a
> proposição “a Holanda lutou para se tornar independente da Espanha” e mesmo
> havendo uma conexão de relevância entre esta proposição e “o fato da
> Holanda ter pertencido à Espanha”, os holandeses tinham dificuldade de
> entender o raciocínio, dado que a ideia do país deles não ter sido
> independente é completamente repugnante. É como se “a independência da
> Holanda” fosse uma verdade que não pudesse ter nem premissa nem
> consequência.
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