Ola a todos,

Estou gostando muito da discussao e em especial do argumento do Rodrigo 
contra o estruturalismo, que me fez pensar bastante no assunto.

Considere a estrutura com dois indivíduos a e b e a relação binária {(a,b) 
> , (b,a)}. Os indivíduos a e b desempenham o mesmo papel (de estar na 
> relação com o outro). Como poderíamos dizer que a e b são meros papeis 
> desempenhados se parece que só há um papel desempenhado nessa estrutura? É 
> desse modo que entendo o problema, e considero um bom argumento contra o 
> slogan estruturalista.


Pelo ponto de vista estruturalista, como observa o Rodrigo, objetos sao 
definidos exaustivamente por meio de seus papeis na estrutura. Mas qual 
seria o criterio de identidade de duas estruturas? Acredito que o 
estruturalista iria dizer que duas estruturas sao identicas quando ha um 
isomorfismo entre elas, o que me parece bastante plausivel. Temos entao, 
digamos,

(R) a estrutura com dois indivíduos a e b e a relação binária {(a,b) , 
(b,a)}
(R') a estrutura com um indivíduo a e a relação binária {(a,a)}

para um estruturalista (R) e (R') nao seriam a mesma estrutura? Em outras 
palavras, nao haveria como falar de diferentes objetos com o mesmo papel. 

Isso faz algum sentido?

Abracos,
Bruno

--
Bruno Bentzen
https://sites.google.com/site/bbentzena/

On Wednesday, February 20, 2019 at 5:02:09 PM UTC-5, Rodrigo Freire wrote:
>
> Olá João 
>
> Esse argumento é contra a posição estruturalista. Vou tentar esclarecer 
> isso primeiro, depois volto à sua questão. 
>
> O estruturalista pretende inverter a ordem de dependência entre as 
> estruturas e seus indivíduos. Na ordem usual, as estruturas são obtidas a 
> partir dos indivíduos. O estruturalista propõe o contrário. 
>
> Para ser consequente com sua concepção de dependência, o discurso 
> estruturalista deveria idealmente eliminar referência direta aos 
> indivíduos, e se referir a eles por meio da estrutura. A estratégia 
> estruturalista para realizar isso é a seguinte: 
>
> Em uma estrutura, um indivíduo a desempenha um papel determinado p(a). 
> Podemos inverter isso e fazer referência ao indivíduo a através de p(a). 
> Sempre que quisermos falar de a falamos de p(a) no lugar, e p(a) é 
> puramente estrutural. 
>
> O problema é que em algumas estruturas há menos papéis que indivíduos, há 
> indivíduos a e b tais que p(a) é p(b). Nesse caso a estratégia 
> estruturalista falha por ambiguidade. 
>
> Voltando a sua questão. O estruturalista certamente acredita que não vale 
> a pena falar em indivíduos como entidades separadas, mas ele tem o problema 
> de explicar como exatamente eliminar os indivíduos. O que o argumento 
> apresentado ataca é exatamente a explicação estruturalista de como eliminar 
> esse discurso sobre indivíduos como entidades separadas. Não é um argumento 
> que diz que todo o ponto de eliminar indivíduos deve ser abandonado, apenas 
> que essa explicação em termos de papel desempenhado não funciona. 
>
> Abraço 
>
>
>
> Em 20 de fev de 2019, à(s) 17:40, Joao Marcos <boto...@gmail.com 
> <javascript:>> escreveu: 
>
> > Rodrigo, eu certamente li mal a moral que você extraiu do seu próprio 
> > argumento "anti-estruturalista" na mensagem anterior, mas no contexto 
> > do que havia dito Daniel eu achei que você havia na realidade 
> > apresentado um argumento A FAVOR do slogan estruturalista, a saber: 
> > como não haveria um critério de individuação adequado, na _estrutura_ 
> > sugerida por Daniel, simplesmente _não valeria a pena_ falar em 
> > indivíduos como entidades separadas, mas apenas no seu papel na 
> > estrutura! (no caso em tela, um único papel para todos os indivíduos) 
> > 
> > O que haveria de errado em tal leitura? 
> > 
> > ### 
> > 
> > De uma maneira ou de outra vale apontar que, na estrutura apresentada, 
> > pode até não haver critérios de identidade úteis, mas há claramente 
> > critérios de "separação" (apartness) entre indivíduos, dados pela 
> > própria relação de ordem estrita. 
> > 
> > ### 
> > 
> > JM 
> > 
> >> On Wed, Feb 20, 2019 at 4:25 PM Rodrigo Freire <freir...@gmail.com 
> <javascript:>> wrote: 
> >> 
> >> Olá Daniel, 
> >> 
> >> Se há dois indivíduos e apenas um papel, não podemos dizer que um 
> indivíduo *é* um papel na estrutura. Se fossem, não poderiam ser dois. 
> Podemos dizer, claro, que eles desempenham o mesmo papel, que esse papel 
> exige outro, etc, mas não podemos usar a fórmula indivíduo = papel 
> desempenhado. Falta dizer o que os indivíduos são para o estruturalista. 
> >> 
> >> A mesma coisa acontece na estrutura da ordem dos racionais Q, ou dos 
> inteiros Z ou dos reais R. Há uma infinidade de indivíduos e apenas um 
> papel. Não podemos dizer que os indivíduos *são* papeis nessas estruturas, 
> porque só há um papel e muitos indivíduos. Os indivíduos não podem *ser* a 
> mesma coisa e, ao mesmo tempo, distintos entre si. 
> >> 
> >> Abraço 
> >> Rodrigo 
> >> 
> >> 
> >> 
> >> 
> >> 
> >> 
> >> 
> >>> On Wed, Feb 20, 2019 at 2:15 PM 'Daniel Durante' via LOGICA-L <
> logi...@dimap.ufrn.br <javascript:>> wrote: 
> >>> 
> >>> Caros Rodrigo e João, 
> >>> 
> >>> Obrigado pelas respostas. Obrigado pela demonstração, Rodrigo! 
> >>> 
> >>> Sobre o argumento contra o estruturalismo: 
> >>> 
> >>>> Considere a estrutura com dois indivíduos a e b e a relação binária 
> {(a,b) , (b,a)}. Os indivíduos a e b desempenham o mesmo papel (de estar na 
> relação com o outro). Como poderíamos dizer que a e b são meros papeis 
> desempenhados se parece que só há um papel desempenhado nessa estrutura? É 
> desse modo que entendo o problema, e considero um bom argumento contra o 
> slogan estruturalista. 
> >>> 
> >>> Eu acho um ponto interessante, Rodrigo, mas não uma refutação do 
> estruturalismo. O estruturalista poderia argumentar que, apesar de ser 
> verdade que há 2 indivíduos e apenas 1 papel nesta estrutura, este papel 
> único EXIGE um outro indivíduo. O papel único desta estrutura é estar em 
> relação com algo distinto de si próprio. Então este papel é único, mas para 
> ser cumprido (realizado, efetuado,...) por um certo indivíduo, este papel 
> demanda outro indivíduo. E esta demanda pode ser entendida como a marca da 
> prioridade da estrutura sobre os indivíduos. Acho que o estruturalista não 
> elimina os indivíduos, mas apenas os submetem aos papéis que eles ocupam 
> nas estruturas matemáticas. Os indivíduos (o número 7, por exemplo) não 
> teriam independência ontológica. A realidade dos indivíduos seria dada 
> exclusivamente pelos papéis que eles ocupam. Para o estruturalista o número 
> 7 não é uma coisa, mas um papel específico dado por sua posição em uma 
> progressão. 
> >>> 
> >>> Abraços, 
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